Os jornais enfrentam desafios extraordinários nos últimos tempos. A expansão da internet e das tecnologias digitais, as profundas mudanças estruturais da economia, as transformações culturais e a crise que toma a Educação são alguns componentes que temperam a sobrevivência das organizações jornalísticas, sejam elas de grande ou pequeno porte.
Em meio a esse turbilhão, os segmentos bolsonaristas amplificam os ataques aos jornais, em especial àqueles críticos do governo de plantão. Diariamente, a seção Correio do Leitor, do Correio Popular, recebe cartas com severas críticas a quem não reza pela cartilha do presidente da República. E insistem em apontar o dedo para jornais e jornalistas como se fossem os algozes de um presidente que combate o sistema e os comunistas.
Nessa terça-feira, 16, foi comemorado o Dia do Repórter. Esse profissional abre portas, traz à luz informações e fatos que nem sempre muitos os querem expostos, questiona os poderosos e mantém o diálogo entre o cidadão e os governantes.
E foi nessa data que o presidente Jair Bolsonaro mais uma vez se dirigiu ao seus apoiadores para dizer que os jornais impressos deveriam ser tirados de circulação. O motivo seria a decisão do Facebook em restringir postagens que infringem as regras da rede social. Os adeptos do bolsonarismo estavam postando imagens sobre os protestos contra os impostos sobre combustíveis e as enviando às páginas do presidente. Ocorre que, como é evidente, muitas postagens são tachadas de fakenews, pois são embaladas como notícias cujo conteúdo é falso, improcedente, e tem a finalidade de provocar distúrbios ou difamar adversários.
Aí a diferença entre os adeptos das fakenews e os repórteres; entre as bolhas da internet nas redes sociais e os jornais. A imprensa periódica é protagonista da modernidade e chega até os dias de hoje como elemento central na sustentação das democracias e do Estado de Direito. Sem ela, os enormes avanços civilizatórios nos últimos cinco séculos dificilmente proporcionariam a expansão dos direitos à liberdade, à dignidade, à cidadania, enfim.
Apregoar o fechamento dos jornais impressos, mesmo com toda a crítica possível de ser feita a eles, é um desserviço à sociedade. Sem a leitura do texto impresso, muito se perde na capacidade do cidadão se informar e compreender a complexidade do universo social. E o jornalismo tem por missão expor essa sociedade em toda a sua complexidade e contradição.