Tombado no final o ano passado, o antigo prédio da Companhia Brasileira de Entrepostos e Comércio (Cobec) está sendo submetido a um processo crescente de abandono. Considerado um dos primeiros prédios industriais de Campinas, o edifício localizado na Rua da Constituição, na região central, ao lado da Avenida Governador Pedro de Toledo, sofre com a deterioração e a falta de manutenção por parte do poder público. Moradores que vivem próximo do local afirmam que o prédio não recebe cuidados há pelos menos duas décadas. A reportagem do Correio Popular conseguiu acesso a áreas internas do local e constatou a precariedade das instalações. Sujeira, rachaduras e infiltrações no teto e na parede, fios e inúmeros imóveis espalhados pelo no chão foram apenas alguns dos problemas encontrados. Fora das instalações, o abandono também persistem, com vidros e janelas quebradas, paredes pichadas e lixo acumulado por toda extensão da calçada. Construído em 1938, o prédio é o primeiro edifício industrial da cidade. Ao todo, ele possui dois galpões separados por uma edificação central de seis pavimentos. O local foi desenvolvido com quatro pavimentos e dois galpões laterais, compondo uma espécie de torre central. O edifício é administrado pelo Governo Federal, mas está sendo negociado pela Prefeitura para ficar com o Município, desde o final do ano passado, dentro de um contrato de comodato. A reportagem entrou em contato com o Governo Federal para saber se há algum projeto de revitalização do prédio, mas até o fechamento desta edição, nenhuma resposta havia sido encaminhada. Moção Os vereadores da Câmara Municipal de Campinas aprovaram na última segunda-feira, uma moção de apoio a restauração do antigo prédio da Cobec. O documento, de autoria do vereador Gustavo Petta (PC do B), foi enviado a Casa Civil. De acordo com o parlamentar, a moção tem como objetivo alertar a União sobre a situação precária do edifício. "A gente quer que o espaço seja cuidado e revitalizado, porque hoje ele está abandonado e sendo utilizado por usuários de drogas" , disse Petta. Problema recorrente A falta de manutenção de prédios e patrimônios tombados em Campinas não se restringe somente ao antigo edifício da Cobec. Entre fachadas destruídas, paredes pichadas, deterioração pela ação do tempo e por vândalos, o município vai perdendo, nas ruínas, boa parte de sua história a cada dia. Segundo um levantamento da Coordenadoria Setorial do Patrimônio Cultural (CSPC), o tamanho do passivo é grande: mais de 70% dos imóveis tombados como patrimônio cultural da cidade estão em estado razoável ou ruim de conservação, viraram ruínas ou foram demolidos. O levantamento, que vem sendo realizado desde 2018 pelos técnicos da CSPC, Sandra Milne-Watson e Augusto Bueno da Silva, mostrou que dos 582 imóveis avaliados, apenas 172 estão restaurados ou em bom estado de conservação. Além disso, o estudo mostro que todos os 410 monumentos que não apresentam boas condições, sem exceção, precisam de uma intervenção urgente do poder público. Em dezembro do ano passado, o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) deu início a um levantamento das edificações das indústrias que existiam na cidade no começo do século 20, com o objetivo de preservar o que ainda resta do processo de industrialização do período.