O que era para ser um desentendimento banal e poderia ter sido resolvido mediante diálogo acabou em tragédia, com dois irmãos assassinados a tiros, no sábado, e um final de carreira melancólico para um agente penitenciário de 67 anos de idade, dos quais 35 anos de serviços prestados, e que aguardava a publicação de sua aposentadoria. O caso de duplo homicídio aconteceu no Jardim Nova América, em Hortolândia, bairro onde morava uma das vítimas e o acusado pelo crime, que deixou a cidade e permanece foragido.
Som alto
Segundo informações de testemunhas, o crime aconteceu após um desentendimento entre vizinhos por causa de som alto. O ajudante de pedreiro Clécio Ferreira de Lima estava com o irmão, Adelmo, que também mora na cidade, no Jardim Nova América, tomando cerveja e ouvindo som na calçada, em frente à sua residência.
O vizinho, acusado do crime, ficou incomodado com o barulho e chegou a iniciar uma discussão com os irmãos Ferreira de Lima. Não há testemunha que confirme exatamente o motivo exato da acalorada briga que levou o agente penitenciário, em vias de se aposentar, a ir armado na frente da casa vizinha e disparar três vezes contra as vítimas.
Adelmo foi atingido mortalmente no local e o irmão, Clécio, também foi ferido e socorrido por uma equipe do Serviço de Assistência Móvel de Urgência (Samu), sendo conduzido ao Hospital Municipal Mário Covas, onde chegou morto.
Segundo testemunhas, na sequência do duplo homicídio, o autor dos disparos deixou o bairro dirigindo seu carro, sozinho, sem demonstrar qualquer pressa, como se nada tivesse feito.
Moradores do local afirmam que o acusado já havia ameaçado outros moradores com a arma e que a convivência era difícil com ele no bairro.
Até ontem, segundo a polícia, não havia a informação de que o agente penitenciário tenha se apresentado, e sua condição é a de foragido.
Os irmãos Adelmo Ferreira de Lima, 39 anos, e Clécio Ferreira de Lima, 36, foram sepultados ontem no Cemitério Parque Hortolândia. O caso foi registrado no Plantão Policial.
A Polícia Civil investiga o crime e a Secretaria Administração Penitenciária (SAP) apura o caso administrativamente.
SAP
Em nota, a SAP informou que o agente de segurança penitenciária estava afastado do trabalho, na Penitenciária II de Hortolândia, aguardando a publicação da sua aposentadoria. Foi informado ainda sobre a determinação de instauração de apuração administrativa preliminar e que o agente acusado está sujeito às penalidades impostas pela legislação, sem prejuízo das consequências advindas do processo criminal.
Segundo informações, o agente prestava serviços desde o início dos anos 80 e já trabalhou em outras unidades prisionais da Região Metropolitana de Campinas (RMC) e de outras regiões do estado de São Paulo, como em Franco da Rocha.