Movimento diante de loja de Campinas: entre os comerciantes, o clima ainda não é de muito otimismo (Leandro Torres/AAN)
Ainda que muito distante de seus melhores dias, o faturamento do comércio no Dia das Mães deste ano ao menos deve ter o maior crescimento na Região Metropolitana de Campinas (RMC) desde 2014. Estimativa da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic) aponta que as vendas no varejo para a data devem bater a marca de R$ 640,2 milhões — R$ 443,9 milhões só em Campinas. A alta é de 3,65% em relação ao mesmo período em 2017. A última vez que o comércio teve elevação nas vendas maior que a atual foi em 2014, quando houve crescimento de 6,67% se comparado ao ano anterior. Nos anos seguintes, a crise econômica do Brasil refletiu diretamente na procura por presentes para as mães, com altas tímidas em 2015 (2,89%) e 2017 (2,45%), ambas abaixo da inflação, e até queda nas vendas, em 2016 (-5,1%). Segundo o economista e diretor da Acic, Laerte Martins, o Dia das Mães é a segunda melhor data do ano para o comércio, atrás apenas do Natal. Ele lembra que a previsão de aumento no faturamento neste ano supera a inflação em cerca de 0,6%, o que mostra que o setor volta a estar aquecido, mesmo que com vendas bem abaixo de outras épocas. “A expectativa de vendas para o Dia das Mães sempre foi positiva, mas nos últimos anos vinha sendo um pouco abaixo do esperado. A questão é o tamanho do crescimento. Em condições normais os números chegariam de 6 a 8%, mas agora com a melhoria no nível de emprego e a inflação e os juros em baixa, há um estímulo maior para as pessoas voltarem às compras”, comenta Martins. Sem otimismo Entre os comerciantes, o clima ainda não é de muito otimismo. O Correio esteve no Centro de Campinas na última semana e constatou um desânimo dos vendedores. Ricardo Malta é gerente de uma loja de roupas na Rua 13 de Maio e lembra que no ano passado chegou a contratar dois funcionários temporários para o mês que antecedeu o Dia das Mães, mas neste ano não conseguirá reforçar a sua equipe. “Em outros anos costumávamos contratar mais pessoas, porque a procura era bem maior. Mas de um tempo para cá houve uma queda. Até temos um respiro nas vendas quando chega uma data como esta, mas só na semana anterior mesmo. O povo sempre deixa para a última hora”, diz. Para Sabrina Rossi, gerente de uma loja de utilidades domésticas, também na 13 de Maio, não só a crise justifica a queda nas vendas na região central. “Houve uma mudança de hábitos. As pessoas estão procurando mais itens eletrônicos para presentear as mães, isso fez com que nosso movimento e número de clientes tenham caído mesmo com os preços baixos”, explica.