Pesquisa divulgada ontem pela Fundação Seade aponta um nível de desigualdade social muito alto na Região Metropolitana de Campinas (RMC): enquanto 7,4% da população, ou 200 mil pessoas vivem em condições de baixíssima vulnerabilidade social, há 300 mil (11,1%) que estão extremamente vulneráveis.Em Campinas a desigualdade também é alta; há 165,8 mil (15,4% da população) em áreas de baixíssima vulnerabilidade enquanto 141 mil (13,2%) vivem excluídos, com condições de moradia e saneamento precárias, não possuem emprego e têm baixa escolaridade.
Há dez anos, a diferença era maior: 17,9% da população vivia bem enquanto 16,3% era excluída. Na década caiu o número de excluídos, mas também dos que vivem em situação de baixíssima vulnerabilidade, perpetuando a desigualdade.
Mesmo com tanta desigualdade, a região de Campinas tem o menor índice de pessoas em áreas de alta vulnerabilidade urbana entre as regiões metropolitanas paulistas e fica atrás somente da região de São Paulo em baixíssima vulnerabilidade.
Em Campinas, a desigualdade social vive lado a lado, em muitas situações. Caso, por exemplo, da favela da Vila Brandina, rodeada de casas de alto padrão e condomínios. Ou da favela do Cafezinho, onde basta atravessar a Rodovia D. Pedro I para ver a vizinhança de alta renda que mora do outro lado.
Vulnerabilidade e risco social são sinônimos de pobreza, porém, uma é consequência da outra, uma vez que a vulnerabilidade, segundo a Fundação Seade, é que coloca as pessoas em um risco social. A pobreza dessas pessoas é medida através da linha de pobreza, que é definida através dos hábitos de consumo das pessoas, o valor equivalente a meio salário mínimo.
O principal conceito é que uma pessoa está em vulnerabilidade social quando ela apresenta sinais de desnutrição, condições precárias de moradia e saneamento, não possui família, não possui emprego, e esses fatores compõe o risco social, ou seja, é um cidadão, mas ele não tem os mesmos direitos e deveres dos outros.
O Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IVS) leva em conta as condições de vida da população em relação a renda, escolaridade, saúde, condições de inserção no mercado de trabalho, o acesso aos serviços e as oportunidades de mobilidade social. Contam pontos, a renda média domiciliar, a idade média dos responsáveis pelo domicílio, responsáveis pelo domicílio com menos de 30 anos, mulheres jovens responsáveis pelo domicílio, e crianças de zero a 5 anos. Campinas concentra, em termos relativos, cerca de 13% da população em áreas de alta e muito alta vulnerabilidade.
Setores urbanos
O contingente residindo em setores urbanos de muito alta vulnerabilidade era de aproximadamente 80 mil pessoas, equivalendo a cerca de 91% da população residente.
A análise das condições de vida de Campinas mostra que a renda domiciliar média era, em 2010, de R$ 3,5 mil, sendo que em 9,9% dos domicílios não ultrapassava meio salário mínimo per capita. Em relação aos indicadores demográficos, a idade média dos chefes de domicílios era de 47 anos e aqueles com menos de 30 anos representavam 14,3% do total.
Dentre as mulheres responsáveis pelo domicílio 14,8% tinham até 30 anos, e a parcela de crianças com menos de seis anos equivalia a 7,2% do total da população.
Fundação Seade
Segundo a diretora executiva da Fundação Seade, Maria Helena Castro, o Índice pretende oferecer ao gestor público e à sociedade uma visão mais detalhada das condições de vida do seu município, com a identificação e a localização espacial das áreas que abrigam os segmentos populacionais mais vulneráveis à pobreza.
Este objetivo é alcançado por meio de uma tipologia de situações de vulnerabilidade que considera, além dos indicadores de renda, outros referentes à escolaridade e ao ciclo de vida familiar, identificando áreas geográficas segundo os graus de vulnerabilidade de sua população residente.