Prazo está previsto no cronograma do empreendimento; no mesmo mês, será apresentado o projeto executivo e os pedidos de licença para a obra
Trem Intercidades que ligará Campinas e São Paulo está previsto para começar a circular em junho de 2031; com tarifa de R$ 64, ele percorrerá os 101 km entre as estações Cultura e Barra Funda em 64 minutos (Kamá Ribeiro)
As desapropriações para a construção do Trem Intercidades (TIC) São Paulo-Campinas (Eixo Norte) começarão em dezembro, quando será apresentado o projeto executivo e os pedidos de licença para a obra. Os prazos estão previstos no cronograma do empreendimento, um investimento de R$ 14,2 bilhões a ser implantado através de uma parceria público-privada (PPP) entre o governo do Estado e o consórcio sino-brasileiro C2 Mobilidade sobre Trilhos, vencedor da licitação internacional. Após a assinatura do contrato no último dia 29, em Campinas, a empresa formada pelo grupo brasileiro Comporte Participações S.A. e a estatal chinesa CRRC Hong Kong Co. Limited está na fase de elaboração do projeto, que deverá ser concluído em cinco meses.
Cronograma prevê início da construção em junho de 2025
O cronograma estabelece o início da construção em junho de 2025, com o primeiro novo serviço do TIC Eixo Norte entrando em operação quatro anos depois. Será o Trem Intermetropolitano (TIM), que em uma primeira etapa fará a ligação ferroviária de passageiros entre Campinas e as estações Barra Funda e Luz, na Capital, através de uma baldeação (troca de composição) com a linha 7-Rubi, em Jundiaí. Ele marcará a retomada desse modal em Campinas, que deixou de operar quando saiu o último trem com destino a Bauru em 2001.
A partir das paradas em São Paulo, os passageiros terão a opção de seguir para outros locais através de conexão com o metrô ou ônibus. A 7-Rubi é atualmente operada pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e será assumida pela C2 Mobilidade sobre Trilhos em 12 meses. A transferência para a iniciativa privada, prevista na concorrência pública, estabelece a obrigatoriedade de modernização da linha. O TIM, com tarifa cheia de R$ 14,60, sairá da Estação Cultura (antiga Fepasa), no Centro de Campinas, com paradas em Valinhos, Vinhedo, Louveira e Jundiaí. O Intermetropolitano, que terá velocidade comercial de 80 km/h, utilizará os ramais ferroviários já existentes, com o transporte de carga sendo transferido para outra linha a ser construída pela operadora do serviço. A viagem de 44 km será feita, de ponta a ponta, em 33 minutos, com intervalo de 15 minutos entre as partidas nos horários de pico.
Já o serviço expresso TIC São Paulo-Campinas deverá começar a circular em junho de 2031. Com tarifa de R$ 64, ele percorrerá os 101 km entre as estações Cultura e Barra Funda em 64 minutos. Considerado de média velocidade, o serviço circulará a até 140 km/h, prometendo ser o trem mais rápido em operação no país. O Intercidades terá capacidade para 840 passageiros sentados, com o serviço também tendo intervalo de 15 minutos nos períodos de pico. A ligação entre São Paulo e Campinas terá apenas uma parada intermediaria, em Jundiaí. O TIC usará o mesmo ramal do TIM até Jundiaí, de onde seguirá para São Paulo em uma linha totalmente nova e exclusiva. Os três serviços do Eixo Norte serão operados com trens elétricos.
RETOMADA DA MALHA
O período de concessão do TIC é de 30 anos, com o empreendimento gerando 10,5 mil empregos diretos, indiretos e induzidos durante a implantação. Do investimento previsto, o governo paulista entrará com R$ 8,95 bilhões. A outra parcela é de responsabilidade do consórcio C2 Mobilidade sobre Trilhos. A administração prevê ainda destinar R$ 255 milhões anuais para garantir a prestação do serviço. Segundo o governo, a participação do ente público é necessária para garantir o equilíbrio econômico financeiro do contrato.
O TIC entre Campinas e a Capital faz parte do programa “São Paulo nos Trilhos”, que prevê utilizar quase 2 mil quilômetros de ferrovias não utilizadas no Estado. São 40 projetos ao todo, com previsão de gerar investimentos de aproximadamente R$ 194 bilhões entres trens intercidades e metropolitanos, metrô, monotrilhos e Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs).
Duas linhas desse último modal estão previstas para Campinas, que serão integrados ao TIC. Uma será até o Aeroporto Internacional de Viracopos, e a outra ligará o município, Hortolândia e Sumaré. O investimento previsto é de R$ 2,6 bilhões. Atualmente, o governo estadual realiza os estudos do projeto. O edital de concorrência pública para construção do Veículo Leve sobre Trilhos, por meio do modelo de parceria público-privada (PPP), está previsto para ser lançado no início de 2026, com a realização de leilão no ano seguinte.
O governo prevê implantar o transporte ferroviário de passageiros entre as principais cidades do Estado. O próximo Trem Intercidades será o São Paulo-Sorocaba, com a licitação prevista para o ano que vem. Também estão em desenvolvimento as ligações entre a capital e Santos e também com São José dos Campos. A partir da implantação dessas linhas, o próximo passo será a integração entre as cidades do interior. “A ideia é aproveitar o máximo possível dos trilhos existentes”, explicou o secretário estadual de Parcerias em Investimentos, Rafael Benini.
Ele revelou planos para ligar Campinas a outros três municípios: Sorocaba (através do antigo traçado da Estrada de Ferro Sorocabana), Ribeirão Preto (utilizando o ramal da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro) e Araraquara (antiga Estrada de Ferro Araraquara). A proposta é permitir ainda a viagem para outros destinos a partir de baldeações. Além das opções em São Paulo, também haverá em Sorocaba, onde a ideia é que sejam criadas conexões para Bauru, Presidente Prudente e Presidente Venceslau (também usando as linhas da EF Sorocabana).
De acordo com o secretário, a retomada de muitos ramais exigirá a rebitolação, com a largura dos trilhos passando de 1 para 1,60 metro. “Hoje as grandes concessões de ferrovias do Brasil preferem usar o que chamamos de bitola larga, que a diferença é (ter) 1,60 metro”, afirmou Benini. “A ideia é justamente aproveitar que já temos uma malha ferroviária e aproveitá-la para construir um transporte de passageiros que atenda a população”, completou.
Essa é a proposta para o VLT de Campinas, com a reutilização de 22 km de linha férrea existente até Viracopos. O serviço deverá seguir pela Avenida Lix da Cunha, usando a linha desativada da antiga Companhia Mogiana de Estrada de Ferro, e passará pelos distritos de Campo Grande e Ouro Verde, sendo uma nova opção de transporte para as duas regiões, que concentram cerca de 240 mil habitantes, população equivalente a 21% do total de Campinas – 1,13 milhão de pessoas. Já o VLT para Hortolândia e Sumaré deverá ser construído dentro da faixa de domínio da linha férrea já existente usada para transporte de carga.
“Nós estamos investindo em transporte de massa, que está chegando atrasado em Campinas. Isso já deveria ter sido feito”, afirmou Benini. As novas linhas serão uma opção de ligação entre os destinos, que hoje se restringe ao sistema rodoviário e apresenta problemas. Tanto a Rodovia Santos Dumont (SP-75), que liga a Viracopos, quanto a Rodovia Jornalista Francisco Aguirre Proença (SP-101), de acesso a Sumaré e Hortolândia, têm congestionamentos nos horários de pico. As futuras linhas de VLT têm prazo estimado de oito anos para construção e deverão gerar cerca de 3 mil empregos.
Siga o perfil do Correio Popular no Instagram.