Campinas realiza hoje a 18ª edição do mutirão de combate à dengue em 11 bairros localizados na região de Viracopos; por conta da proximidade com o aeroporto, operação de vistoria nas ruas e residências será efetuada sem o uso de drones (Alessandro Torres)
A Região Metropolitana de Campinas (RMC), composta por 20 cidades, chegou a 65 óbitos por dengue. Pelo Painel de Monitoramento de Dengue do Estado de São Paulo, os dois últimos casos foram registrados em Itatiba, que acumula agora seis mortes, e Cosmópolis, com a primeira vítima fatal. A região totaliza 151.646 notificações positivas da doença, 3.040 casos com sinal de alarme, 225 graves e ainda 115 mortes em investigação. Em Campinas, o mosquito Aedes aegypti já infectou 101.175 pessoas com a doença e matou 30.
Em Cosmópolis, que tem 1.392 casos, quatro com sinal de alarme e um grave, a vítima era do sexo masculino, na faixa etária de 65 a 79 anos. Os primeiros sintomas foram detectados no dia 24 de maio e o óbito aconteceu quatro dias depois (28/05). O Painel de Monitoramento em questão traz dados da epidemia em todo o Estado de São Paulo. No entanto, segundo informações da Secretaria Estadual de Saúde, a atualização dos dados é de competência dos municípios e é passível de incorreções.
O outro óbito, ainda de acordo com o Painel de Monitoramento do Estado, ocorreu em Itatiba, que soma em 2024 seis vítimas fatais pela doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. A cidade tem 5.324 registros de dengue. A última vítima também é um homem, na faixa de 35 a 49 anos. Os sintomas começaram no dia 3 de maio e o homem faleceu no dia 9 do mesmo mês.
A cidade de Itatiba conseguiu utilizar 100% das vacinas contra a dengue recebidas no início de abril. Todas as 1.928 doses foram aplicadas em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. A marca foi atingida logo no início do mês de maio. "Itatiba se mostrou mais uma vez muito engajada na vacinação, desta vez na campanha da vacina contra dengue – que foi bastante significativa na cidade. Agradecemos o apoio e o compromisso de todos os servidores que se mobilizaram para atender à demanda em menos de um mês e proteger estas crianças com a primeira dose do imunizante de forma rápida e organizada", comentou o secretário de Saúde, Renan Dias Irabi, ao anunciar o feito.
MUTIRÃO CAMPINAS
Campinas continua com as ações de combate ao mosquito durante o feriado prolongado de Corpus Christi. Hoje o 18º mutirão será nas regiões próximas ao Aeroporto Internacional de Viracopos. No total serão 11 bairros: Parque das Indústrias, Jardim Planalto de Viracopos, Novo Planalto, Jardim Aeronave, Jardim São Pedro de Viracopos, Jardim Adhemar de Barros, Jardim São Cristóvão, Vila Princesa, Città di Salerno, Jardim Esplanada e Núcleo 28 de Fevereiro.
O mutirão deste sábado deve reunir cerca de 200 voluntários e agentes da Saúde, incluindo os trabalhadores da empresa terceirizada Impacto Controle de Pragas. A empresa atua nas visitas aos imóveis para orientação e eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti. Os integrantes dela vestem camiseta laranja com logo da empresa e calça cinza, enquanto os líderes das equipes usam camiseta verde com as mesmas características. Todos estão identificados com crachá, mas, em caso de dúvidas sobre a ação, os moradores podem pedir informações pelo telefone 199, da Defesa Civil.
Por conta da proximidade com a área do Aeroporto de Viracopos, esta ação deixa de usar drones.
O mutirão é multisetorial e conta com apoio de profissionais das secretarias de Serviços Públicos, Habitação, Educação, Assistência Social e Trabalho e Renda, além da Guarda, Defesa Civil, Sanasa e Emdec.
PREVENÇÃO
A melhor forma de prevenção contra a dengue é a eliminação de qualquer acúmulo de água que possa servir de criadouro, principalmente em latas, pneus, pratos de plantas, lajes e calhas. É importante, ainda, vedar a caixa d’água e manter fechados vasos sanitários inutilizados.
Estatísticas das secretarias municipal e estadual de Saúde mostram que 80% dos criadouros do mosquito Aedes aegypti estão nas residências. Portanto, o enfrentamento à epidemia exige esforço compartilhado entre Poder Público e população para eliminar qualquer espaço com água que possa ser usado pelo inseto para proliferação.
A cidade enfrenta sua pior epidemia e declarou situação de emergência em 7 de março. O alerta sobre o risco de transmissão da doença vale para todas as regiões da cidade. Campinas ainda tem 2.341 casos de dengue com sinal de alarme, 136 graves e 65 mortes em investigação.
A Secretaria Municipal de Saúde acredita que com amudança da temperatura, pela chegada do frio, a doença vá desacelerar, mas alerta que o combate deve ser contínuo. A recomendação é fazer uma varredura, principalmente nas residências, uma vez por semana, para eliminação de possíveis criadouros do mosquito transmissor da doença.
ORIENTAÇÕES
A pessoa que tiver febre deve procurar um centro de saúde imediatamente para diagnóstico clínico. Portanto, a Saúde faz um apelo para que a população não banalize os sintomas e também não realize automedicação, o que pode comprometer a avaliação médica, tratamento e recuperação. Já quem estiver com suspeita de dengue ou doença confirmada e apresentar sinais de tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos deve buscar o quanto antes por auxílio em pronto-socorro ou em UPA.
VACINAÇÃO
Doze centros de saúde (CS) de Campinas funcionam hoje das 7h às 13h, para, principalmente, atender pacientes com sintomas de dengue e aplicar as vacinas que garantem proteção contra a doença, a gripe e a poliomielite. O imunizante contra a dengue é aplicado em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. A dose contra a gripe é para todas as pessoas a partir de 6 meses de idade. Já a campanha contra pólio é direcionada para todas as crianças de até 4 anos.
O objetivo é reforçar a assistência à população diante do contexto de epidemia. Os seguintes centros de saúde funcionarão neste sábado: Florence, Valença, São Quirino, Aurélia, Aeroporto, Capivari, DIC I, Santa Lúcia, Santo Antônio, Vista Alegre, União de Bairros e Ipê.
“A gravidade por dengue se dá, principalmente, na fase que a gente considera crítica, quando a pessoa deixa de ter febre. É diferente de outras viroses. Nesse momento as pessoas devem estar muito atentas se melhoram ou se começam a ter algumas alterações, como muitos vômitos, algum sinal de sangramento, por exemplo, na gengiva, ou se a mulher menstruada começa a ter um maior volume, tem aquela sensação de desmaio e começa a se sentir mais indisposta. Essas pessoas têm que voltar imediatamente para a assistência médica para fazer hidratação, muitas vezes na veia. Uma outra questão que faz a pessoa ter um desfecho favorável é conseguir beber a quantidade de líquido prescrita, que são 60 ml por quilo de peso – qualquer líquido e um terço disso em sais de hidratação”, alertou a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Andrea von Zuben.
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