Aquela unidade de conservação ambiental nasceu com a lei sancionada em 2012. Pela proposta, na época, a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) do Campo Grande - nos limites de Campinas com Hortolândia e Sumaré - garantiria a preservação de glebas com mata nativa
Vista área do Campo Grande mostra pequenos arbustos e terreno que perdeu a sua vegetação e ganhou lama (Guilherme Gongra)
Aquela unidade de conservação ambiental nasceu com a lei sancionada em 2012. Pela proposta, na época, a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) do Campo Grande - nos limites de Campinas com Hortolândia e Sumaré - garantiria a preservação de glebas com mata nativa. O texto também propunha a proteção de áreas de inundação, fundos de vale e campos de várzea. Mas seis anos se passaram. E a APA, que ainda está no papel, se transformou em uma imensa região com glebas desmatadas, ocupações indevidas e lixo acumulado. Absolutamente nada, na paisagem, convence o visitante de que se trata de uma área protegida. As empresas são cercadas por muros gigantescos. Moradias rústicas, muito simples, brotam no meio do mato. Há entulho de construção por todo lado. E os próprios moradores não se responsabilizam pela conservação. Há lixo amontoado ao longo do estradão. Há até móveis velhos abandonados. Na paisagem de completa desolação, as pessoas caminham sob o sol causticante, no poeirão. O próprio secretário municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Campinas, Rogério Menezes, admite que a Administração municipal ainda não conseguiu cumprir a proposta essencial da criação da APA: relacionar todos os pontos degradados, para a posterior execução de um trabalho orientado de recuperação e preservação. Até o final do ano, confia Menezes, será aberta a licitação para a contratação do Plano de Manejo da APA Campo Grande, a segunda mais importante área de conservação do Município. O principal objetivo da Prefeitura é promover a preservação dos mananciais hídricos e dos trechos remanescentes de mata nativa, além de controlar a urbanização desenfreada. Após assinado, o projeto será executado a partir de 2019. Patrimônio ameaçado Diante de um visual agressivo, as pessoas não conseguem imaginar a importância do patrimônio natural local. Ali está inserida a bacia hidrográfica do Rio Capivari, abrigando afluentes e somando 68 nascentes. Na vegetação, ainda existem a floresta estacional semidecidual, cerrado, fragmento de transição e mata mista. Só a área vegetada toma mais de 160 hectares de área, e a Prefeitura corre atrás do tempo para não sofrer mais prejuízos ambientais. O secretário Menezes admite que a crise econômica atual prejudicou, significativamente, o andamento dos projetos ambientais. Ele ressalta, no entanto, que a falta de engajamento popular à causa preservacionista é o maior dos obstáculos. “Ainda que os Serviços Públicos promovam a limpeza das áreas e a remoção de entulho, o descarte ilegal de resídios não para” , reclama. APAs ainda estão sem plano de manejo Nem mesmo a maior unidade de conservação do Município, a APA Campinas, conta com um plano de manejo, apesar de criada ainda em 2001. A contratação do serviço por meio licitatório, explica o secretário Rogério Menezes, deve ser efetivada ainda no primeiro semestre deste ano. São 22,3 mil hectares que incluem os distritos de Sousas e Joaquim Egídio, e os bairros Carlos Gomes, Chácaras Gargantilha e Jardim Monte Belo. De prático, a APA Campinas possui um conselho gestor de caráter consultivo e deliberativo, que se reúne periodicamente para o debate da conservação do patrimônio natural, cultural e arquitetônico da região. Fauna inclui lobos-guarás e jaguatiricas A APA Campo Grande conta com uma fauna rica. Por conta disso, a Prefeitura chegou a espalhar pela região toda, há pouco mais de dois anos, placas de sinalização indicativas da presença de animais silvestres na área. A proposta era evitar o atropelamento de animais como gatos e cachorros do mato; gambás, lobos-guará, pacas, capivaras, lontras e jaguatiricas. O emplacamento — feito pelos agentes da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) — contemplou a Avenida Werner Habig, a Estrada Municipal John Boyd Dunlop e a Avenida Antônio Arten. SAIBA MAIS As unidades de conservação (UC) são espaços territoriais — incluindo seus recursos ambientais — com características naturais relevantes, que têm a função de assegurar a representatividade de amostras significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do território, preservando o patrimônio biológico existente.