Dário integra a delegação da Frente Nacional de Prefeitos; PLAC define ações a serem executadas em curto, médio e longo prazos (Divulgação/FNP)
Projetos que buscam mitigar os impactos das mudanças climáticas em Campinas, como a Usina Verde e as obras de combate às enchentes, foram apresentados pelo prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), no primeiro dia da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 29), que acontece até o dia 22 em Baku, no Azerbaijão. O gestor abordou a implementação de projetos previstos no Plano Local de Ação Climática (PLAC). Em relação às obras antienchentes, ele falou sobre os projetos da avenidas Princesa D’Oeste e Orosimbo Maia, que custarão R$ 559,6 milhões aos cofres públicos.
Saadi integra a delegação da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) na COP 29 e participou do painel "Compromisso com a ação – Abordagem brasileira para uma governança climática multinível", do Consórcio Interestadual da Amazônia Brasileira. Ele falou sobre a importância de financiamento do governo federal para que os municípios possam enfrentar a questão das obras necessárias para reduzir os impactos das mudanças climáticas.
Outro projeto apresentado pelo prefeito foi a Usina Verde, que destina grande volume de galharia para a compostagem e gera um volume importante de composto orgânico. “Estamos usando esse adubo em toda a jardinagem da cidade. Futuramente, nós vamos vender. Eu entendo que esse compromisso de ter uma governança multinível é fundamental”, disse.
A Usina Verde de Compostagem de Campinas ocupa uma área de 17 hectares dentro da Fazenda Santa Elisa, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), e foi implantada há quase quatro anos, transformando diariamente toneladas de resíduos em adubo orgânico, rico em nutrientes. Os resíduos são provenientes de lodo da estação de tratamento da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A (Sanasa) e de galharia e restos das podas de árvores realizadas na cidade.
O composto orgânico é utilizado no cultivo de mudas e plantas ornamentais do Viveiro Municipal de Campinas, no plantio de árvores e flores nas áreas verdes da cidade e nos experimentos com sementes do IAC, que também é responsável por medir a fertilidade e certificar a qualidade do adubo. Campinas conseguiu, inclusive, o registro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para comercializar o adubo, que poderá ser adquirido por produtores rurais. Há 50 mil toneladas do composto armazenadas, prontas para a venda. O projeto da Usina Verde foi elaborado pela Secretaria Municipal de Serviços Públicos e funciona em parceria com a Sanasa, a Ceasa e o IAC.
Saadi defendeu também que o governo federal subsidie as obras de combate aos efeitos das mudanças climáticas. “Não basta apenas ter ações coordenadas, é necessário que os governos nacionais financiem com juros subsidiados para que os municípios possam avançar. Muitos municípios não têm a capacidade técnica de elaborar projetos, além da dificuldade de financiamento. O BNDES deveria entrar na questão da mudança climática com força, com ampliação dos recursos do Fundo Climático”, defendeu o prefeito.
PLAC
O Plano Local de Ação Climática, citado pelo prefeito no encontro, é um documento que elenca 20 ações e 96 subações para serem executadas no curto (2032), médio (2040) e longo prazos (2050), integrando a ação climática aos processos estratégicos de planejamento, gestão e serviços urbanos desenvolvidos pela prefeitura.
Cerca de 40% das ações já estão em andamento, como é o caso do aumento da capacidade da Usina Verde para tratar resíduos orgânicos; ampliação da coleta urbana mecanizada; ampliação da rede cicloviária; manejo da arborização urbana; capacitação de líderes comunitários para enfrentamentos de extremos climáticos e aumento do número de câmeras de monitoramento em áreas de alagamento e de painéis digitais de comunicação de alerta.
PISCINÃO
Em julho deste ano, a ordem de serviço para a elaboração dos projetos executivos e de construção do piscinão da Praça de Esportes Paranapanema, localizada na região da Avenida Princesa d'Oeste, na Vila Lemos, foi publicada no Diário Oficial da Prefeitura de Campinas. É a primeira obra que será realizada para resolver o problema das enchentes que há tantos anos causam mortes, feridos e prejuízos materiais nas imediações de vias tradicionalmente muito movimentadas da cidade, projeto chamado de Plano para Controle de Enchente para a Região Central de Campinas. O conjunto de obras será realizado nos córregos Serafim e Proença.
As primeiras intervenções começaram pela sondagem do terreno, que é a investigação da qualidade do solo, além da instalação do canteiro de obras e a colocação de um tapume em volta do canteiro para garantir a segurança. O piscinão da Praça Paranapanema, também chamado de reservatório RP-1, vai custar mais de R$ 205 milhões, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O prazo de conclusão é de 24 meses. O reservatório RP-1 terá 40 metros de profundidade e será tamponado, ou seja, coberto, para que a Praça Paranapanema possa ser reconstruída após o final das obras. A capacidade de armazenamento será de 120 milhões de litros de água. Quando o piscinão estiver em operação, nos momentos de cheia, a água entrará por uma galeria de derivação e será escoada por outra, com auxílio de quatro bombas submersíveis. Isso deverá beneficiar principalmente os moradores, comerciantes e frequentadores da Avenida Princesa d'Oeste.
O Plano para Controle de Enchente para a Região Central de Campinas foi dividido em duas etapas. Na primeira, serão construídos dois piscinões na região da Avenida Princesa d'Oeste e um terceiro na Avenida Orosimbo Maia. Em ordem cronológica, o segundo local que receberá as intervenções é o da futura estrutura da Orosimbo Maia, localizada em uma praça próxima ao Mercado Municipal e ao lado do Terminal Mercado do BRT.
PARQUES LINEARES
A questão ambiental também rendeu a Campinas reconhecimento pelo projeto dos Parques Lineares. A cidade recebeu a classificação Bronze no Prêmio LivCom Awards 2024, competição realizada dentro do 12º Fórum Urbano Mundial com foco nas melhores práticas internacionais relacionadas à gestão do meio ambiente e desenvolvimento local. O prêmio foi concedido na categoria que englobou cidades com mais de 400 mil habitantes. O evento foi sediado no Cairo, capital do Egito, segundo informações da Prefeitura.
Um total de 247 cidades de todo o mundo participaram da competição e 37 foram qualificadas como finalistas. Com o tema "Estratégia do município de Campinas (SP) para conectar Soluções Baseadas na Natureza à transformação socioambiental e territorial", o programa de parques lineares foi avaliado por um júri internacional composto por especialistas em diferentes áreas.
“É muito bom ver um trabalho de Campinas sendo premiado num evento dessa magnitude, escolhido entre as cidades de todo o mundo que têm agido no sentido de adaptação às mudanças do clima e no de soluções baseadas na natureza. Esse reconhecimento traz um incentivo muito grande para as equipes prosseguirem implementando um programa tão ambicioso como é o de Parques Lineares do município”, celebrou o secretário do Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade (Seclimas), Rogério Menezes.
Durante o 12º Fórum Urbano Mundial, especialistas participaram de discussões relacionadas à viabilidade de projetos para adaptação às mudanças climáticas, implementação de Soluções baseadas na Natureza e planejamento ambiental com cidades e organizações do mundo inteiro. O Fórum Urbano Mundial (WUF) foi criado em 2001 pelas Nações Unidas para abordar uma das questões mais urgentes que o mundo enfrenta hoje: a rápida urbanização e seu impacto em comunidades, cidades, economias, mudanças climáticas e políticas.