O Produto Interno Bruto (PIB) da região administrativa de Campinas cresceu 1,6% em 2018 em relação ao ano anterior, segundo dados do PIB Regional divulgados ontem pela Fundação Seade. O desempenho regional foi pouco maior que o alcançado pela economia paulista no período, de 1,4%, e ficou acima do crescimento do Brasil, que registrou aumento de 1,1% no ano passado, o que mostra que a recuperação da economia segue lenta. A produção de riquezas na região de Campinas, formada por 82 municípios, foi de R$ 389,8 bilhões, uma participação de 17,5% no PIB paulista e representou o quarto melhor desempenho no Estado — ficou abaixo das regiões de Sorocaba, com 3,6%, e de Bauru e São José dos Campinas, que registraram crescimento de 2,4% cada. O crescimento regional seguiu o mesmo perfil do Estado, que no ano passado foi puxado pela expansão da indústria e dos serviços, que cresceram 0,9% e 1,9%, respectivamente, enquanto a agropecuária retraiu-se em 2,6%. A melhora da economia foi frustrante em relação às expectativas iniciais, após 2017 dar sinais de retomada mais forte. Naquele ano, a região registrou um aumento de 3,1% no PIB, que parecia indicar o fim da recessão estadual que havia perdurado nos três anos anteriores. “No ano passado o mercado revisou para baixo várias vezes as previsões do PIB porque pelo menos três fatores influenciaram o desempenho da economia. Tivemos uma greve de caminhoneiros no início do ano, tivemos um ano de incertezas políticas, foi ano de eleição e junto tivemos uma piora do cenário internacional”, afirmou o economista e consultor de investimentos José Roberto Alencar. Segundo ele, tanto o PIB brasileiro, quanto o estadual e o regional estão no mesmo patamar que apresentava no início de 2012. “Isso mostra que a recuperação segue em ritmo lento”, disse. O mercado, afirmou, revisou mais uma vez para baixo a estimativa de crescimento do PIB para 2019, de 0,82% para 0,81%. “O País registrou queda no PIB no primeiro trimestre deste ano, e se o segundo trimestre for igual, estaremos em recessão técnica”, disse. Segundo a Fundação Seade, a trajetória do PIB não foi uniforme ao longo dos últimos 16 anos entre as regiões do Estado. O período 2002-2018 pode ser analisado a partir de quatro momentos distintos, segundo os ciclos econômicos. A fase compreendida entre 2003 e 2008 foi marcada pela expressiva expansão da atividade econômica em todas as regiões paulistas. Favorecidas especialmente pelo crescimento do consumo doméstico, pela expansão dos investimentos e pelo boom dos preços das commodities, as regiões mais industrializadas alcançaram expressivas taxas de crescimento no período (4,6% ao ano). Nesse período, o PIB da região de Campinas cresceu 5,2% ao ano. Entre 2009 e 2013, segundo a Seade, houve uma desaceleração da atividade econômica do Estado, mas mesmo assim a região teve crescimento médio anual de 4,8%. O ano de 2014 foi marcado pela profunda crise da atividade econômica do Estado, que se estendeu até 2016 e provocou fortes impactos regressivos em toda a economia paulista, se expressando com maior intensidade na indústria de transformação. Foram determinantes para esse processo a retração da produção e do investimento, o enfraquecimento do ciclo de consumo doméstico e a queda das exportações de produtos industrializados. Nesse período, a região de Campinas teve um crescimento negativo anual de 3,8%. A partir de 2017, com a retomada da atividade global e a adoção de medidas de incentivos internos, como a ampliação do crédito às famílias e redução dos juros, a economia paulista entrou em processo de modesta e lenta recuperação, puxada inicialmente pela reativação da indústria — fato que se reflete no crescimento das regiões mais industrializadas. A região de Campinas teve crescimento médio anual entre 2017 e 2018, de 1,8%. CRESCIMENTO DO PIB EM 2018 Região % Sorocaba 3,6 Bauru 2,4 São José dos Campos 2,4 Campinas 1,6 São Paulo 1,4 Estado de São Paulo 1,4 Franca 1,1 Santos 1,0 Barretos 0,5 Marília 0,2 Central 0,1