Nas eleições deste ano, 299 mulheres estão na disputa por uma vaga na Câmara Municipal de Campinas (Cedoc/RAC)
Cresceu em 16,2% o número de candidatas às eleições deste ano em Campinas, em relação à última disputa municipal, em 2016. Apesar de as mulheres representarem 53% do eleitorado, a proporção entre as candidaturas nas eleições se mantém praticamente a mesma: em 2016 elas eram 31,7% e agora, 31,8%. Mas quase dobrou o número de mulheres na disputa por cargos de comando. Há quatro anos, a cidade teve duas concorrendo à prefeita e três à vice. Agora são três à prefeita e seis à vice. Em 2016, apenas uma vereadora foi eleita — Mariana Conti (PSOL). Neste ano, 308 mulheres estão na disputa em Campinas. Em 2016 eram 265. Um dos motivos para este ano existir maior número de mulheres na disputa foi o fim das coligações para cargos proporcionais a partir deste ano. Antes, o cumprimento da cota de gênero de 30% para candidaturas femininas se aplicava à coligação como um todo, e agora se aplica a cada partido, individualmente. Outras duas medidas aprovadas com o objetivo de fortalecer a participação política feminina são os 10% do tempo de propaganda partidária e a destinação de 5% dos recursos do fundo partidário para a formação política e o incentivo à participação feminina. Cada partido pode lançar até 50 candidatos à Câmara Municipal, dos quais 15 mulheres. Legendas que não conseguiram atingir a proporção de 30% de mulheres tiveram que reduzir o número de candidaturas masculinas, para cumprir a proporção estabelecida na lei de 2007. A mudança ocorreu na tentativa de reverter o atual quadro de representação da população nas casas legislativas do país, onde as mulheres, que são mais da metade do eleitorado brasileiro, ocupam menos de 10% dos assentos. Neste ano concorrem a prefeita Alessandra Ribeiro (PCdoB), Delegada Teresinha (PTB) e Laura Leal (PSTU), e a vice Ana Beatriz Sampaio (PSDB), Edilene Santana (PSOL), Larissa Machado (PCO), Márcia Padovani (Patriota), Surya Guimaraens e Valeria Monteiro (Rede). São, ainda, 299 candidatas à vereadora. Para a cientista política Raquel Meneguello, da Unicamp, as mulheres estão de fato mais envolvidas com diversas formas de fazer política, têm sido protagonistas de movimentos e outras ações. Mas esse envolvimento, afirma, ainda não é traduzido em candidaturas mais sólidas. “Para isso acontecer, os partidos têm que se abrir nessa direção, na ampliação do espaço das mulheres nos quadros partidários e, sobretudo, na distribuição de recursos. As limitações que o mundo privado e da família colocam às mulheres já são grandes, e os partidos são em sua maioria espaços predominantemente masculinos da política. As estruturas partidárias precisam redefinir seus espaços para viabilizar sua inclusão”, afirmou. Campinas teve apenas uma mulher prefeita em sua história. Eleita vice de Antônio da Costa Santos (PT) em 2000, Izalene Tiene (PT) assumiu a Prefeitura após o assassinato, até hoje não esclarecido, de Toninho, em setembro de 2001. Já a Câmara Municipal, a primeira mulher a se tornar vereadora foi Vera Pinto Teles, em 1948, logo na reabertura da Câmara Municipal (após o fechamento pelo Estado Novo, em 1937). Desde então, apenas outras 13 mulheres já foram eleitas para o Legislativo, sendo que tanto a legislatura de 1989 a 1992 quanto a de 2005 a 2008 foram, até o momento, as que mais concentraram parlamentares femininas, com três vereadoras atuando em cada uma delas. A presidente da Comissão Mulher Advogada da OAB-Campinas, Fábia Bigarani, avalia que as mulheres estão tendo mais conscientização de que podem e podem muito mais do que apenas a posição do “atrás de um grande homem sempre há uma grande mulher”. Mas as candidaturas ainda são cumprimento de cotas, afirmou. “Mas com certeza está havendo um engajamento maior da mulher na política. Há vários movimentos e entidades que empoderam as mulheres para tanto. Um dos trabalhos da Comissão da Mulher Advogada da OAB é instigar, provocar a mulher para que participe das funções publicas, estejam em cargos de liderança”, disse.