Perguntar o significado de uma simples palavra para uma criança pode ser um convite a uma viagem para um mundo de fantasia ou poesia. Com poucas palavras, muitos gestos e expressões marcantes, os pequenos exercitam raciocínios com definições surpreendentes, muitas delas pouco comuns. (Confira abaixo as definições dadas por 100 crianças)
Quem, com mais de 13 anos, poderia definir a “lua” como uma estrela que às vezes se parece com uma banana? Ou, então, dizer que nuvem é um algodão que voa no céu? E que pai é aquele que dá atenção quando a mãe não está? Ou, ainda, definir a palavra “gente” da forma mais simples possível: “É como uma pessoa, eu sou uma pessoa”.
A ideia de dar voz às opiniões infantis surgiu na Colômbia, onde um professor que dava aulas em escolas rurais fez sucesso em abril passado com um livro que mostra 500 palavras definidas por crianças que ele questionou ao longo de oito anos. O livro Casa das Estrelas: O Universo Contado pelas Crianças ficou conhecido no mundo todo.
Pensando em ouvir o que pensam as crianças em Campinas, a reportagem do Correio Popular pediu a cem delas que definissem, a seu modo, palavras escolhidas aleatoriamente e que fazem parte do vocabulário médio da Língua Portuguesa. Foram ouvidas crianças matriculadas em escolas´ públicas e particulares e com idades entre 3 e 12 anos.
Os pequenos podem também dar belos significados às palavras ao expressar sentimentos que ainda não conseguem descrever direito, mas já parecem diferenciar bem. “Amor é o que sinto por uma menina, vejo corações e sinto amor no peito”, disse um menino. “Carinho é uma coisa muito gostosa para fazer no braço e no corpo da mãe”, afirmou outro.
Imaginação
Especialistas consultados pela reportagem afirmam que o ato de questionar o significado das palavras para as crianças é algo que desperta interesse e fascina. Além de, na maioria das vezes, se tornar uma espécie de brincadeira. “Como elas estão acostumadas a estar do outro lado (de quem pergunta), ao serem indagadas, elas ficam surpresas. Com isso, suas expressões faciais ficam ainda mais marcantes, além de sinceras. Sem falar que muitos apelam para o gesto ao dar significado a palavra”, afirmou a psicóloga infantil Silvia Rocha.
Ao perguntar ao pequeno Enzo Semeghini Hernesto, de 6 anos, qual a definição para a palavra “carinho”, a mãe ouviu: “É fazer assim ó...” (e passou a mão no braço da mãe). Só depois de ser indagado novamente ele respondeu: “É uma coisa muito gostosa para fazer no braço e no corpo da mãe.”
Parte das crianças teve a possibilidade de escolher as palavras que iam definir, a partir da lista elaborada pela reportagem. As que mais geraram interesse para resposta foram: “estrela”, “família”, “sol”, “golfinho”, “igreja” e “Deus”.
A pequena Isabela Nascimento Salvaterra, de 5 anos, definiu “estrela” com simplicidade: “Ela fica no céu e brilha”. Sua colega Larissa Tavares Ferreira da Cunha, de 6, completou. “Algo que brilha no céu quando está escuro.”
Para a palavra “Deus”, as crianças deram respostas ambíguas e engraçadas. A pequena Manuela Peres Camargo, de 6 anos, disse que: “Deus mora no céu e quando fazemos oração, ele atende e ficamos felizes”. Já para Enzo Massarolo, de 9 anos, “Deus é um cara que fica lá no céu, mas que não atende meus pedidos.”
As crianças fazem também definições simples e óbvias. Para Vitor Teixeira Mouta, de 6 anos, “igreja é um lugar onde as pessoas podem rezar ou casar”. Tieres da Silva, de 10 anos, define “justiça” quando alguém vai preso. Já Tatiana Soares, de 8, afirmou que “juventude” é “quando você tem cabelo escuro.”
Família
A mãe de Camila Cardoso, de 8 anos, Tatiana Lima Cardoso, procura corrigir a filha para que ela use a forma adequada das palavras. “Não corrigia até os 6 anos. Achava engraçadas as coisas que ela dizia e as associações que fazia. Mas, depois que ela foi alfabetizada, passei a pegar no pé”, afirmou.
A jornalista Mércia Ribeiro também procura fazer correções na filha, Maria Eugênia Ribeiro Caruso Grassi, de 7 anos. “Principalmente quando ela fala algo errado ou comete algum erro de concordância. Quero que aprenda da forma correta”, disse. A mãe da pequena Valéria Simões, de 5 anos, Claudia Valeriano Simões, tem outros filhos de 10 e 14 anos.
“Ela acaba muito influenciada pelos irmãos então aprende algumas definições mais rápidas. Mas sempre procura estimular que ela entenda o que diz. Sinto que faz isso porque sempre que peço uma explicação ela gesticula e procura as palavras para dar o significado. É muito legal”, disse.
INOCÊNCIA
As definições dadas pelas crianças:
1 – Adulto: "Pessoa que em toda coisa que fala, fala primeiro dela mesma", Andrés Felipe Bedoya, 8 anos
2 – Adolescente: "Quando a gente cresce e fica mais esperto", Ana Júlia Paez Bachur, 8 anos
3 – Agressão: "Quando uma pessoa fala coisa ruim da outra", Isabella Bachuc, 8 anos
4 – Água: "Transparência que pode tomar", Tatiana Ramirez, 9 anos*
5 – Amor: "É o que sinto por uma menina, vejo corações e sinto amor no peito", Luiz André Leone, 6 anos
6 – Ancião: "É um homem que fica sentado o dia todo", Maryluz Arbeláez, 9 anos*
7 – Animal: "Parece de mentira, mas é de verdade. Tem grande e pequeno, bonzinho ou bravo", Maria Luiza da Silva, 6 anos
8 – Barulho: "É quando o volume da tevê está muito alta", Victor Silva, 7 anos
9 – Bebida: "Parece água ou suco, mas criança não pode beber porque faz mal", Clayton Victor Tavares, 8 anos
10 – Beijo: "Beijo é amor", Mariana Potiens Nabuco de Araújo, 9 anos
11 – Bondade: "Quando sorri", Valéria Simões, 5 anos
12 – Branco: "O branco é uma cor que não pinta", Tatiana Ramirez, 11 anos*
13 – Brasil: "É o país onde a gente mora, é verde e amarelo e tem muito futebol", Maíse Esteves Rodrigues, 10 anos
14 – Camponês: "Um camponês não tem casa, nem dinheiro. Somente seus filhos", Luiz Alberto Ortiz, 8 anos*
15 – Carinho: "É uma coisa muito gostosa para fazer no braço e no corpo da mãe", Enzo Semeghini Hernesto, 6 anos
16 – Comida: "É bom quando se está com fome, mas se exagerar engorda muito e fica feio", Rian Vitor Leone, 8 anos
17 – Certeza: "É saber as coisas", Mário Ribeiro, 10 anos
18 – Céu: "É onde moram o sol, a lua e as estrelas", Ana Luíza Monteiro, 3 anos
19 – Cigarro: "É comprido e sai fumaça. É fedido também", Márcio Vinicius Cardoso, 6 anos
20 – Corrupção: "Quando um prefeito desvia o dinheiro da ci-dade", Caroline Correia, 9 anos
21 – Crime: "É uma coisa errada", Ana Carolina Santos Bacchetti, 8 anos
22 – Criança "Pessoa legal e divertida", Maria Eugênia Ribeiro Caruso Grassi, 7 anos
23 – Decote: "É um tipo de roupa que mulher usa", Vinicius Silva, 10 anos
24 – Deus: "Mora no céu e quando fazemos oração e ele atende e ficamos feliz", Manuela Peres Camargo, 6 anos
25 – Dificuldade: "É quando não consegue fazer alguma coisa", Rafael Correa, 11 anos
26 – Dinheiro: "Precisa pra comprar brinquedos e coisas legais, quem não tem é pobre", Melissa Tiares, 7 anos
27 – Escuridão: "Quando minha mãe apaga a luz", Samanta Teixeira, 8 anos
28 – Educação: "Quando a pessoa fala: por favor e obrigada", Adélia Mieco Natália Rouger, 8 anos
29 – Elogio: "É falar: você é o meu melhor amigo", Felipe Avancini Falleiros, 5 anos
30 – Emagrecer: "Quando não come", Diana Farias de Lima, 8 anos
31 - Emoção: "É quando você consegue chegar em um lugar que queria muito, e a gente pula", Gionanna Bueno, 8 anos
32 – Estrela: "É algo que brilha no céu quando está escuro", Larissa Tavares Ferreira da Cunha, 6 anos
33 – Família: "Pessoas que a gente ama e querem ficar juntas", Júlia Azevedo, 5 anos
34 – Férias: "É um dia que você não precisa ir na escola", Eduardo Toledo, 5 anos
35 – Futebol: "Esporte coletivo, uma arte e uma história", Pedro Basso Pereira, 12 anos
36 – Futuro: "Amanhã é futuro", Mateus Lima, 9 anos
37 – Gente: "É uma pessoa, eu sou uma pessoa", Isabelly Silva, 8 anos
38 – Golfinho: "É um peixe que mora no mar e é grande", Guilherme Azevedo da Cunha Alvarez, 6 anos
39 – Guerra: "A guerra é um lugar onde quase todo mundo morre e matam pessoas como se fossem bandidos e alguns vezes pessoas sobrevivem e saem da guerra", Pedro Araújo Lopes, 7 anos
40 – Igreja: "É um lugar onde as pessoas podem rezar ou casar", Vitor Teixeira Mouta, 6 anos
41 – Internet: "É onde vejo vídeos", Sophia Rios Lombardi, 6 anos
42 – Inveja: "Quando uma pessoa quer muito o que a outra tem", Ana Beatriz Santos Baccheti, 8 anos
43 – Jesus: "É uma pessoa que tem poder", Julia Cassaro, 8 anos
44 – Justiça: "Quando alguém vai preso", Tieres da Silva, 10
45 – Juventude: "É quando você tem cabelo escuro", Tatiana Soares, 8 anos
46 – Lar: "É onde a gente mora", Maria Eduarda Secchi Oda Moraes, 6 anos
47 – Liberdade: "Você fazer o que quiser sem ter pressa", Fábio Coelho Gallacci, 9 anos
48 – Lixo: "É o resto que não pode comer", Gabriel Lima Fernandez, 6 anos
49 – Limpeza: "O que minha mãe faz em casa, ela varre e passa", Tais Moreira, 6 anos
50 – Lua: "É como uma estrela e as vezes parece uma banana", Kauã Folegatti Souza, 6 anos
51 – Luz: "É um negócio que dá para ascender", Larissa Tavares Ferreira da Cunha, 6 anos
52 – Mãe: "É quem cuida da criança", Rafael Pereira Borin, 6 anos
53 – Mar: "Tem na praia", Amanda Ribeiro, 7 anos
54 – Mal: "É uma pessoa que não tem educação", Luiz Antonio Coutinho, 8 anos
55 – Morte: "Quando a pessoa não esta viva", Pedro Meidanis, 8 anos
56 – Namoro: "É quando uma pessoa gosta muito de outra e faz coisas com ela", Caio Vinicius Santos, 8 anos
57 – Natureza: "Onde têm árvores", Lívia Akemi Savoy, 6 anos
58 – Navegação: "Quando os navios estão no mar", Tiago Pereira de Moreas, 11 anos
59 – Neve: "Neve é aquela coisinha branca que cai do céu e deixa frio", Miguel Bulhões Liza, 5 anos
60 – Novela: "Passa na televisão e todo mundo assiste", Maria Clara Fernandes, 8 anos
61 – Nuvem: "Algodão que fica no céu", Lucas Dias, 7 anos
62 – Objeto: "Pode ser qualquer coisa que dá pra pegar", Márcio Mafuz, 10 anos
63 – Obra: "Usa para construir um prédio", Fernando Guimarães, 8 anos
64 – Olho: "É por onde vemos as coisas", Guilherme Francati, 7 anos
65 – Ordem: "Quando alguém manda", Felipe Cassacio, 10 anos
66 – Pai: "É aquele que dá atenção quando a mãe não está", Mariana Ribeiro de Almeida Segallio, 5 anos
67 – Pão: "O que a gente come e faz lanche", Manuela Peres Camargo, 6 anos
68 – Pátria: "País onde nascemos", Caio de Mattos e Santos, 12 anos
69 – Paz: "Quando não tem briga", Vitor Teixeira Mouta, 6 anos
70 – Política: "Quando a pessoa fala muita coisa que vai fazer", Giulia Martins, 8 anos
71 – Profissão: "Tem que ir na faculdade para aprender", João Pedro Lopes,
8 anos
72 – Preconceito: "Quando alguém não gosta de outra pessoa", Fábio Moreno, 12 anos
73 – Qualidade: "Quando uma comida é boa, ela é de qualidade", Marcos Vinicius Santos, 9 anos
74 – Quarteirão: "Quando tem uma casa do lado da outra", Guilherme Assis de Vuono, 8 anos
75 – Racismo "Chamar a pessoa de negro, xingar ela, e tem outros tipos de racismo", Sofia Azevedo, 9 anos
76 – Raiva: "Quando a gente fica muito bravo, sente isso", Isabela Nascimento Salvaterra, 6 anos
77 – Rei: "Quem governa um reino", Adriano Ribeiro Campos, 8 anos
78 – Reclamação: "Quando uma pessoa não gosta do que a outra fez e a empurra", Ana Beatriz Vieira de Alcântara, 8 anos
79 – Relógio: "É um negócio que conta as horas", João Vítor Braga Vinholy, 6 anos
80 – Risada: "Acontece quando alguém faz algo engraçado", Maria Alice Hebling, 8 anos
81 – Saudade: "Quando uma pessoa que gostamos fica longe e queremos ficar perto", Gabriel Rovaris, 8 anos
82 – Sabedoria: "É quando sabe demais, além do normal", Mateus Ricardo Pereira, 12 anos
83 – Saúde: "Quando a pessoa fica doente ela não tem saúde", Maria Gabriela Souto, 9 anos
84 – Sexo: "É uma pessoa que se beija em cima da outra", Luisa Patês, 8 anos*
85 – Solidão: "Tristeza que dá na pessoa às vezes", Ivan Darío, 10 anos*
86 – Solidariedade: "É quando uma pessoa ajuda a outra", Ivan Martins, 12 anos
87 – Sonho: "Poder ir além dos limites", Moisés Busch, 12 anos
88 – Tatuagem: “É um desenho que faz no corpo", Giovanna Dalcol, 8 anos
89 – Tempo: "Coisa que passa para lembrar", Jorge Armando, 8 anos*
90 – Teatro: "Quando as pessoas conversam na nossa frente", Giovanna Ribeiro Souza Lima, 6 anos
91 – Transparência: "É uma coisa que não conseguimos enxergar", Mariana de Andrade, 8 anos
92 – Trem: "A gente anda, é cumprido e faz muito barulho", Alice Lira Olievira, 6 anos
93 – União: "É açúcar", André Santos, 8 anos
94 – Utilidade: "Quando uma coisa serve pra fazer algo", Alexandre Sampaio, 12 anos
95 – Universo: "Onde fica os planetas e o sol", Bárbara Alexandre Negrão, 10 anos
96 – Vazio: "Quando tem buraco no copo ou tomamos", André Luís Stringuetti Venturin, 8 anos
97 – Viagem: "Nas férias sempre faço isso com meus pais", Débora Bianchini, 7 anos
98 – Vida: "Presente de Deus", Victor Azevedo, 11 anos
99 – Violência: "É machucar as pessoas", Júlia Macedo Gonçalves , 12 anos
100 - Xereta: "É uma pessoa chata e intrometida", Camila Cardoso, 8 anos
(*) Frases de crianças colombianas extraídas do livro (Leia matéria abaixo):
Dicionário colombiano foi reeditado e fez sucesso
O dicionário infantil lançado na Colômbia ganhou o título Casa das Estrelas: o Universo Contado pelas Crianças. O livro, que em sua primeira edição foi lançado em 1999, surpreendeu ao se tornar o maior sucesso da Feira Internacional do Livro de Bogotá no fim do último mês de abril. Ele foi reeditado no início do ano.
“Isso me faz pensar que o livro continua revelando, continua falando sobre as pequenas coisas”, afirmou Javier Naranjo, autor do dicionário, durante a feira. “Eles têm uma lógica diferente, outra maneira de entender o mundo, outra maneira de habitar a realidade e de nos revelar muitas coisas que esquecemos”, completou.
Ao todo são 133 palavras diferentes que ganharam cerca de 500 definições. As definições foram colhidas durante oito anos, quando o autor trabalhava como professor em escolas rurais do Estado de Antioquía, no Leste do país.
Ele diz que teve a ideia de pedir aos alunos uma definição do que era uma criança, em uma comemoração do Dia das Crianças.
“Me lembro de uma definição que era: ‘uma criança é um amigo que tem o cabelo curtinho, não toma rum e vai dormir mais cedo’. Eu adorei, me pareceu perfeita.”
No dicionário aparecem temas do cotidiano da Colômbia.
As vendas do livro ajudaram a financiar as atividades da biblioteca atualmente dirigida por Naranjo, que continua convidando as crianças a deixar a imaginação voar com outras dinâmicas.
Pais não devem corrigir os filhos antes dos 7 anos
Para José Martins Filho, pediatra e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o conteúdo das definições infantis depende de como as crianças se relacionam em seu mundo. “Varia de acordo com o quanto de informação chega a ela. Não são todas iguais, até adultos fazem definições de acordo com a cultura e de com quem se relacionam na vida”, afirmou.
O médico explicou que na, maioria das vezes, as respostas mais engraçadas são formuladas por crianças com até 7 anos. “Depois dessa idade, elas já formulam mais com o conhecimento que adquiriram com os adultos com quem convivem. Antes, elas não sofrem essa ‘contaminação’, elas não definem. Colocam conteúdo. Ou seja, associam, e muitas vezes não têm lógica.
Elas criam imagens e descrevem o significado da palavra com as imagens que criam na cabeça”. Martins Filho afirma que os pais não devem corrigir as crianças. “Tem que estimular. Elas dizem o que têm em mente. Isso é muito comum na primeira infância. A criança descreve o significado das palavras com outros objetos, a gente tem que procurar entender. É mágica a forma como elas falam, e isso é que é engraçado.”
Rita Khater, psicóloga e professora da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) explica que os significados mudam com o tempo. “As alterações ocorrem com as experiências. A subjetividade da infância é a parte mais bonita da vida. Tudo é possível, é uma criatividade sem limites, sem censura ou medo. Ela não tem medo de ser julgada, ela é mais criativa, mais sincera. E, com o passar do tempo, vão perdendo isso”.