BOM SINAL

Construção civil projeta aumento de 10,1% em faturamento na RMC

Movimentação esperada em 2024 em toda a cadeia é de R$ 8,8 bilhões, de acordo com levantamento do IPC Maps

Bruno Luporini
09/11/2024 às 08:33.
Atualizado em 09/11/2024 às 08:33

O levantamento do IPC Maps apontou que em Campinas, especificamente no comércio varejista de materiais de construção, houve um aumento de 4,2% do ano passado até agora, somando o valor de R$ 2,6 bilhões; segundo Marcos Pazzini, responsável pelo IPC Maps, a economia está crescendo mais do que o previsto no início de 2024. (Kamá Ribeiro)

A cadeia da construção civil na Região Metropolitana de Campinas (RMC) projeta o aumento de 10,1% neste ano na comparação com 2023, totalizando uma movimentação de R$ 8,8 bilhões em faturamento. As informações foram levantadas pelo Mapa do Índice do Potencial de Consumo (IPC Maps), que levou em consideração os gastos dos moradores da região em dois setores: aquisição de imóveis, com o potencial de consumo estimado em R$ 2,3 bilhões, representando uma aumento de 10,2%, e compra de materiais para a construção e reforma de imóveis, com previsão de R$ 6,5 bilhões, crescimento de 10%.

Crescimento previsto para a região é superior ao do país.

De acordo com Marcos Pazzini, responsável pelo IPC Maps, a estimativa de crescimento dos setores de materiais de construção e aquisição de imóveis é maior na RMC do que no país. Pazzini destacou também a quantidade de novas empresas do segmento que foram abertas na RMC. “O comércio varejista e as indústrias de construção tiveram crescimento no número de empresas de 8,3% no Brasil, enquanto na RMC a alta foi igual a 11,0%, demonstrando que a região passa por um excelente momento neste segmento.”

No entanto, não são todos os lojistas que estão sentindo o reflexo desse crescimento, especialmente as lojas menores, como explicou José Eduardo, proprietário de uma loja há mais de 50 anos no bairro Ponte Preta. “Estamos com a expectativa de vendas abaixo da média esperada para o ano de 2024, em torno de 20% a menos”, projetou. O motivo para esse cenário foi analisado por Marcelo Tognolo, sócio de José. “Existe o mercado varejista e existe a compra direta entre as construtoras e os fabricantes de material de construção, o que faz com que esse crescimento não chegue às lojas menores.” De acordo com Marcelo a loja não possui opção online para a compra dos produtos e a clientela é formada por pessoas que já conhecem o estabelecimento. 

Segundo Pazzini, a expectativa de aumento do consumo de materiais de construção na RMC reflete os gastos da população não apenas em lojas físicas, mas também no mercado virtual, o que pode ajudar a explicar a situação diferente vivida nos pequenos comércios. “Após a pandemia, houve aumento do volume de compras on-line, pois muitas vezes os preços são mais baixos devido às lojas não terem necessidade de manter estoques e não ter que pagar comissão para vendedores. Normalmente pequenos varejistas não têm cultura de vendas on-line, apenas as grandes redes oferecem esse serviço.” 

Borges Antônio, que há 58 anos é proprietário de uma loja no Jardim do Trevo, comentou que o volume de vendas está alto, especialmente para produtos básicos, como areia, tijolo, cimento e pedra, tubos e conexões. “Não temos a opção de vendas on-line, mas a nossa loja é bastante conhecida, então normalmente são os próprios pedreiros e construtores que nos indicam para os clientes”, revelou. Ele acrescentou que as vendas estão mais direcionadas para reformas domésticas do que para a construção. 

De acordo com outro comerciante, Luiz Vicente, que há 28 anos é dono de uma loja localizada na Vila Indústrial, há uma estabilidade, algo positivo para ele, nas vendas do mercado varejista. “Ainda não estamos no ideal de vendas, houve uma oscilação nos últimos dois meses, porém consigo perceber uma melhora no mercado. De modo geral, de 2023 até agora, podemos considerar que o volume de vendas é bom.” O estabelecimento conta com a opção de comércio eletrônico, mas as vendas nessa modalidade ainda não superam as realizadas fisicamente na loja. 

O levantamento do IPC Maps apontou que em Campinas, especificamente no comércio varejista de materiais de construção, houve um aumento de 4,2% do ano passado até agora, somando o valor de R$ 2,6 bilhões. Segundo Marcos Pazzini, a economia está crescendo mais do que o previsto no início de 2024. “A tendência é que para 2025 tenhamos um progresso com o mesmo padrão de 2024, já que a economia vem crescendo graças ao aumento do consumo da população.”

LANÇAMENTOS IMOBILIÁRIOS 

De acordo com pesquisa realizada pelo Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação ou Administração de Imóveis (Secovi-SP), foi registrado um aumento de 25,8% no número de imóveis lançados no 1º semestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano passado. O levantamento foi realizado em 41 cidades do Estado. Em Campinas, o Valor Global de Lançamentos (VGL), que é a soma dos valores monetários em moeda corrente, das unidades lançadas no período foi de R$ 2,3 milhões, aumento de 10,7%. No primeiro semestre de 2023 o VGL foi de R$ 2,08 milhões.

“Tivemos um grande represamento durante a pandemia, mas o mercado se reergueu nos últimos dois anos. Em 2024, houve maior agilidade na aprovação de projetos, o que propiciou essa alavancada nos lançamentos e também nas vendas. Campinas é um centro comercial, estudantil e um polo de desenvolvimento econômico. Todas essas qualidade têm chamado a atenção de compradores e de investidores em imóveis”, comentou a diretora Regional e de Administração Imobiliária e Condomínios na Regional Secovi-SP em Campinas, Kelma Camargo. 

Ainda de acordo com a diretora, o mercado campineiro abrange todos os tipos de empreendimentos, desde pequenos imóveis com um quarto até produtos de alto padrão. “A velocidade das vendas depende da agilidade na aprovação dos projetos pela municipalidade. Tendo essa agilidade, o mercado vai crescer e ter um público cativo para receber todos esses empreendimentos.”

 A pesquisa também apresentou o preço médio por metro quadrado de imóveis verticais na metrópole, R$ 8.314. A cidade tem o quatro maior preço médio do Estado de São Paulo, inferior apenas ao da Baixada Santista (R$9.653), Grande ABC (R$8.754) e Região Metropolitana de São Paulo (R$8.426). O preço médio por metro quadrado dos imóveis referentes ao programa Minha Casa Minha Vida em Campinas foi de R$5.590, colocando a cidade também com o quarto maior valor médio entre todas as cidades pesquisadas, atrás de Barretos (R$6.731), Jundiaí (R$6.409) e Região Metropolitana de São Paulo (R$5.655). 

CENÁRIO NACIONAL 

Os setores imobiliário e de construção civil devem movimentar, juntos, cerca de R$ 370,6 bilhões até o final do ano no Brasil. Segundo o levantamento do IPC Maps, essa alta é impulsionada principalmente pela compra de imóveis, com um crescimento de 10,3% de 2023 para 2024, totalizando R$114,6 bilhões. A categoria de materiais de construção deve movimentar o equivalente a R$ 256 bilhões, representando um crescimento de 8,3% em comparação ao ano passado. 

“O setor de Construção é importante para a economia, pois traz geração de empregos, gera demanda da população para adquirir imóveis e movimenta outros setores, como o financeiro, através de financiamentos de imóveis para a população e linhas de crédito para construtores”, completou Pazzini.

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