Fotografia obtida a partir de voo com drone da CETESB, em 17/07/2024 (CETESB)
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) concluiu o laudo técnico que responsabiliza a Usina São José S/A Açúcar e Álcool pelo derramamento de resíduos de cana-de-açúcar, que resultou na morte de mais de 235 mil peixes no Rio Piracicaba. A empresa foi multada em R$ 18 milhões pelo incidente, que ocorreu em duas datas distintas: 7 e 15 de julho.
Incidente e Consequências
O derramamento de águas residuárias e mel de cana-de-açúcar pela Usina São José levou a uma drástica redução do oxigênio na água, tornando-a inviável para a vida aquática. Entre os dias 7 e 8 de julho, o pH do Ribeirão Tijuco Preto caiu de 7,4 para 5,4, indicando alta acidez devido aos resíduos. Esse material poluente foi transportado para o Rio Piracicaba, resultando na primeira onda de mortandade de peixes. No dia 15 de julho, um segundo evento ocorreu na Área de Proteção Ambiental (APA) Tanquã, onde a carga orgânica se acumulou, causando mais mortes.
"A CETESB agiu com prontidão desde os primeiros relatos de mortandade de peixe no Rio Piracicaba. A equipe da Agência Ambiental local realizou inspeções e coletas, localizou a fonte poluidora e garantiu que mais nenhum resíduo fosse extravasado", afirmou Mayla Fukushima, diretora-presidente em exercício da CETESB. A investigação confirmou a relação direta entre o extravasamento de resíduos da usina e os eventos de mortandade.
Medidas Imediatas e Futuras
Após receber denúncias sobre o odor alterado do rio e a mortandade de peixes, a CETESB enviou equipes técnicas para coletar amostras e realizar vistorias. No dia 8 de julho, a fonte poluidora foi identificada e o descarte irregular de resíduos foi interrompido. Em seguida, a concessionária da UHE Salto Grande, em Americana, aumentou o vertimento de águas do reservatório para ajudar na diluição da carga poluidora.
A CETESB continuou monitorando a qualidade da água e, após o segundo episódio de mortandade no Tanquã, coletou novas amostras e utilizou imagens de drone e satélite para estimar o número de animais mortos e planejar a retirada das carcaças.
A Operação Pindi-Pirá, coordenada pela Polícia Militar Ambiental, será realizada para remover os peixes mortos do Tanquã. A força-tarefa inclui órgãos do Governo de São Paulo, como a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Fundação Florestal e a própria CETESB, que trabalharão em parceria com a Prefeitura de Americana.
Multa e Exigências
A multa aplicada à Usina São José leva em conta a omissão sobre o extravasamento de substância poluidora, o alto volume de peixes mortos e o impacto em uma área de proteção ambiental. Além da multa de R$ 18 milhões, a CETESB estabelecerá exigências técnicas e medidas corretivas que a usina deverá implementar para prevenir futuros desastres ecológicos.
A CETESB continuará acompanhando a situação e tomando as medidas necessárias para garantir a recuperação do ecossistema afetado.
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