EDUCAÇÃO COMO VALOR

Ceprocamp dobra número de alunos em somente dois anos

Centro, que conta com 13 unidades e deverá inaugurar mais três até 2024, tem atualmente 3.125 alunos matriculados, sendo 2 mil mulheres

Luis Eduardo de Sousa/ luis.reis@rac.com.br
12/07/2023 às 08:53.
Atualizado em 12/07/2023 às 08:53
Com um total de 13 unidades , o Centro de Educação Profissional de Campinas Antônio da Costa Santos oferece qualificação profissional e estimula seus alunos a buscarem níveis mais avançados de formação (Kamá Ribeiro)

Com um total de 13 unidades , o Centro de Educação Profissional de Campinas Antônio da Costa Santos oferece qualificação profissional e estimula seus alunos a buscarem níveis mais avançados de formação (Kamá Ribeiro)

Pesquisa de perfil dos alunos divulgada na terça-feira (11) pelo Centro de Educação Profissional de Campinas Antônio da Costa Santos (Ceprocamp) revelou que o número de alunos da instituição aumentou em 105,5% nos últimos dois anos. No primeiro semestre de 2021, a instituição tinha 1.520 alunos matriculados nas nove unidades existentes até então. Em igual período de 2022, já eram 2.510 alunos, divididos em 10 unidades.

Em 2023, conforme os dados apresentados pela Prefeitura, a instituição atingiu 3.125 alunos matriculados, contando agora com 13 unidades. Na terça-feira (11), o prefeito Dário Saadi (Republicanos) apresentou entregou mais uma unidade, instalada no Jardim Campo Belo, bairro próximo ao Aeroporto Internacional de Viracopos. O avanço no número de matriculados é reflexo de uma procura maior dos campineiros por qualificação técnica e profissional. Houve também, entre os anos analisados, um aumento na quantidade de cursos profissionalizantes oferecidos, saltando de 25 em 2021 para 45 em 2023, além de seis cursos técnicos.

A pesquisa de perfil dos alunos foi divulgada pela gerente de educação profissional da Fumec/Ceprocamp, Andréa Jaconi. Segundo ela, a análise dos dados mostra que houve um aumento de 393% na quantidade de jovens de 15 a 17 anos matriculados - percentual acima do observado no crescimento total de alunos.

No primeiro semestre de 2021, os estudantes nessa faixa etária eram 126, evoluindo para 295 no ano seguinte e chegando 496 em 2023. Ocorreu crescimento também no número de estudantes estrangeiros. Para o primeiro semestre dos últimos três anos, os alunos de fora do país responderam por 11, 20 e 37 matrículas, respectivamente. Por esse motivo, o Centro passará a oferecer curso de português para estrangeiros.

NOVA UNIDADE

Com a entrega da unidade no Campo Belo, a cidade passa a contar com 13 estruturas do Ceprocamp, sendo que três delas são itinerantes. A nova escola custou R$ 6,6 milhões aos cofres públicos. Trata-se de um prédio de dois andares construído em área de 712 m², que conta com seis salas, das quais três para aulas, uma para os professores, uma de reunião e uma usada como laboratório de informática.

O prédio conta ainda com refeitório, cozinha, depósito e banheiros acessíveis. O início das atividades está previsto para o dia 29 próximo. De acordo com Andreia Jaconi, a necessidade de uma unidade no Campo Belo foi sentida quando uma unidade móvel - que funciona dentro de uma carreta - esteve no bairro. Tamanha foi a procura que o veículo teve que permanecer por mais tempo, até que os alunos concluíssem a capacitação.

"A permanência da carreta revelou a necessidade de ser ter uma unidade fixa e com estrutura que comporte todos os usuários. Antes, havia uma unidade integrada que funcionava no Centro de Ação Social Integrado (CASI) desde 2019. Atendemos 225 alunos naquele espaço com cursos de qualificação profissional, mas a estrutura que esse novo prédio vai conferir é importante, é um marco", explicou Jaconi. O secretário de Educação José Tadeu Jorge chamou a atenção para a dinâmica do sistema de ensino. Na visão dele, a oferta de qualificação profissional em áreas de vulnerabilidade social da cidade dá oportunidade para que a população alcance níveis mais avançados de formação. "A demanda por educação não é igual em todas as regiões. Nos bairros mais vulneráveis, as pessoas querem se qualificar para entrar no mercado de trabalho, criar independência financeira. Mas a gente percebe que, após o contato com o ensino, elas tendem a continuar estudando e isso permite almejar objetivos maiores, como uma faculdade", analisou o secretário."A permanência da carreta revelou a necessidade de ser ter uma unidade fixa e com estrutura que comporte todos os usuários. Antes, havia uma unidade integrada que funcionava no Centro de Ação Social Integrado (CASI) desde 2019. Atendemos 225 alunos naquele espaço com cursos de qualificação profissional, mas a estrutura que esse novo prédio vai conferir é importante, é um marco", explicou Jaconi.

O secretário de Educação José Tadeu Jorge chamou a atenção para a dinâmica do sistema de ensino. Na visão dele, a oferta de qualificação profissional em áreas de vulnerabilidade social da cidade dá oportunidade para que a população alcance níveis mais avançados de formação. "A demanda por educação não é igual em todas as regiões. Nos bairros mais vulneráveis, as pessoas querem se qualificar para entrar no mercado de trabalho, criar independência financeira. Mas a gente percebe que, após o contato com o ensino, elas tendem a continuar estudando e isso permite almejar objetivos maiores, como uma faculdade", analisou o secretário.

Nesse sentido, Andréa Jaconi cita alunos que ingressaram para se capacitar profissionalmente e hoje têm formação superior. "Tem alunos nossos que chegaram sem qualificação nenhuma e hoje são engenheiros e enfermeiros, por exemplo. Tendo uma qualificação e, consequentemente, um emprego, fica mais fácil pensar além", comentou.

A unidade do Campo Belo tem capacidade para atender 120 alunos por turno, totalizando 360, se somados os três períodos. O espaço vai iniciar as atividades ofertando três cursos no segundo semestre: informática básica (manhã), auxiliar de logística (tarde) e cuidador de idosos (noite), além de manter 90 estudantes do bairro que atualmente cursam o ensino fundamental através do EJA. 

O prefeito Dário revelou que haverá um adendo importante na unidade do Campo Belo, em razão da proximidade do bairro com o Aeroporto Internacional de Viracopos. "Estamos tratando com a direção do aeroporto a oferta de cursos de diferentes funções desempenhadas lá dentro, para que os alunos que passarem por aqui possam trabalhar em Viracopos", revelou. Ainda não há uma previsão, no entanto, de quando as capacitações nesse sentido devem começar. De acordo com o prefeito, profissionais do próprio aeroporto devem lecionar. A parceria é inédita. Desde 2004, quando o Ceprocamp iniciou as atividades, foram atendidas 30 mil pessoas em cursos de qualificação e 6 mil em cursos técnicos.

NOVAS UNIDADES

Também na terça-feira, a Administração informou que até o fim do atual mandato mais três unidades do Ceprocamp serão inauguradas no município. Uma delas, na Vila Mimosa, já está concluída e pronta para ser entregue. "Essa unidade está pendente apenas de alguns ajustes, mas em breve será inaugurada", informou Dário Saadi. As outras duas devem ser entregues em 2024, sendo que uma delas será instalada na região da Vila Padre Anchieta e a outra, na região dos Amarais.

A mais nova unidade do Ceprocamp foi inaugurada ontem no Jardim Campo Belo, com a presença do prefeito Dário Saadi (Rodrigo Zanotto)

A mais nova unidade do Ceprocamp foi inaugurada ontem no Jardim Campo Belo, com a presença do prefeito Dário Saadi (Rodrigo Zanotto)

MUDANÇA DE VIDA

A jovem Ana Nicolau, de 23 anos, veio de Angola em 2019 para procurar melhores condições de vida no Brasil. No início, ainda com 19 anos, ela teve dificuldade para encontrar emprego. Através de uma amiga, ela conheceu o Ceprocamp e começou a fazer os cursos. Atualmente, está no terceiro.

"Agora estou fazendo inglês, mas já cursei informática básica e depois fiz o (curso) de recepcionista", conta Ana, que chegou a Campinas apenas com grau médio no currículo.

"Estou me qualificando o máximo que posso para trabalhar. Graças aos cursos consegui trabalhar em um salão de beleza. Para falar a verdade, eu não tinha uma boa visão sobre os cursos, por serem gratuitos. Imaginava que era uma coisa qualquer, mas quando fiz o primeiro, percebi o quanto era importante e o quanto os professores eram bons", elogiou.

Ana é uma das milhares de mulheres que estudam no Centro. Atualmente, o público feminino corresponde pelo dobro do masculino. São mil homens e duas mil mulheres. Dário e Jaconi reforçaram que o programa "ajuda mulheres a sair de situação de abuso e violência doméstica, conferindo independência profissional e financeira para que potenciais vítimas consigam sair de perto dos agressores".

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