Tempo mais seco facilita a propagação de incêndios; recomendação é que pessoas não ponham fogo em lixo (Cedoc)
O mês de maio será marcado por chuvas abaixo da média e temperatura acima da usual, segundo prevê boletim emitido pelo Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Essa condição climática é influenciada pelo El Niño, que está começando a se formar e dificulta a passagem das frentes frias até a região sudeste do Brasil. A expectativa é que os primeiros dez dias do mês sejam quentes. Já o segundo decêndio terá chuvas regulares e declínio das temperaturas. Por fim, entre os dias 21 e 31 de maio, as temperaturas estarão acima da média e não há indicativos que será um período chuvoso.
O meteorologista do Cepagri Bruno Bainy disse que, apesar dessa previsão, não são esperados períodos secos. “No entanto, o volume mensal de chuva será baixo”, disse. No mês de maio ocorrerá mais evapotranspiração, que é a evaporação de água do solo e corpos d'água e transpiração das plantas, do que chuvas. Ou seja, o balanço híbrido será negativo, pois, na prática, cairá menos água do que está subindo para a atmosfera.
Esse cenário pode favorecer a ocorrência de queimadas, fator que motivou a Defesa Civil de Campinas a iniciar a Operação Estiagem, justamente para atuar na prevenção desses eventos. Bainy sugeriu que é essencial que os moradores colaborem com essas ações preventivas. “É imprescindível que a população contribua com as ações da Defesa Civil. Não usando fogo para queimar lixo ou limpar terrenos, uma vez que as condições são muito favoráveis à propagação dos focos de incêndio”, disse o meteorologista. Ele destacou que os problemas gerados pelas queimadas não são só a devastação de áreas de preservação, mas também a deterioração da qualidade do ar, que acarreta em comorbidades cardíacas e respiratórias.
Abril
O balanço meteorológico referente a abril, divulgado pelo Cepagri, aponta que o mês foi marcado por um contraste entre a primeira e a segunda quinzenas. Entre os dias primeiro e 15, as temperaturas estavam mais elevadas e houve menor recorrência de chuva, apesar de terem sido eventos com acumulados expressivos. Na outra metade do mês, as temperaturas registradas foram mais amenas e ocorreram mais chuvas. As precipitações em Campinas ficaram acima da média. Mas, segundo balanço, foram bem distribuídas na cidade.
Bruno Bainy destacou que esse quadro foi influenciado, principalmente, pela frente fria que chegou ao município no dia 19. “Ela causou uma queda expressiva nas temperaturas e outras frentes frias que vieram após isso e ajudaram a manter as temperaturas mais amenas. Além disso, dias de céu mais nublado entre os dias 26 e 28 também favoreceram temperaturas máximas mais amenas, em torno de 25ºC”, explicou.
Abril foi o mês com a menor temperatura média de 2023. A temperatura média mensal de abril de 2023 foi de 22ºC. A média climatológica para o mês, calculada com dados entre 1991 e 2020, é de 23,1ºC. Em janeiro, os termômetros marcaram a média de 23,9ºC, fevereiro 24,5ºC e março 24,9ºC.
O meteorologista explicou como é feito esse cálculo das médias. “A média climatológica é feita com base em 30 anos de dados. No caso das temperaturas, pegamos os extremos e os médios diários e calculamos a média. No caso das chuvas, é a média dos acumulados mensais, então, computamos os acumulados mensais para determinado mês, para 30 anos, e, com base nesses 30 valores de chuva mensal acumulada, computamos a média de chuvas para o mês”, disse. “No caso das médias mensais periódicas, como essas de abril de 2023, calculamos a média das temperaturas mínimas com base nas mínimas de cada um dos 30 dias do mês, e o mesmo com as máximas”, finalizou.