Sistema de bombeamento do volume morto do Cantareira, implantado em 2014: cenário de restrição não ocorrerá novamente, pondera analista (Cedoc/RAC)
Há 55 dias sem chuvas na região dos reservatórios, o Sistema Cantareira entrou no período de seca armazenando 45,9% de água, 26,4% menos do que havia na mesma data em 2013, ano que antecedeceu a pior crise hídrica da história do sistema. O momento exige atenção e uso racional da água, afirma o especialista em recursos hídricos José Luiz Fioravante, mas a situação, apesar do baixo volume armazenado – são 450,9 bilhões de litros de volume útil – é sensivelmente melhor do que a que existia há cinco anos, por causa das novas regras operativas que passaram a valer desde o ano passado. “Temos hoje melhor controle da liberação de água para a Grande São Paulo e para a região de Campinas e passamos a contar também com a possibilidade de “importar” água da Bacia do Rio Paraíba do Sul, se houver necessidade. Dificilmente teremos uma crise de abastecimento como a ocorrida em 2014 e 2015”, afirmou Fioravante. A grande mudança, afirmou, foi o estabelecimento de faixas de operação, de acordo com o volume de água armazenado, e regras para a liberação, de acordo com as faixas. Por exemplo, quando o volume útil armazenado for igual ou maior que 60%, o limite de retirada para a Grande São Paulo é de 33m³/s. Quando estiver na faixa de atenção, com volume superior a 40% e inferior a 60%, como ocorre agora, o envio autorizado para São Paulo cai para 31m³/s, na faixa de alerta (entre 30% e 40% de armazenamento), o envio cai para 27m³/s. Já na faixa de restrição, entre 20% e 30%, a retirada fica em 23m³/s e na faixa especial, com volume acumulado inferior a 20%, o limite de retirada cai para 15,5m³. Faixa especial Quando o Sistema Cantareira estiver operando na faixa especial, a definição e alocação das vazões bombeadas do reservatório de Jaguari, localizado na bacia do Rio Paraíba do Sul, serão definidas pelos órgãos gestores para aumentar a segurança hídrica do sistema. A interligação dos reservatórios permite a transferência de vazão média de 5,13m³/s (máxima de 8,5m³/s) da Jaguari para a Atibainha, garantindo maior segurança hídrica. Desde o dia 1º de junho, quando iniciou o período seco e que vai até novembro, a região de Campinas terá direito a 10m³/s do Cantareira. São 2 m³/s a menos do que esteve disponível no período úmido, quando a liberação garantida era de 12 m³/s. Além disso, passaram a valer novas vazões de controle nos rios Atibaia e Jaguari. Com os reservatórios operando na faixa de atenção, estão garantidas vazões de 2 m³/s no Rio Atibaia, na cidade de Atibaia, e 10m³/s em Valinhos e de 2m³/s no Rio Jaguari, em Buenópolis. Com esse volume garantido no posto de monitoramento em Valinhos, avalia Fioravante, o abastecimento de Campinas não corre risco. A Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) tem autorização para retirar 4,1m³/s, suficiente para abastecer 95% da população. Ontem, o Atibaia registrou vazão de 11,5m³/s, em Valinhos, quase o triplo do que Campinas está autorizada a captar e o Cantareira liberou 6,5m³/s para as Bacias PCJ.