Libraport – Centro Logístico Industrial Aduaneiro ocupa área de 90 mil m² na Vila San Martin, com quatro armazéns que somam 28 mil m² de construção (Kamá Ribeiro)
Campinas se tornou referência nacional para a importação e exportação de produtos farmacêuticos ao garantir o mesmo padrão de qualidade desde o desembarque até o desembaraço de mercadorias. A Libraport – Centro Logístico Industrial Aduaneiro (CLIA), sediada na Vila San Martin, conquistou a CEIV Pharma (Center of Excellence for Independent Validators in Pharmaceutical Logistics), emitida pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), mesma certificação obtida pelo Aeroporto Internacional de Viracopos em 2018. Com isso, a Libraport pode movimentar de matéria-prima a medicamentos prontos, inclusive vacinas.
Campinas se torna a segunda cidade do País a contar com um conjunto — aeroporto e centro logístico — com esse selo internacional de qualidade que certifica a segurança em todo o processo de armazenagem e transporte de produtos farmacêuticos envolvidos em comércio exterior. A outra é Guarulhos.
O CEIV Pharma (Centro de Excelência para Validadores Independentes em Logística Farmacêutica, em tradução livre) tem por objetivo auxiliar as organizações e toda a cadeia de fornecimento de carga aérea a atingir a excelência na logística de produtos farmacêuticos.
Viracopos foi a principal porta de entrada no Brasil de vacinas e insumos no combate à pandemia de covid-19. O aeroporto foi o único do País a receber doses da vacina da Pfizer-Biontech, que exigia condições especiais na operação pela necessidade de ser transportada e armazenada a -80ºC para garantir um prazo de validade de seis meses após a fabricação. Na temperatura de 2ºC a 8ºC, a validade é reduzida para 31 dias. Viracopos recebeu 200 milhões de doses de vacina em 2021 somente dessa fabricante norte-americana.
Estrutura
A Libraport ocupa uma área de 90 mil metros quadrados próxima ao Aeroporto dos Amarais, com quatro armazéns, que totalizam 28 mil m² de construção. Cada um deles tem características específicas para armazenagem de produtos. O armazém destinado a produtos de saúde humana e animal é o 2, que conta com ambientes com temperatura controlada entre 15º e 25ºC e 2º e 8ºC. Este último é uma câmara fria que fez parte dos investimentos de R$ 3,7 milhões realizados pela empresa no ano passado. Os recursos foram destinados ainda à obtenção do CEIV Pharma e instalação de uma área de inspeção do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Um total de 25.055 veículos passaram pelo terminal, que movimentou 472.515 m³ de cargas. Com 126 funcionários diretos, a empresa recebeu em 2021 o equivalente a US$ 2,38 bilhões em mercadorias (R$ 11 bilhões). O segmento farmacêutico teve uma participação de 40% na atuação da empresa em 2021, o dobro do registrado em 2014. Já o setor de alta tecnologia representou 26,4%, o metal/mecânico 2,8% e outros segmentos 20,3%.
De acordo com o diretor-presidente da Libraport. Bruno Barbosa, com a crise econômica iniciada há oito anos, a empresa definiu em em 2020 o planejamento estratégico voltado ao setor farmacêutico. “Esse segmento pode crescer menos, mas não entra em recessão”, diz. Ele completa que a população brasileira está envelhecendo, o que demandará maior consumo de produtos farmacêuticos.
A previsão é que o segmento farmacêutico tenha participação entre 50 e 55% na atuação do complexo logístico em dois anos. Barbosa explica que a obtenção do CEIV Pharma envolveu o treinamento dos funcionários e mudanças em procedimentos que beneficiarão outros setores atendidos pela empresa por exigirem melhorias nos processos internos para a armazenagem de produtos de alta complexidade.
“Essa certificação atesta empresas que adotam as melhores práticas nacionais e internacionais no que tange à movimentação e armazenagem de produtos farmacêuticos”, afirma. Ele aponta que a posição estratégica a 30 km de Viracopos, a 120 do Aeroporto de Guarulhos e a 200 km do Porto de Santos, favorece a operação do centro logístico.