Alertas de emergência possibilitam que pessoas possam se precaver e deixar áreas de risco ou sujeitas a enchentes (Kamá Ribeiro)
O sistema de alertas de emergência da Defesa Civil de Campinas ganhará reforço com um radar meteorológico, equipamento inédito, que garantirá mais precisão e agilidade nos sinais emitidos pelo órgão, já que o sistema será alimentado com dados coletados diretamente na cidade e não mais pelo sistema nacional. O equipamento irá captar dados de todas as cidades da Região Metropolitana de Campinas com objetivo principal de salvar vidas através do envio de mensagens nos celulares de moradores para que evitem as áreas de risco durante tempestades. O Governo Estadual discute formas de tornar esse sistema ainda mais efetivo para atingir mais pessoas.
O radar orçado em R$ 6,5 milhões será custeado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Agência Metropolitana de Campinas (Agemcamp). A empresa que ganhou o processo licitatório está na fase de entrega de documentos e a implantação do equipamento ocorrerá no prazo de um ano. A pesquisadora do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, Ana Ávila, disse que é fundamental ter um sistema próprio na cidade para agilizar a emissão dos alertas, para que a população tome as devidas providências, como deixar as áreas de risco o mais rápido possível.
Além disso, o sistema será mais preciso, gerando mais confiabilidade para os alertas. “É fundamental porque o alerta é o começo de tudo. Se não tem um alerta preciso, você terá um problema na cadeia toda”, disse a pesquisadora se referindo aos problemas que serão gerados diante da imprecisão de informações, que podem ocasionar desconfiança da população ou até mesmo a tomada de decisões erradas.
O diretor da Defesa Civil de Campinas, Sidnei Furtado, explicou que esses alertas são emitidos pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e que funcionam 24 horas. Esse sistema existe em todo Brasil. Segundo ele, esse sistema é importante porque permite alertar a pessoa em um período oportuno, dando tempo para que saia das zonas consideradas de risco. “Quanto mais informações você tiver, maior a chance de evitar problemas. As pessoas poderão evitar passar em áreas alagadas, por exemplo”, exemplificou.
O diretor da Defesa Civil de Campinas reconheceu que é preciso aperfeiçoar o sistema. Furtado apontou que, como o cadastro fica a critério da pessoa, é difícil alcançar toda a população. “Tem gente que não sabe se cadastrar”, explicou. Ele disse que seria mais efetivo um sistema que envia mensagens automaticamente para o celular, independente de cadastro ou não, pois assim seria possível atingir mais pessoas.
O taxista Ricardo Oliveira Melo, 43 anos, sequer sabia da existência desse sistema. Melo disse que os alertas ajudariam muito, pois o ponto de táxi fica em uma área que alaga facilmente. “Eu iria evitar as áreas. Quando chove, fica cheio de água aqui”, contou o taxista.
Adelicia Martins da Silva Soares, 37 anos, moradora do bairro Parque Oziel, cuja residência fica perto de um barranco, disse que um alerta desses poderá ajudá-la a deixar a casa e ir para um local mais seguro a tempo, antes de uma tragédia acontecer. “Eu tenho problema na coluna. Tenho dois filhos pequenos. Não conseguiria sair correndo daqui”. Adelicia também não conhecia esse sistema de alertas contra enchentes. Ela disse que, eventualmente, recebe informações de vizinhos que ficam sabendo através da imprensa sobre problemas ocasionados por chuva. Segundo ela, com um alerta desses seria possível tomar uma decisão rápida para proteger a família.
A emissão de alertas de emergência no Estado de São Paulo visa a proteger a população de chuvas fortes, enchentes, deslizamentos, raios e quaisquer eventos meteorológicos extremos. Esses alertas são curtos e informam somente sobre um possível risco, baseado na previsão do tempo.
O governador Tarcísio de Freitas se reuniu nesta semana com executivos de operadoras de telefonia móvel para discutir opções tecnológicas para melhorar o sistema de alertas à população residente em áreas de risco diante de possíveis desastres naturais.
Atualmente, o sistema de alertas é feito por meio de mensagens SMS. Para receber esses alertas, é necessário que o usuário faça um cadastro. Há cerca de 2,6 milhões de usuários cadastrados no Estado de São Paulo. A ideia, segundo o governador, é montar um sistema de alertas mais moderno, chamado cell broadcast, que tem o diferencial de enviar os alertas para Estações Rádio Base (ERB), que direcionam a mensagem automaticamente para todos os aparelhos celulares que estejam em seu raio de cobertura. Com isso, os alertas passariam a atingir mais pessoas, uma vez que não seria necessário esse cadastro. O método já é utilizado nos Estados Unidos, no Japão e em países da Europa.
“O dono do celular pode estar jogando, assistindo filme, fazendo o que for, a mensagem vai aparecer e chamar a atenção da pessoa. Ao sair da área onde as torres estão recebendo e distribuindo os alertas da Defesa Civil, aquele celular deixa de receber os alertas”, explicou Tarcísio de Freitas. O alerta aparecerá na tela e o usuário precisa confirmar que visualizou a mensagem.