Estudantes relatam que a passarela ao lado do da Faculdade Anhanguera de Campinas estava sem iluminação há cinco anos; alunos procuraram a Delegada Teresinha para conseguir melhorar a situação e aumentar a segurança no local (Kamá Ribeiro)
A cidade de Campinas conta, em média, com mais de uma reclamação por dia referente à iluminação pública. O dado leva em consideração as queixas feitas por meio do telefone 156 da Prefeitura, todas em dias úteis. Entre 1º de janeiro e 15 de abril, 92 solicitações referentes à iluminação pública foram feitas pelo canal, sendo a falta de luz uma das reclamações mais recorrentes registradas pelo Serviço de Atendimento ao Cidadão.
A Prefeitura não informou, até o fechamento da edição, quantos pontos de iluminação pública estão atualmente com algum tipo de problema. Reportagem publicada em maio do ano passado pelo Correio Popular indicava que ao menos mil dos 123 mil pontos existentes no município contavam com algum tipo de problema, o que gera insegurança entre motoristas e pedestres que passam por esses lugares.
Um dos locais considerados mais críticos é o da passarela que liga os dois lados da Rodovia Miguel Noel Nascentes Burnier, na altura da Faculdade Anhanguera de Campinas (FAC). Alunas do Campus Taquaral da faculdade chegaram a acionar a delegada aposentada Teresinha de Carvalho, que foi a primeira titular da Delegacia de Defesa da Mulher na cidade, para tentar resolver a falta de iluminação na passarela de pedestres em frente à instituição. Segundo Teresinha, ela foi procurada logo após ministrar uma palestra, em março, em comemoração ao mês da mulher, sobre a Lei Maria da Penha.
“Algumas alunas relataram que não podiam atravessar sozinhas a passarela, que tinham medo, principalmente na saída da faculdade. Elas disseram que precisaram até mesmo mudar suas vestimentas para não chamarem a atenção", comentou a delegada. “Fiquei feliz em poder ajudar. Sou uma pessoa da área da segurança pública e acho que foi isso o que fez com que elas me procurassem.”
Teresinha ressaltou ainda que a iluminação e a pode de árvores são fundamentais na prevenção primária da violência, pois “quando a rua é iluminada, os riscos de violência diminuem e todos são favorecidos. Não é uma ajuda apenas para as mulheres, mas para todos”.
Além de confirmar todas as informações prestadas pela delegada, a aluna de Biomedicina da FAC, Adriana Toledo, explicou que as aulas têm início sempre às 19 horas, mas terminam em horários diferentes, de acordo com cada turma. Por isso, o fluxo de pessoas, apesar de contínuo, é disperso. Do lado da FAC não há estacionamento e os estudantes precisam atravessar a Rodovia Miguel Noel Nascentes Burnier pela passarela. Ela contou que até a conquista recente, eram cinco anos que a passarela estava sem iluminação “apesar de a faculdade ter tentado junto a diversos órgãos o seu restabelecimento sem obter êxito. Quando a Delegada Teresinha veio até a FAC (para ministrar a palestra), nós alunos pedimos o auxílio dela junto a esses órgãos, pois usuários de drogas e pessoas em situação de rua se espalhavam pelo lugar, criando uma atmosfera de insegurança, e ela conseguiu a iluminação”. Uma faixa de agradecimento à Delegada Teresinha e ao prefeito Dário Saadi (Republicanos) foi colocada na passarela à vista dos motoristas que passam pela rodovia.
Em nota, a Faculdade Anhanguera afirmou que “ao ser informada sobre a falta de iluminação na passarela fora de suas dependências, tomou medidas imediatas para garantir a segurança de seus alunos e colaboradores. Em 18 de março, a instituição enviou um ofício ao Departamento de Estradas de Rodagem solicitando apoio na resolução do problema no entorno do campus. Recentemente, o caso foi solucionado e o local está com a iluminação solicitada”.
Além disso, a instituição disse reiterar o “compromisso com a segurança e o bemestar de todos os membros da comunidade acadêmica”.
OURO VERDE
Outro ponto de grande reclamação da população é em frente a um shopping localizado na Avenida Ruy Rodriguez, na região do distrito do Ouro Verde, e nos arredores do espaço. De acordo com a auxiliar de serviços gerais, Diana Trindade Cruz, além de o ambiente ser escuro, há no entorno a ocorrência de muitos assaltos e a presença de muitos moradores de rua e usuários de drogas.
“No início de março, eu tive deixar o meu emprego como vigia no shopping, pois eu saía às 23h30 e o ônibus demorava demais a chegar. Muitas vezes eu precisava me arriscar e ir até o Terminal Ouro Verde, subindo a Ruy Rodriguez a pé, e o caminho não é curto. Eu ficava com muito medo.”
Ela descreveu que “certa vez, um rapaz em uma moto me abordou. Se não fosse um colega de trabalho passar com o carro naquela mesma hora, algo ruim poderia ter acontecido. A iluminação melhoraria em muito essa questão da segurança por aqui”.
CINCO VEZES MAIS
O parque de iluminação pública de Campinas começou a passar por modernização em outubro de 2023, de acordo com a Prefeitura, com a substituição das lâmpadas de vapor de sódio por luminárias com LED branca.
Ainda segundo a administração pública, as LED’s iluminam cinco vezes mais e são mais econômicas. Toda a cidade deverá passar por este processo de substituição em até dois anos. O trabalho está sendo executado pelo Poder Público junto ao consórcio Conecta Campinas, por meio de uma parceria público-privada (PPP), iniciada em março de 2023, com um contrato de 13 anos.
De acordo com o projeto, Campinas deve passar dos atuais 123 mil pontos de luz para 130 mil até 2026. Até o fim de março, cerca de 20 mil pontos receberam a nova iluminação. Além de modernizar os pontos existentes, outros locais receberão pontos de luz, o que inclui todas as ruas e avenidas da cidade, os corredores de ônibus, as praças e os parques.
A Conecta também faz a manutenção dos pontos de iluminação onde há lâmpadas apagadas ou com defeito, substituindo ou executando reparos conforme a necessidade. Somente na semana passada, entre 8 e 12 de abril, a cidade recebeu manutenção em 184 pontos para reparos e trocas de lâmpadas. A população pode acionar a Conecta por meio do telefone 0800-002-1747 e pelo aplicativo Campinas + Luz, que pode ser baixado gratuitamente.
PODAS DE ÁRVORE E PATRULHAMENTO
Em relação às árvores que tapam a iluminação, a Prefeitura diz que os pedidos de podas podem ser realizados pelo 156 para que seja feita uma vistoria e verificada a ação a ser tomada. Ainda segundo o Executivo, elas somente são extraídas caso ofereçam riscos.
Já o patrulhamento da Guarda Municipal (GM) é direcionado a partir de índices criminais de demandas de alguns locais, por isso é essencial fazer os boletins de ocorrência, ligar no 153 para informar delitos que possam ter ocorrido e passar o máximo possível de informações para a GM direcionar o patrulhamento para estes locais.
Siga o perfil do Correio Popular no Instagram.