Coordenadora da Atenção Primária à Saúde, Rejane Trautwein reforçou a importância do rastreio precoce e incentivou a realização periódica de avaliações pelas pessoas, uma vez que a doença pode ser silenciosa: 'É importante ter atenção com as aferições da glicemia e pressão arterial' (Carlos Bassan)
A Secretaria de Saúde Municipal calcula que Campinas tenha 87,7 mil pessoas diabéticas. O número foi divulgado ontem, no Dia Mundial do Diabetes. De acordo com a nota divulgada pela Pasta, os dados se baseiam no Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dos mais de 87 mil diabéticos, 45 mil estavam cadastrados no Sistema Único de Saúde (SUS) até outubro deste ano. São 1,8 mil pessoas a mais com a doença em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 43,1 mil pacientes.
A diabetes é uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo. A insulina é um hormônio que tem a função de quebrar as moléculas de glicose (açúcar) transformando-a em energia para manutenção das células do nosso organismo. Segundo o Ministério da Saúde, o diabetes pode causar o aumento da glicemia. Essas altas taxas podem ocasionar complicações no coração, artérias, olhos, rins e nervos. Em casos mais graves, pode levar à morte. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, existem atualmente no Brasil mais de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença. Alguns hábitos são essenciais para prevenir a doença, como praticar atividades físicas regularmente, manter uma alimentação saudável e evitar consumo de álcool, tabaco e outras drogas.
No período de 2014 a 2023 foram registrados em Campinas 2.306 óbitos em que o diabetes foi a causa básica, o equivalente a 2,9% do total de 79.852 no período. Já quando ela foi considerada como enfermidade que contribuiu para o desfecho morte, o número foi de 3.597, o que corresponde a 4,5% do total. Portanto, 7,4% dos óbitos na década foram em consequência ou tiveram a contribuição do fato de a pessoa ter a doença.
Para a Secretaria Municipal de Saúde, a discussão do tema é cada vez mais importante para a definição de políticas públicas em diversos países. Em Campinas, a doença é tratada como uma das prioridades pela Pasta, que oferece cuidado integral aos pacientes, com atendimento multiprofissional.
NÚMEROS
O número de atendimentos feitos pelos centros de saúde (CSs) passou de 66,4 mil para 70,3 mil no mesmo período, janeiro a outubro. A lista inclui consultas por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, assistentes sociais, psicólogos e terapeutas ocupacionais, além de exames e procedimentos.
CUIDADO INTEGRAL
Em Campinas, todas as 68 unidades básicas estão preparadas para assistência em saúde aos pacientes com diabetes. O cuidado é individualizado em consultas com equipes da saúde da família e há atendimento multiprofissional, incluindo nutricionistas e farmacêuticos.
A coordenadora da Atenção Primária à Saúde de Campinas, Rejane Trautwein, explicou que quem possui diabetes necessita de cuidados com olhares diferentes para obter qualidade de vida diante da condição crônica. Ela reforçou a importância do rastreio precoce e incentivou a realização periódica de avaliações pelas pessoas. “Muitas vezes o diabetes é uma doença silenciosa, portanto, é importante ter atenção com as aferições da glicemia e pressão arterial”, falou.
Rejane destacou ainda que, quando necessário, os pacientes são encaminhados pelos centros de saúde aos atendimentos especializados realizados pelas policlínicas. Nesta hipótese são contemplados casos de pacientes que precisam de assistência, por exemplo, nas áreas de oftalmologia e endocrinologia para exames e acompanhamento.
INOVAÇÃO
Campinas trabalha desde 2023 com o "Passos para uma vida melhor", um conjunto de ações intersetoriais que tem como objetivo desenvolver e expandir intervenções para prevenção primária da obesidade e outras doenças crônicas não transmissíveis, criado no âmbito do Cities for Better Health, programa da Novo Nordisk. No município a parceria ocorre entre a Prefeitura, a empresa global de saúde, a Embaixada da Dinamarca no Brasil e o Impact Hub como parceiro implementador. O programa consiste em uma série de ações intersetoriais entre secretarias e Ceasa.
A metrópole foi a primeira cidade brasileira entre mais de 50 no mundo a fazer parte do trabalho. Ele tem como eixos de implementação a formação para servidores e ações de promoção de saúde e prevenção de doenças crônicas para a população.
Em Campinas, o programa já impactou pelo menos 9,4 mil pessoas, de todas as faixas etárias, que participaram de ações sobre promoção de saúde e prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, alimentação saudável e atividades físicas.
Em junho deste ano, a Prefeitura e a Novo Nordisk lançaram nova iniciativa do programa global Cities for Better Health, com foco na prevenção da obesidade em crianças e adolescentes de 6 a 13 anos. O objetivo do projeto é implementar intervenções de impacto, escaláveis e comunitárias, sobretudo em áreas vulneráveis, para incentivar a vida saudável.