SAÚDE

Campinas lança Linha de Cuidado em AVC para otimizar assistência

Em 2023, doença provocou 6,3% das mortes na cidade

Do Correio.com
19/06/2024 às 18:18.
Atualizado em 19/06/2024 às 18:18
O prefeito de Campinas, Dário Saadi, durante lançamento da Linha de Cuidado em AVC (Rogério Capela)

O prefeito de Campinas, Dário Saadi, durante lançamento da Linha de Cuidado em AVC (Rogério Capela)

A Secretaria de Saúde de Campinas lançou na tarde desta quarta-feira, 19 de junho, a "Linha de Cuidado em Acidente Vascular Cerebral (AVC)". O documento foi elaborado em parceria com a Rede Mário Gatti, Unicamp e PUC-Campinas. Houve ainda apoio do vereador Major Jaime.

A iniciativa integra a série de realizações da Administração para celebrar os 250 anos de Campinas, em 14 de julho. O objetivo dela é otimizar a assistência aos pacientes por meio de maior integração entre os serviços do SUS Municipal que visam prevenção, tratamento e reabilitação. 

A medida valoriza o conceito de longitudinalidade do cuidado, ou seja, garantir um acompanhamento do usuário por mais tempo e fortalecer a Rede de Atenção em Saúde para atender em tempo oportuno, e ainda reduzir hospitalização, incapacitação e mortalidade.

“É muito importante esta Linha de Cuidado e, ao mesmo tempo, continuar alertando e informando a população sobre os fatores e doenças que podem levar uma pessoa a ter o AVC”, ressaltou o prefeito, Dário Saadi.

O AVC pode ser hemorrágico ou isquêmico, sendo que o primeiro ocorre quando os vasos que levam o sangue ao cérebro se rompem e causam hemorragia. O segundo, responsável por 85% dos casos, interrompe, parcial ou totalmente, o fluxo de sangue no cérebro. 

A possibilidade de recuperação completa depende da agilidade no diagnóstico e tratamento: o paciente que tem o AVC mais comum e recebe tratamento em até 4h30 após os sintomas têm 30% mais chances de alcançar bons resultados para a recuperação.

“É uma patologia extremamente ingrata do ponto de vista de sequelas para os pacientes. Nossa obrigação é criar uma linha de cuidados que abrevia o tempo entre essas pessoas terem sintomas e chegarem a ter assistência médica, muitas vezes, dentro do ambiente hospitalar”, destacou o secretário de Saúde, Lair Zambon.

O vereador Major Jaime, apoiador da iniciativa, representou a presidência da Câmara no lançamento. “Campinas é vanguarda em saúde, educação, tecnologia, em tudo. Isso [a questão do AVC] me chamou atenção demais e como vereador pensei, como posso ajudar? Levei a vocês [Prefeitura] para ter um direcionamento e fizeram tudo”, elogiou o parlamentar ao agradecer ao prefeito e aos representantes da Saúde e Rede Mário Gatti pela iniciativa.

Mortes e internações por AVC em Campinas

Em 2023, Campinas registrou 548 mortes por AVC, o equivalente a 6,3% do total.

A Linha de Cuidado reflete uma preocupação do Poder Público diante dos impactos social, econômico e previdenciário na vida dos pacientes e das famílias. 

Na última década houve estabilidade na quantidade de óbitos pela doença, com exceção de 2022, ano seguinte ao período mais crítico da pandemia. Por outro lado, com o aumento da expectativa de vida da população nas próximas décadas, e maior incidência da doença em adultos de meia idade e idosos, o panorama epidemiológico se torna mais desafiador. 

Campinas tem 209,3 mil residentes com idade igual ou superior a 60 anos, o equivalente a 18,4% da população. Segundo a Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares, um em cada quatro brasileiros enfrentará um AVC em algum momento da vida.

Série histórica de mortes por AVC em Campinas

2014 - 548

2015 - 567

2016 - 536

2017 - 605

2018 - 560

2019 - 548

2020 - 574

2021 - 538

2022 - 668

2023 - 548 (6,3% do total de óbitos no ano)

Durante 2023, a Saúde registrou 1.150 autorizações de internação hospitalar. Deste total, 70% foram para pacientes com mais de 60 anos. Neste grupo de hospitalizações foram 136 óbitos, o que representou taxa de letalidade de 11,83%. Ela é igual à nacional.

O Hospital Ouro Verde, referência municipal para AVC, realizou 534 internações, o equivalente a 46,4% do total. Foram 48 óbitos, portanto, taxa de letalidade de 9%. O percentual é menor que o geral do Município e em todo País.

“Não tenho dúvidas que a prevenção é a melhor arma da medicina. O objetivo é sempre diminuir a mortalidade”, falou o presidente da Rede Mário Gatti, Sérgio Bisogni, ao valorizar a iniciativa que pode contribuir para redução dos percentuais nos próximos anos.

A Secretaria de Saúde tem promovido uma série de ações intersetoriais com objetivo de garantir prevenção à doença, uma vez que 90% dos fatores de risco podem ser evitáveis: hipertensão arterial, diabetes mellitus, doenças cardíacas, colesterol elevado, ingestão de bebidas alcoólicas, tabagismo, sedentarismo e obesidade.

Na lista de iniciativas estão capacitações de equipes sobre envelhecimento da população, fortalecimento dos grupos antitabagismo que atuam no SUS Municipal, expansão do projeto de Farmácias Vivas, criação do projeto Samuzinho, webinários, além de atividades especiais como a realizada na Lagoa do Taquaral, em 8 de junho, por meio de parceria da Pasta com a Sociedade de Medicina e Cirurgia em Campinas e as ligas de Cardiologia do Município.

O que diz a Linha de Cuidado?

A Linha de Cuidado reúne: unidades de atenção primária; componente móvel de urgência (Samu/ pré-hospitalar); unidades de pronto atendimento (Upas) e prontos-socorros de hospitais gerais; hospitais com habilitação em centro de atendimento de urgência aos pacientes com AVC; unidades de atenção especializada; atenção domiciliar; serviços de reabilitação/centrais de regulação.

O atendimento aos usuários em situações agudas deve ser feito por todas as portas de entrada do SUS, com resolução completa ou encaminhamento para serviço de maior complexidade - sistema hierarquizado e regulado.

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