Campinas ocupa a terceira colocação no ranking de consumidores inadimplentes no Estado de São Paulo, com 395.925 cidadãos negativados ou com contas atrasadas, atrás apenas de São Paulo e Guarulhos. Com a meta de reduzir esses números, um ponto especial de apoio da Centralização de Serviços dos Bancos (Serasa) será inaugurado na próxima segunda-feira, com a oferta de descontos que podem chegar a 98%. O "Feirão Serasa Limpa Nome" foi anunciado ontem pela Serasa Consumidor em Campinas, onde as pessoas poderão regularizar sua situação com descontos em atendimento especializado. Amanda Rapouzo, gerente da Seresa Consumidor, estará presente no lançamento do espaço, que deverá atender a população no horário comercial até o dia 31 de março — na Rua Sacramento, 126, 10º andar, Centro Empresarial do Carmo, no Centro. Vale lembrar que a Região Metropolitana de Campinas (RMC) começou o ano com um aumento no número de moradores superendividados. Segundo dados divulgados em fevereiro passado pela Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic), o percentual de pessoas impossibilitadas de quitarem suas pendências subiu 3% entre os anos de 2018 e 2019. Em doze meses, a quantidade de devedores passou de 475,2 mil para 489,8 mil — um crescimento de 14,6 mil novos moradores com graves problemas financeiros na região. Desse montante, 180,6 mil residem em Campinas, quase um terço do total. O superendividamento acontece quando o consumidor adquire dívidas que superam sua renda e seu patrimônio, impedindo que ele consiga sair dessa situação sem comprometer custos relacionados à sua própria subsistência, como aluguel e alimentação. "Estamos falando de pessoas que estão com uma dívida acumulada superior a um ano e que não possuem nenhuma margem para sair do buraco em que se meteram", explicou Laerte Martins, economista da Acic. Segundo o estudo, atualmente 15% dos 3,25 milhões de habitantes da RMC estão superendividados. Entre as justificativas mais comuns estão: os cálculos feitos de cabeça, a preguiça para fazer o controle financeiro dos gastos, a falta de disciplina para administrar as finanças e a dificuldade para encontrar um equilíbrio entre o dinheiro que entra e o que sai da conta bancária. "A maioria da população brasileira, de um modo geral, não tem uma boa educação financeira. Eles ganham o dinheiro, mas não sabem guardar. Quando param para perceber, estão com uma bomba nas mãos", explicou Martins. Feirão Desde o dia 27 de fevereiro, consumidores de Campinas e de todo o Brasil já podem renegociar dívidas atrasadas ou negativadas via internet, por meio do site da Serasa Limpa Nome. Porém, para atender quem não possui acesso à internet ou prefere resolver pessoalmente, a agência da Serasa em Campinas reservou um espaço exclusivo como alternativa. A ação teve como base os dados levantados em dezembro de 2019, quando Campinas contabilizou 395.925 essoas inadimplentes, fato que colocou a cidade na terceira colocação do ranking de inadimplência no Estado de São Paulo. No evento anterior, realizado em novembro de 2019, mais de 4 milhões de acordos foram fechados no País, resultando em um volume superior a R$ 5 bilhões em descontos concedidos. O evento foi considerado como o maior Feirão Serasa Limpa Nome da história. Empresas A Serasa informou que as dívidas de empresas já estão disponíveis também para negociação na plataforma. Para esse formato, a plataforma oferece parceria com quatro empresas: Recovery, Claro, Net e Ativos. Lucas Lopes, diretor da Serasa Limpa Nome, informou que este é mais um grande passo rumo ao objetivo da empresa, que é devolver o crédito justo para as pessoas. "Incluir dívidas de empresas era um grande desejo que tínhamos e não medimos esforços para integrar mais esse serviço para a população de forma gratuita e segura, dentro de nossa plataforma", afirmou. "A proposta é auxiliar empreendedores ao desenvolver soluções para quem deseja retomar sua vida financeira de forma rápida, justa e também segura", afirmou Lopes. Total de endividados cresce 1,5% em relação a 2018 Segundo estudo desenvolvido pela Serasa Experian, em dezembro de 2019, o número de consumidores inadimplentes no País chegou a 63,3 milhões — 1,5% a mais do que em dezembro de 2018, quando eram 62,4 milhões. O montante alcançado pelas dívidas até dezembro de 2019 foi de R$ 256 bilhões, com o valor médio de R$ 4.043,00. A maior concentração dos negativados tem entre 26 e 40 anos (37% do total). Em segundo no ranking de participação entre os inadimplentes estão as pessoas de 41 a 60 anos, que correspondem por 34,2% do total. Na questão de gênero, a inadimplência está dividida praticamente por igual: 48,3% são homens, e 46,6% são mulheres. A maioria das dívidas foi contraída junto aos setores bancários e de cartão de crédito, totalizando 27,8% do total. O setor de contas básicas, como energia elétrica, água e gás, respondeu por 20,4% do total de débitos em atraso. O setor de varejo alcançou 12,3% do montante. Já o setor de telefonia respondeu por 11% da inadimplência. O estudo também mostra que, em dezembro de 2019, a região com maior percentual de inadimplentes do País era a Sudeste, com 45,5% do total, seguida pela região Nordeste, com 24,4%. O Sul ficou em terceiro, com 12,8% dos negativados. A região Norte registrou 9,3%, seguida da região Centro-Oeste, com 8,2%.