CALOR DE VERÃO EM AGOSTO

Campinas deve ter maior temperatura dos últimos 12 anos

Máxima prevista para quinta-feiraé de 35˚C, a maior para o mês de agosto desde 2011; recorde em 30 anos foi de 35,5˚C

Edimarcio A. Monteiro/ edimarcio.augusto@rac.com.br
24/08/2023 às 09:16.
Atualizado em 24/08/2023 às 09:17
Praticantes de vôlei fazem intervalo na partida para cuidar da hidratação: calor atípico no inverno (Alessandro Torres)

Praticantes de vôlei fazem intervalo na partida para cuidar da hidratação: calor atípico no inverno (Alessandro Torres)

A temperatura máxima em Campinas nesta quinta-feira (24) deve chegar aos 35ºC, a maior para o mês de agosto nos últimos 12 anos. A previsão foi feita pelo Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O recorde das últimas três décadas foi no dia 30 de agosto de 2011, quando os termômetros na cidade chegaram aos 35,5ºC. Na quarta-feira (23), a máxima verificada pelo Cepagri foi de 32,4ºC. A alta temperatura na região é resultado de uma onda de calor que deve durar até sábado, o que reduziu a umidade do ar e levou as prefeituras de Campinas e Hortolândia a declararem estado de alerta e atenção em virtude dos riscos para a saúde.

A temperatura mínima prevista para Campinas nesta quinta-feira é de 19ºC, com a amplitude térmica, ou seja, a diferença entre a máxima e a mínima, de 16ºC ao longo do dia. As condições climáticas são as mesmas de quarta-feira (23), com predomínio de sol.

Segundo Bruno Bainy, meteorologista do Cepagri, “não é raro para agosto ter máximas iguais ou superiores a 30ºC, mesmo sendo praticamente 3ºC acima da média”. Ele explicou que cerca de 23,5% dos dias desse mês, desde 1989, tiveram máximas nessa faixa. Porém, a ocorrência é mais difícil a partir de 32ºC, o que aconteceu em apenas 7% dos dias. A taxa cai para 2,7% das ocorrências a partir de 33ºC, ficando em 0,8% para 34ºC.

Um levantamento feito por ele revela que a temperatura em Campinas superou essa marca nove vezes no mês de agosto desde 1993. A última foi em 26 de agosto de 2021, quando chegou a 34,1ºC.

Até o momento, em termos de média de temperaturas máximas, Campinas registra a segunda maior em 30 anos. A média deste mês é de 29ºC, empatado com agosto de 2005. A maior média para o período ocorreu em 1995, quando a média das máximas foi de 29,3ºC. De acordo com o meteorologista do Cepagri, a média de 1991 a 2020 na cidade foi de 27,2ºC.

A Prefeitura de Campinas decretou, na quarta-feira (23), estado de alerta em virtude da baixa umidade do ar em função da falta de chuvas. O índice ficou em 19,8% às 16 horas de terça-feira (22) na Lagoa do Taquaral, onde há uma estação de medição do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). O nível recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 60%.

Isso levou a Defesa Civil municipal a orientar as pessoas a evitar exercícios físicos e trabalho ao ar livre entre as 10 horas e 16h30, evitar aglomerações em ambientes fechados e usar soro fisiológico para os olhos e narinas.

A baixa umidade pode trazer uma série de problemas à saúde, como complicações alérgicas e respiratórias devido ao ressecamento de mucosas, sangramento pelo nariz, ressecamento da pele e irritação dos olhos.

“As vias aéreas ficam com o muco ressecado e, sem a sua proteção, aumentam as chances de infecção respiratória”, explicou a médica Maysa Carvalho.

Uma forma de amenizar o problema e deixar o ambiente mais úmido é utilizar toalhas molhadas, umidificadores ou até mesmo deixar uma bacia com água no quarto. “Isso ajuda a reduzir os efeitos negativos da baixa umidade”, disse a médica.

Ela também alerta para cuidados com a pele nesse período. “A pele resseca muito. Por isso, não é recomendável tomar banhos quentes. É necessário hidratá-la, usar protetor solar e evitar se expor ao sol no momento de maior intensidade dos raios ultravioletas”, explicou. A médica alerta ainda que, caso haja algum sintoma como desconforto respiratório, tosse que não melhora ou febre persistente, o recomendado é procurar atendimento médico.

Hortolândia também entrou em estado de alerta por causa da baixa umidade do ar, que ficou em 29,1% no município na terça-feira. A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros registram queimadas diariamente na cidade, o que agrava o quadro em função da poluição que provoca. A participação da população é fundamental para minimizar as ocorrências, com as queimadas podendo ser denunciadas pelo número 193 do Corpo de Bombeiros. A identidade do denunciante é mantida em sigilo.

A média de chuva registrada este mês é de 4 milímetros, índice muito abaixo da média verificada entre 1990 e 2022, que é de 30,7 mm para o mês de agosto. O quadro de alta temperatura, baixa umidade do ar e falta de chuva também aumenta o potencial de incêndio em pastagens e florestas.

O Centro de Operações da CPFL Paulista divulgou na quarta-feira (23) que no primeiro semestre deste ano ocorreram 209 interrupções no fornecimento de energia na região de Campinas em virtude de queimadas. Apesar de alto, o número mostra uma queda de 7,5% em comparação aos 226 casos entre janeiro e junho de 2022.

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