Monitoramento de fauna tem por objetivo acompanhar a presença, o fluxo e a saúde dos animais na floresta (Divulgação)
Câmeras de monitoramente instaladas na Mata Santa Genebra, em Campinas, flagraram duas semanas atrás um casal de cachorros-do-mato caminhando pela unidade de conservação. O monitoramento é feito pela Fundação José Pedro de Oliveira (FJPO), por meio de câmeras instaladas na unidade de conservação, e já flagrou anteriormente duas fêmeas adultas de onça-parda e filhotes.
De acordo com o biólogo da FJPO, Thomaz Barrella, o casal de cachorros-do-mato vive no interior da Mata de Santa Genebra. “Os cachorros-do-mato são monogâmicos. O casal pode ter de 3 a 6 filhotes por ninhada. Embora não estejam listados como ameaçados de extinção, a espécie vem sofrendo forte pressão pela perda de habitat e pelo contato cada vez mais frequente com cães domésticos, dos quais adquirem doenças para as quais não possuem resistência”, explicou Barrella.
Atualmente, a FJPO conta com 11 armadilhas fotográficas estrategicamente distribuídas pelo interior e bordas de toda a Mata. Neste ano as câmeras capturaram imagens de duas fêmeas de onças-pardas andando pela mata durante o dia, um flagrante raro. De acordo com Barrella, as onças possuem um hábito primariamente crepuscular e noturno, preferindo descansar e se abrigar durante o dia, mas algumas vezes elas podem ser vistas em atividades durante o dia.
“No início deste ano registramos em nossas armadilhas fotográficas a presença de duas fêmeas adultas de onça-parda na Mata, uma que estava com dois filhotes já bem desenvolvidos. Já tínhamos um registro anterior da outra onça, acompanhada de um macho, e essas novas imagens mostraram que estava prenha. A presença de duas fêmeas adultas em reprodução na mesma área nos intrigou, pois a fêmea residente não permite outra fêmea adulta em seu território, mas consideramos que o que pode estar acontecendo é uma espécie de ‘passagem de território’. Uma das fêmeas, que registramos por aqui desde 2012, já está chegando no limite do tempo médio de vida para a espécie, por isso pode ter permitido que uma de suas filhas compartilhasse a área para no futuro assumir como seu território”, analisou.
CARACTERÍSTICAS
O cachorro-do-mato, também conhecido como graxaim-do-mato, raposa, lobinho, lobete, rabo-fofo, guancito, fusquinho ou mata-virgem (nome científico Cerdocyon thous) é uma espécie de canídeo endêmico da América do Sul. Habita as regiões costeiras e montanhosas, adaptando-se a altitudes até 3.000 metros acima do nível do mar. No Brasil ele só não está presente em parte da região amazônica. Podem pesar de 4,5 a 7 kg, e seu tamanho médio é de 64,5 cm, sem contar a cauda, que tem cerca de 30 cm. Possuem uma cor acinzentada, com nuances castanho avermelhadas, a cauda é volumosa e possui a extremidade negra. São animais onívoros, incluindo tanto pequenos animais, como frutas, invertebrados e raízes em sua dieta. São monogâmicos e o casal pode ter de 3 a 6 filhotes por ninhada. Embora não estejam listados como ameaçados de extinção, a espécie vem sofrendo forte pressão pela perda de habitat e pelo contato cada vez mais frequente com cães domésticos, dos quais adquirem doenças para as quais não possuem resistência. Já as onças-pardas são animais com uma ampla distribuição, habitam diversos ambientes e ocorrem desde a Argentina até o Canadá. São animais solitários, de hábitos preferencialmente noturnos, com pelagem de cor castanha, podem atingir até 1,5 m de comprimento (sem a cauda) e pesar 70kg, as fêmeas em geral são menores que os machos. Vivem até 13 anos, média de 7 a 9, e sua área de vida pode variar de 65 a 600 quilômetros quadrados.
Não são animais de natureza agressiva e buscam evitar o contato com animais grandes (humanos inclusive), são carnívoros e se alimentam de animais de pequeno e médio porte. As onças-pardas estão inclusas, no estado de São Paulo, na categoria "vulnerável" de ameaça. Os principais riscos que esses felinos correm são a perda de habitat, a caça e os atropelamentos.
O monitoramento de fauna tem por objetivo acompanhar a presença, o fluxo e a saúde dos animais na floresta para verificar se há a necessidade de alguma intervenção; que áreas estão mais equilibradas; se há interação entre as espécies e de que tipo; se um animal é residente, ou se está só de passagem pela Mata; se há preferência por um local específico ou se utilizam todo o espaço; se ficam somente no interior da floresta ou se utilizam as áreas ao redor.