VEREADORES

Câmara volta a discutir ideologia de gênero nesta sexta-feira

A matéria será debatida na Comissão Especial criada para tratar do tema, às 14h, no plenarinho e contará com a presença de teólogos

Do Correio.com
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28/05/2015 às 20:39.
Atualizado em 23/04/2022 às 12:08
Na tribuna, alguns vereadores fizeram declarações homofóbicas e chegaram a mandar os manifestantes para o "inferno" (Elcio Alves)

Na tribuna, alguns vereadores fizeram declarações homofóbicas e chegaram a mandar os manifestantes para o "inferno" (Elcio Alves)

Os vereadores de Campinas voltam a discutir nesta sexta-feira (29) o projeto de emenda à Lei Orgânica do Município que proíbe a inclusão da ideologia de gênero no Plano Municipal de Educação. O tema é polêmico e causou um intenso debate na sessão da última quarta-feira, quando grupos favoráveis e contrários se enfrentaram na Casa. Alguns vereadores que defendem a proposta assinada por Campos Filho (DEM) fizeram declarações homofóbicas na tribuna. A matéria será debatida na Comissão Especial criada para tratar do tema, às 14h, no plenarinho e contará com a presença de teólogos. Para protestar contra a proposta, entidades organizam um “beijaço” para a próxima segunda-feira, quando haverá audiência pública do Plano Municipal de Educação. A reunião será presidida pelo vereador Jorge Schneider (PTB), que vai receber a teóloga Kátia Maria Bouez Azzi, representando a Comunidade Católica Pantokrator, e o também teólogo André Misiara, que pertence à Comissão de Bioética e Defesa da Vida da Arquidiocese de Campinas. Como será realizada no plenarinho, a reunião da comissão — apesar de aberta ao público — terá limite máximo de 50 pessoas. A comissão especial foi criada depois que Campos defendeu na Casa que é responsabilidade da família, e não da escola, instruir as crianças sobre a ideologia de gênero. A matéria divide opiniões. Enquanto alguns educadores defendem que a escola tem a obrigação de discutir o tema em sala de aula, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) classifica a ideologia como “artificial e antinatural”. A discussão em torno do assunto começou em abril do ano passado, quando a ala conservadora do Congresso Nacional conseguiu barrar no Plano Nacional da Educação (PNE) questões que tratavam sobre o debate de gêneros nas escolas, além de tópicos de igualdade racial, regional e sexual. Ficou acertado então que cada cidade decidiria sobre a inclusão ou não do tema nos seus planos municipais de educação, ou do parágrafo suprimido no Congresso que tratava da possibilidade de políticas que enfrentam a desigualdade. A parte do texto retirada no ano passado do plano não citava especificamente a ideologia de gênero, mas tratava da erradicação das desigualdades educacionais, “com ênfase na promoção da igualdade racial, regional, de gênero e de orientação sexual”. Para Campos, o tópico faz “apologia” à ideologia que defende que o gênero homem ou mulher, diferentemente do sexo, é uma construção pessoal. Em Campinas, o parágrafo não consta no plano. Mas Campos Filho quer eliminar qualquer possibilidade de inclusão do tema na pauta das escolas em qualquer período. Juristas consideram a proposta de Campos inconstitucional, já que veta o debate que é livre e direito de qualquer pessoa. Mesmo assim, a emenda será votada.ManifestaçãoNa sessão da última quarta-feira, grupos contrários e favoráveis à emenda lotaram o plenário. Houve tumulto, bate-boca entre o público e os vereadores. Mobilizado pelo Facebook, um movimento propõe um beijaço para manifestar a indignação com a postura de vereadores como Jorge Schneider (PTB), que ofendeu os defensores do debate de gênero ao afirmar que a especialidade deles “era ficar de costas”, e Cid Ferreira (SDD), que chegou a dizer que os defensores da causa irão “para o inferno”. O evento na rede social diz “em sessão da Câmara no dia 27, nossa manifestação foi fundamental para combater os discursos de ódio da maioria dos vereadores e para chamar a atenção da mídia e da opinião pública sobre o tremendo retrocesso que essa emenda representa para a luta contra as opressões, para a democracia e para a educação”. O evento foi criado no início da tarde de quinta-feira pelo Coletivo Feminista Rosa Lilás, Coletivo LGBT Cores e Coletivo Raízes da Liberdade. Veja também Entidade organiza beijaço contra homofobia de vereadores Evento criado no Facebook convoca para "beijaço e purpurinaço" segunda-feira como protesto contra manifestações homofóbicas e projeto que proíbe discussão de gênero nas escolas Câmara tem clima quente e ofensa de vereador aos gays O encontro foi marcado por discursos de ódio, trocas de ofensas e até acusações de agressões entre grupos favoráveis e contra a aprovação da lei  

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