LEGISLATIVO REAGE

Câmara aprova moções contra a exclusão de Campinas do TAV

Vereadores ressaltaram a importância econômica, industrial e tecnológica da cidade

Ronnie Romanini/ ronnie.filho@rac.com.br
28/02/2023 às 09:24.
Atualizado em 28/02/2023 às 16:39
Os autores das moções, vereadores Carlinhos Camelô (PSB), à esquerda, e Luiz Rossini (PV), conversam durante o intervalo da sessão de ontem (Kamá Ribeiro)

Os autores das moções, vereadores Carlinhos Camelô (PSB), à esquerda, e Luiz Rossini (PV), conversam durante o intervalo da sessão de ontem (Kamá Ribeiro)

A Câmara Municipal de Campinas aprovou na segunda-feira (27) duas moções solicitando que Campinas não seja excluída do novo projeto que pretende implementar o Trem de Alta Velocidade. Ao contrário do projeto original, que previa a inclusão do município, a empresa à frente do novo projeto (TAV Brasil), não incluiu Campinas na lista das 20 cidades que o trem passará no Estado de São Paulo e nem nas duas que terão estações, São Paulo e São José dos Campos.

Uma das moções, A do presidente da Casa, Luiz Rossini (PV), pede para que o traçado do Trem-Bala seja revisto para que o município faça parte do trajeto como um ponto de embarque e desembarque. A outra, do vereador Carlinhos Camelô (PSB), solicita que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) reconsidere a autorização dada à empresa TAV Brasil para tocar o empreendimento. As moções são direcionadas ao diretor-geral da ANTT, Rafael Vitale Rodrigues, sendo que Carlinhos também faz menção ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"É de extrema importância que o apelo chegue também ao exmo. sr. presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para que tenha notícia e, sendo sabedor da importância de Campinas e Região Metropolitana para o Estado e País, possa interceder junto à ANTT, órgão de Estado, para que Campinas não fique fora do projeto e que tenha sim estação de embarque e desembarque inclusive", diz um trecho da moção de Carlinhos.

O ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), recentemente, reforçou que o projeto é uma iniciativa do setor privado e que, no momento, o governo federal não tem interesse em um projeto dessa magnitude.

Presidente do Legislativo campineiro, Rossini afirmou ao Correio Popular que se recorda das dificuldades enfrentadas pelo projeto original à época, mas lembrou que os problemas no orçamento, que ficou mais caro ao longo do tempo, não ocorreram por causa de Campinas.

"Lembro-me que, no projeto original, havia a previsão de que o trem chegasse até Campinas, passando pelo centro da Rodovia dos Bandeirantes. Estranha-me que esse trecho, que é de 100 quilômetros, seja retirado do projeto. Uma das dificuldades à época foi a de que, ao realizarem o orçamento do projeto executivo, o preço encareceu por conta de várias obras de infraestrutura necessárias, túneis, então, encareceu o preço e ficou acima daquilo que estava sendo estimado. Entretanto, não era referente ao trajeto São Paulo -Campinas. Não é ele que inviabiliza um projeto dessa magnitude."

Nas duas moções, os parlamentares mencionam que souberam da notícia por meio das reportagens recentes feitas pelo Correio Popular acerca do tema. 

Enquanto Carlinhos Camelô avalia que a notícia deixou toda a população do município e Região Metropolitana de Campinas (RMC) estarrecida, Rossini afirmou que a informação causou estranheza.

"Por seu polo tecnológico e industrial a região é uma das mais dinâmicas no cenário econômico brasileiro e representava, em 2013,8% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e 7,81% do PIB paulista, ou seja, cerca de R$ 105,3 bilhões. Além de dispor de uma forte economia, a região também apresenta uma infraestrutura que proporciona o desenvolvimento de toda a área metropolitana. A RMC também é conhecida como Vale do Silício Brasileiro."

Rossini também lembrou do Aeroporto Internacional de Viracopos, considerado um dos mais importantes modais de transporte de passageiros e cargas do país, e dos mais de 3 milhões de habitantes da RMC, que colocam a região como a segunda maior metropolitana do Estado de São Paulo e a décima maior do Brasil.

Parlamento Metropolitano 

A Câmara Municipal de Campinas vai sediar na sexta-feira, 3 de março, a próxima reunião do Parlamento Metropolitano da RMC, que reúne lideranças do Legislativo da região. De acordo com Rossini, o assunto estará na pauta da reunião. O objetivo é unir forças e o apoio de todas as Câmaras de Vereadores das cidades da RMC. 

O atual presidente do Parlamento, o vereador de Jaguariúna, Afonso Lopes da Silva (Cidadania), revelou que também vai apresentar uma moção na sexta-feira para que todos os presentes possam assiná-la. Para ele, Campinas não pode ficar de fora do traçado do Trem-Bala.

"A RMC é referência no ponto de vista econômico. Toda a região tem de ter uma comunicação com os demais municípios e estados, e o trem saindo da nossa região é muito importante para a mobilidade das pessoas. Tem muita gente que mora em Jaguariúna e trabalha em São Paulo ou mora na capital e trabalha na região de Campinas. Tem ainda a questão turística, então, não podemos ficar fora dessa integração. É algo importante para a RMC e não podemos ser excluídos."

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