DESEQUILÍBRIO CLIMÁTICO

Calorão faz disparar número de queimadas em Campinas

Número de focos de incêndio aumentou 275% até o dia 6 em relação a 2023

Luis Eduardo de Sousa/luis.reis@rac.com.br
09/05/2024 às 10:54.
Atualizado em 09/05/2024 às 10:54
De acordo com dados gerados pelo satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), foram constatados 120 focos de incêndio em Campinas entre janeiro e a primeira semana de maio deste ano (Kamá Ribeiro)

De acordo com dados gerados pelo satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), foram constatados 120 focos de incêndio em Campinas entre janeiro e a primeira semana de maio deste ano (Kamá Ribeiro)

O número de focos de incêndio ocorridos em Campinas até o dia 6 demaio de 2024 aumentou 275% em relação ao registrado nos cinco primeiros meses do ano passado. Segundo registros do satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgados pela Defesa Civil Municipal, o município teve 120 focos de queimadas até a última segunda-feira, comparados a 32 no ano anterior. O aumento anormal das ocorrências está relacionado à onda de calor que afetou a região nas últimas semanas, com mais da metade dos focos ocorrendo apenas nos primeiros seis dias de maio - 76 entre 1º e 6 de maio. Os números são preocupantes para o este mês, que marca o início da Operação Estiagem. A situação pode se agravar, pois a previsão é de tempo seco e altas temperaturas até o fim do mês.

Em todo o ano passado, a Defesa Civil registrou 226 focos de incêndio. A maioria dos casos aconteceu durante a estiagem, de abril a setembro. Assim, os focos registrados em 2024 até agora já representam 53% do total do ano passado, antes mesmo de chegar ao final do primeiro semestre. Além disso, o período mais crítico de estiagem ocorre entre o fim de maio e o início de agosto, o que pode aumentar ainda mais a incidência de focos.

No dia 25 de abril, Campinas registrou o primeiro grande incêndio do período de estiagem, atingindo mais de 15 mil metros quadrados do Instituto Biológico, uma instituição do governo estadual localizada na região do Gramado. As chamas danificaram parte da vegetação, queimando algumas árvores, e chegaram perto das margens do Ribeirão do Mato Dentro. A Defesa Civil afirmou que o Parque Ecológico não foi atingido.

Na última segunda-feira, um incêndio atingiu um terreno na Avenida Engenheiro Augusto Figueiredo, na Vila Esmeraldina. Populares foram flagrados pela reportagem do Correio Popular tentando apagar as chamas, que se espalharam pelo capim seco. Valdemir José Cipriano, de 50 anos, dono de uma oficina em frente ao terreno, afirmou que incêndios são comuns durante a estiagem.

"É comum colocarem fogo aqui, o que causa muita fumaça. As pessoas colocam fogo em frente à oficina, e com o capim seco, as chamas se espalham, prejudicando quem lava roupa ou quintais e até mesmo quem respira. Já vi bitucas de cigarro provocarem incêndios. Ontem, quando cheguei à minha oficina para trabalhar, tudo estava preto", relatou Cipriano.

CONDIÇÕES

Os registros do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), da Unicamp, mostram que abril foi marcado por calor intenso, com temperaturas acima da média para o mês, que é de 28,8 °C. A previsão para maio é de continuidade dessas condições, com escassa probabilidade de chuvas. Isso levou a Defesa Civil de Campinas a expressar preocupação com o avanço dos focos de incêndio, especialmente na Área de Proteção Ambiental (APA) e na Mata Santa Genebra.

A combinação de calor intenso e tempo seco, que contribui para o aumento de queimadas, deve persistir nos próximos dias. De acordo com o Cepagri, a umidade relativa do ar chegou a 30% na cidade ontem, índice que deve permanecer nos dias seguintes. As temperaturas também devem ultrapassar os 30 °C até o início da próxima semana.

A Defesa Civil de Campinas está realizando inspeções diárias em possíveis focos identificados pelo satélite do INPE. Somente no último fim de semana, foram realizados 71 procedimentos. Após as inspeções, a Defesa Civil abre uma ocorrência e encaminha para os órgãos de fiscalização da Prefeitura.
Ocoordenador regional e diretor da Defesa Civil de Campinas, Sidnei Furtado, recomenda que a população fique atenta aos alertas divulgados pela Administração e tome os cuidados tradicionais para prevenir incêndios. "É fundamental que as pessoas evitem queimar vegetação, lixo ou folhas secas para prevenir incêndios. Também é importante informar rapidamente o Corpo de Bombeiros em caso de incêndio", afirmou. A Defesa Civil recebe os alertas do Corpo de Bombeiros caso as chamas representem risco à população.

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