CELEBRAÇÃO

Brasil tem o maior número de médicos veterinários do mundo

Profissão está regulamentada há 90 anos em um 9 de setembro, data que ficou marcada como o Dia do Médico Veterinário

Edimarcio A. Monteiro/ edimarcio.augusto@rac.com.br
09/09/2023 às 09:49.
Atualizado em 09/09/2023 às 09:49
Daniel Blazko, médico veterinário há 13 anos, contou que já tinha experiência em cuidar de animais graças à formação em Biologia; ele relatou que mudou de profissão e se especializou na veterinária por causa de sua atuação anterior em prol da vida dos animais (Rodrigo Zanotto)

Daniel Blazko, médico veterinário há 13 anos, contou que já tinha experiência em cuidar de animais graças à formação em Biologia; ele relatou que mudou de profissão e se especializou na veterinária por causa de sua atuação anterior em prol da vida dos animais (Rodrigo Zanotto)

No dia de hoje, há 90 anos, foi instituído o Dia do Médico Veterinário, profissão que está em plena expansão nos dias de hoje, com uma formação de profissionais cada vez mais qualificados, ampliação de unidades de ensino e evolução tecnológica. Este último quesito, aliado ao olhar humano, cuidadoso e atento do profissional, trouxe muitos avanços à medicina veterinária, ajudando a melhorar a qualidade e salvar a vida dos animais. 

A estimativa é que o Brasil tenha cerca de 167 milhões de animais de estimação, a terceira maior população do mundo, menor apenas que a dos Estados Unidos e China. A média é de 0,8 pet para cada habitantes, considerando o Censo 2022 que aponta que o Brasil tem 203 milhões de pessoas. Já o número de médicos veterinários é o maior do mundo. São 154.312 profissionais e 493 cursos de formação em atividade, aponta o último balanço divulgado em agosto de 2021. 

A profissão está regulamentada no Brasil desde 9 de setembro de 1933, por isso a data tornou-se o dia deste profissional. A Medicina Veterinária moderna teve início em 1761 com a criação da primeira escola de veterinária na França. No Brasil, as primeiras escolas surgiram no início do século XX, com a área estando em constante modernização nas últimas décadas. O Conselho Federal de Medicina Veterinária, que regulamenta a profissão, aponta a existência de 80 áreas distintas de atuação, incluindo hoje a cardiologia, dermatologia, odontologia, oftalmologia, oncologia.

Com 13 anos de carreira, o médico veterinário Daniel Blazko é um exemplo entre esses mais de 150 mil profissionais no país. Ele tem acompanhado a evolução tecnológica no cuidado e tratamento, uma vez que trabalha com animais há 20 anos, desde que se formou em Biologia. Blazko tem experiência em cuidar de espécies de grande porte no continente africano e na Amazônia. Membro da Organização Mundial de Preservação da Fauna, o trabalho de salvar a vida animal o levou a se formar médico veterinário.

"Antes, o diagnóstico era feito apenas com exame físico e o tratamento. Muitas vezes, cuidava-se dos sintomas. Com a realização dos exames, identificamos a doença e os tratamentos são mais eficientes."

Para esse aprimoramento, equipamentos como máquinas de raios X, ultrassonografia, tomografia e ressonância magnética foram incorporadas à rotina das clinicas e hospitais veterinários, contribuindo para o prognóstico, diagnóstico e tratamento do animal. 

Um exemplo prático da importância dos exames é o caso de Teodoro, um cão shih-tzu que chegou à clínica som sintoma de gastrite. Após alguns dias internado e com o quadro se agravando, a tutora autorizou a realização de uma avaliação mais completa, com a ultrassonografia acusando a presença de um corpo estranho no estômago do paciente. Ele havia engolido uma meia, o que levou a um quadro de infecção interna.

Teodoro ficou 21 dias internado e passou por duas cirurgias, mas foi salvo. “Hoje ele está bem, com saúde plena”, diz o médico veterinário, que continua cuidando do shih-tzu. O cuidado com pet faz o contador Eduardo Marangoni levar Tobe, de 7 anos, a uma visita anual a esse profissional, além de manter a vacinação em dia e ter outros cuidados. “Ele é puro amor, carinho e também me ajuda a manter a minha saúde ao fazer caminhadas”, explica o tutor, que brinca com o cão durante dos dois passeios diários que fazem.

O número de veterinários segue em alta. No final deste ano, Sara Clemente Cezarino vai se formar após cinco anos de faculdade. "Eu gosto de cuidar de animais, de vê-los bem", afirma. Ela gosta de pets desde a infância, mas somente depois que se casou é que passou a ser tutora de um cachorro. "Meus pais não me deixavam ter", explica.

Ela trabalha como enfermeira em uma clínica veterinária, que é um exemplo da diversificação do segmento. A empresa é uma clínica popular no Taquaral, com a consulta custando R$ 50,00 de segunda a sábado no horário entre 8h e 18h.

Durante a noite - e aos domingos e feriados - o custo é de R$ 100,00. Apesar do valor mais acessível, ela tem uma infraestrutura com laboratório clínico, centro cirúrgico, salas de raio X e ultrassom, além de área de internação. O local também oferece convênio. 

O grupo nasceu no Centro-Oeste e escolheu atuar em Campinas ainda antes de chegar a São Paulo e ao Rio de Janeiro, locais em que as lojas ainda serão inauguradas. A escolha de atuar em Campinas antes ocorreu após pesquisa realizada apontar que 64% das famílias da cidade com renda superior a R$ 8 mil possuíam animais de estimação ou pretendiam adotar/comprar um nos próximos 12 meses. Esse percentual corresponde a mais de 87 mil famílias e, dessas, 96% aprovaram o conceito de plano de saúde pet. “Nossa experiência é que 90% das pessoas que vão aos nossos hospitais contratam o plano de saúde”, afirma o sócio e CEO da rede, Antonio Cassio dos Santos. 

O mercado é bastante baseado na confiança e na fidelidade dos clientes, por maior e mais tecnológico que ele seja hoje. “Eu sempre levo para a nossa veterinária, que é em Indaiatuba”, disse o escrevente de cartório Eduardo Factor, que tem a Leona como animal de estimação, uma cane corso de 4 anos. É o quarto cão que Factor cria, tendo predileção por espécies de grande porte.

INOVAÇÃO

O segmento pet sempre está se inovando. Hidroterapia, quiropraxia e laserterapia também já fazem parte do mundo dos animais de estimação e convivem com o avanço da chamada medicina alternativa. A veterinária Fernanda Baldy atua com clínica geral há 10 anos, mas se especializou também em acupuntura, ozonioterapia, osteopatia e fitoterapia chinesa. 

Esse campo complementar surgiu para ela quando estava no 2º ano da faculdade e o cão da família passou por acupuntura para tratamento de problema na coluna. O pet viveu mais 4 anos, correndo, latindo e alegre.

“Eu vi que a acupuntura não era apenas para tratar da dor, mas podia ser usada para todas as doenças. Percebi que poderia usar para complementar o tratamento e melhorar a qualidade de vida dos animais”, explica Fernanda. Ela fez pós-graduação nessa área e as outras especializações vieram naturalmente em seguida. A médica veterinária é hoje procurada por tutores de animais com câncer, insuficiência renal e outras doenças degenerativas e é um exemplo vivo do eterno aprendizado e das inovações, adaptações e diversidade que são encontradas nesta profissão.

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