Daniel Blazko, médico veterinário há 13 anos, contou que já tinha experiência em cuidar de animais graças à formação em Biologia; ele relatou que mudou de profissão e se especializou na veterinária por causa de sua atuação anterior em prol da vida dos animais (Rodrigo Zanotto)
No dia de hoje, há 90 anos, foi instituído o Dia do Médico Veterinário, profissão que está em plena expansão nos dias de hoje, com uma formação de profissionais cada vez mais qualificados, ampliação de unidades de ensino e evolução tecnológica. Este último quesito, aliado ao olhar humano, cuidadoso e atento do profissional, trouxe muitos avanços à medicina veterinária, ajudando a melhorar a qualidade e salvar a vida dos animais.
A estimativa é que o Brasil tenha cerca de 167 milhões de animais de estimação, a terceira maior população do mundo, menor apenas que a dos Estados Unidos e China. A média é de 0,8 pet para cada habitantes, considerando o Censo 2022 que aponta que o Brasil tem 203 milhões de pessoas. Já o número de médicos veterinários é o maior do mundo. São 154.312 profissionais e 493 cursos de formação em atividade, aponta o último balanço divulgado em agosto de 2021.
A profissão está regulamentada no Brasil desde 9 de setembro de 1933, por isso a data tornou-se o dia deste profissional. A Medicina Veterinária moderna teve início em 1761 com a criação da primeira escola de veterinária na França. No Brasil, as primeiras escolas surgiram no início do século XX, com a área estando em constante modernização nas últimas décadas. O Conselho Federal de Medicina Veterinária, que regulamenta a profissão, aponta a existência de 80 áreas distintas de atuação, incluindo hoje a cardiologia, dermatologia, odontologia, oftalmologia, oncologia.
Com 13 anos de carreira, o médico veterinário Daniel Blazko é um exemplo entre esses mais de 150 mil profissionais no país. Ele tem acompanhado a evolução tecnológica no cuidado e tratamento, uma vez que trabalha com animais há 20 anos, desde que se formou em Biologia. Blazko tem experiência em cuidar de espécies de grande porte no continente africano e na Amazônia. Membro da Organização Mundial de Preservação da Fauna, o trabalho de salvar a vida animal o levou a se formar médico veterinário.
"Antes, o diagnóstico era feito apenas com exame físico e o tratamento. Muitas vezes, cuidava-se dos sintomas. Com a realização dos exames, identificamos a doença e os tratamentos são mais eficientes."
Para esse aprimoramento, equipamentos como máquinas de raios X, ultrassonografia, tomografia e ressonância magnética foram incorporadas à rotina das clinicas e hospitais veterinários, contribuindo para o prognóstico, diagnóstico e tratamento do animal.
Um exemplo prático da importância dos exames é o caso de Teodoro, um cão shih-tzu que chegou à clínica som sintoma de gastrite. Após alguns dias internado e com o quadro se agravando, a tutora autorizou a realização de uma avaliação mais completa, com a ultrassonografia acusando a presença de um corpo estranho no estômago do paciente. Ele havia engolido uma meia, o que levou a um quadro de infecção interna.
Teodoro ficou 21 dias internado e passou por duas cirurgias, mas foi salvo. “Hoje ele está bem, com saúde plena”, diz o médico veterinário, que continua cuidando do shih-tzu. O cuidado com pet faz o contador Eduardo Marangoni levar Tobe, de 7 anos, a uma visita anual a esse profissional, além de manter a vacinação em dia e ter outros cuidados. “Ele é puro amor, carinho e também me ajuda a manter a minha saúde ao fazer caminhadas”, explica o tutor, que brinca com o cão durante dos dois passeios diários que fazem.
O número de veterinários segue em alta. No final deste ano, Sara Clemente Cezarino vai se formar após cinco anos de faculdade. "Eu gosto de cuidar de animais, de vê-los bem", afirma. Ela gosta de pets desde a infância, mas somente depois que se casou é que passou a ser tutora de um cachorro. "Meus pais não me deixavam ter", explica.
Ela trabalha como enfermeira em uma clínica veterinária, que é um exemplo da diversificação do segmento. A empresa é uma clínica popular no Taquaral, com a consulta custando R$ 50,00 de segunda a sábado no horário entre 8h e 18h.
Durante a noite - e aos domingos e feriados - o custo é de R$ 100,00. Apesar do valor mais acessível, ela tem uma infraestrutura com laboratório clínico, centro cirúrgico, salas de raio X e ultrassom, além de área de internação. O local também oferece convênio.
O grupo nasceu no Centro-Oeste e escolheu atuar em Campinas ainda antes de chegar a São Paulo e ao Rio de Janeiro, locais em que as lojas ainda serão inauguradas. A escolha de atuar em Campinas antes ocorreu após pesquisa realizada apontar que 64% das famílias da cidade com renda superior a R$ 8 mil possuíam animais de estimação ou pretendiam adotar/comprar um nos próximos 12 meses. Esse percentual corresponde a mais de 87 mil famílias e, dessas, 96% aprovaram o conceito de plano de saúde pet. “Nossa experiência é que 90% das pessoas que vão aos nossos hospitais contratam o plano de saúde”, afirma o sócio e CEO da rede, Antonio Cassio dos Santos.
O mercado é bastante baseado na confiança e na fidelidade dos clientes, por maior e mais tecnológico que ele seja hoje. “Eu sempre levo para a nossa veterinária, que é em Indaiatuba”, disse o escrevente de cartório Eduardo Factor, que tem a Leona como animal de estimação, uma cane corso de 4 anos. É o quarto cão que Factor cria, tendo predileção por espécies de grande porte.
INOVAÇÃO
O segmento pet sempre está se inovando. Hidroterapia, quiropraxia e laserterapia também já fazem parte do mundo dos animais de estimação e convivem com o avanço da chamada medicina alternativa. A veterinária Fernanda Baldy atua com clínica geral há 10 anos, mas se especializou também em acupuntura, ozonioterapia, osteopatia e fitoterapia chinesa.
Esse campo complementar surgiu para ela quando estava no 2º ano da faculdade e o cão da família passou por acupuntura para tratamento de problema na coluna. O pet viveu mais 4 anos, correndo, latindo e alegre.
“Eu vi que a acupuntura não era apenas para tratar da dor, mas podia ser usada para todas as doenças. Percebi que poderia usar para complementar o tratamento e melhorar a qualidade de vida dos animais”, explica Fernanda. Ela fez pós-graduação nessa área e as outras especializações vieram naturalmente em seguida. A médica veterinária é hoje procurada por tutores de animais com câncer, insuficiência renal e outras doenças degenerativas e é um exemplo vivo do eterno aprendizado e das inovações, adaptações e diversidade que são encontradas nesta profissão.