PERIGO QUE VEM DO CÉU

Avistamentos de balões coloca Aeroporto de Viracopos em alerta

Um dos principais aeroportos do país registrou este mês 9 visualizações deste artefato, com 4 quedas deles em sua área

Edimarcio A. Monteiro
28/05/2022 às 18:21.
Atualizado em 29/05/2022 às 10:12
Avião da Azul taxiando na pista de Aeroporto Internacional de Viracopos e logo à frente a queda de um balão (Beto Ribeiro/ Portal de Notícias de Araras e Região)

Avião da Azul taxiando na pista de Aeroporto Internacional de Viracopos e logo à frente a queda de um balão (Beto Ribeiro/ Portal de Notícias de Araras e Região)

O período de estiagem e a proximidade das festas juninas colocam em alerta os pontos de riscos da região em virtude do aumento das ocorrências envolvendo queimadas e balões. O Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, e a Refinaria de Paulínia (Replan) estão entre os locais que realizam campanhas devido ao alto potencial de acidentes de grandes proporções. No caso da fumaça dos incêndios, doenças respiratórias também são agravadas. 

Viracopos, um dos principais aeroportos do país, registrou somente este mês nove avistamentos de balões, com quatro quedas deles em sua área. No primeiro quadrimestre do ano, foram 32 avistamentos e 13 quedas, que geram riscos de acidentes de grandes proporções. O número de quedas representa uma alta de 44,44% em relação às 9 ocorrências registradas entre janeiro e abril de 2021. 

Já o total de avistamento reduziu em 34,7% em comparação aos 49 anotados no ano passado. Viracopos, que recebe cerca de um milhão de passageiros por mês, registra, em média, 300 operações de pouso e decolagem por dia. "Quando um piloto ou torre avista um balão, as atividades são paralisadas até que o balão saia da área das pistas", explica a gerente de Segurança Operacional do aeroporto, Rosa Maria Brollo Fernandes. 
Um balão de 50 quilos, por exemplo, caso atinja um avião a 450 km/h, que é a velocidade de pouso, terá um impacto equivalente a 100 toneladas, ou seja, com capacidade para derrubar a aeronave.

O risco se torna potencializado, visto que o balão não é detectado pelo radar e sim apenas quando o piloto enxerga fisicamente o balão próximo. Até mesmo os balões pequenos, que usam gás hélio, representam risco. Se forem sugados pela turbina, podem causar a parada do motor do avião. Eles também impactam as aeronaves estacionadas, pois o abastecimento de combustível é realizado na pista, sendo grande a movimentação de caminhões-tanque. 

Em setembro do ano passado, a queda de um balão causou um incêndio próximo à pista de Viracopos e os bombeiros levaram cinco horas para controlar as chamas. O acidente não chegou a prejudicar a operação do aeroporto. "As pessoas têm de se conscientizar de que o balão não é um risco apenas para o aeroporto, mas também ambiental e social, pois pode cair sobre as casas", afirma Rosa.

Soltar balão é crime

A legislação brasileira estabelece que fabricar, vender, transportar e soltar balões é crime. Quem for flagrado pode ser condenado de um a três anos de prisão, além de pagar multa. O aeroporto realiza há 13 anos campanha educacional, que já atingiu 21 mil crianças de escolas de 11 municípios, que estão na chamada área de segurança aeroportuária, em um raio de 20 km do centro da pista de pouso e decolagem do aeroporto.

O trabalho, que em junho é reforçado com a ação "Para Balão, Digo Não!", inclui peça de teatro, palestra e material didático. Apenas neste ano, cerca de 1,5 mil estudantes já participaram da campanha. Outros riscos para a aviação apontados pela campanha são: soltar pipas, apontar laser para as aeronaves e o descarte irregular de lixo perto do aeroporto, porque atrai as aves. 

De acordo com a gerente de Segurança Operacional de Viracopos, a soltura de balões é uma prática comum na região Sudeste do Brasil, principalmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. O risco causado pelos balões é tão grande que levou a Associação Internacional de Pilotos - Ifalpa (International Federation of Air Line Pilots’ Association) - , em 2016, a rebaixar a nota de segurança do espaço aéreo brasileiro à mesma de países em guerra. 
 

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