CONSCIÊNCIA E LUTA

Ato critica racismo estrutural no País e discute o 13 de maio

Manifestação no Largo do Rosário dá visibilidade a pautas históricas do movimento negro

Rodrigo Piomonte/Correio Popular
14/05/2021 às 13:09.
Atualizado em 15/03/2022 às 20:07
Integrantes do movimento negro participam de manifestação contra o racismo estrutural, em ato que marca a lembrança do 13 de maio, no Largo do Rosário (Ricardo Lima/Correio Popular)

Integrantes do movimento negro participam de manifestação contra o racismo estrutural, em ato que marca a lembrança do 13 de maio, no Largo do Rosário (Ricardo Lima/Correio Popular)

"13 de maio, primeiro de abril. Nessa história, negro não caiu". Essa frase pode resumir um pouco o sentimento da população negra sobre a data em que 133 anos atrás foi assinada a Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil, em 1888. Ontem à noite no Largo do Rosário, no centro de Campinas, em um ato, membros de entidades do movimento negro se juntaram para levar para as ruas pautas históricas do movimento negro como o racismo estrutural na organização social brasileira, a violência do Estado contra a comunidade negra e falta de políticas públicas mais inclusivas.

A operação policial em Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro, que terminou com 28 mortos, e o caso do menino Jordy, adolescente de 15 anos, morto no bairro Reforma Agrária, em Campinas, com um tiro disparado por uma Guarda Municipal, há um ano, foram lembrados por participantes.

A concentração, inclusive, começou às escuras. De repente as luzes do Largo do Rosário foram apagadas por volta das 18h, horário previsto pelas entidades para o início da concentração. As causas não foram informadas. Boa parte do entorno do Centro permaneceu com energia, que depois retornou também para o Largo do Rosário.

Em discurso, a presidente do Conselho Municipal de Cultura Andreia Aparecida de Jesus Mendes, conectou a realidade das favelas do Rio de Janeiro com os bairros de periferia de Campinas. "Nós os corpos pretos fomos colocados à margem. O Estado entra com violência nas periferias. Nos negam o direito à vida. Somos excluídos e tratados como bandidos e marginais até hoje", disse.

A gestora ambiental, Elice Botelho, 28 anos, representante, em Campinas, do Movimento Negro Unificado (MNU), disse que a mobilização tem o papel de levar a uma reflexão sobre a necessidade urgente de políticas sociais e econômicas de inclusão. "A gente está reagindo para sobreviver. Reagindo contra a bala, contra a covid, contra a fome", resume.

O diretor da União de Negros pela Igualdade (Unegro), de São Paulo, Gervásio José Antônio, lembra que a data é motivo de reflexão e protesto porque a comunidade negra vivencia uma pirâmide social injusta desde a abolição. "A comunidade negra está ainda em sua maior parte no chão da pirâmide. E quando essa pirâmide vai subindo e aumentando seus ganhos vai ficando cada vez mais branca", disse.

Segundo ele, isso comprova o racismo estrutural, institucional presente em diversos aspectos e que precisa ser combatido. "A gente saiu da senzala, para as ruas e das ruas para os cárceres privados, porque não houve uma política de inclusão dos escravizados, que eram por sinal uma mão de obra bastante qualificada, pois cuidavam das lavouras e da agricultura. Para nós esse debate é muito necessário. É uma reflexão de condições e possibilidades de direito à vida, da não violência da polícia, da questão da saúde do povo negro e de saúde e saneamento", disse.

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