Crime ousado aconteceu durante o intervalo da ronda do segurança de plantão
Monumento em homenagem ao bicentenário da cidade de Campinas, no Largo das Andorinhas: espaço público é alvo constante de vandalismo (Alessandro Torres)
Mais um busto de uma estátua foi furtado em Campinas. Desta vez, o alvo foi a imagem do primeiro diretorgeral do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Franz Wilhelm Dafert, que estava localizada em frente ao prédio Dom Pedro II, na Avenida Barão de Itapura, dentro das instalações do instituto. O crime ocorreu durante o intervalo da ronda do segurança, e para levar a peça, os ladrões precisaram transpor o portão da instituição, evidenciando uma notável ousadia na execução do ato criminoso.
O Correio Popular já havia reportado que bustos de estátuas têm se tornado os mais recentes alvos de criminosos, que visam adquirir as peças para vendê-las como sucata, onde são posteriormente derretidas. Segundo informações da Polícia Civil, esse tipo de crime geralmente é perpetrado por usuários de drogas que buscam obter dinheiro fácil para sustentar o vício.
No caso do furto do busto de Dafert, a ação criminosa foi realizada na noite do dia 31 de outubro, por volta das 23h, durante o intervalo da ronda, que abrange as 12 horas de trabalho do guarda encarregado de percorrer todo o parque da sede. Ao passar pela região do prédio Dom Pedro, ao retornar, o guarda deparou-se com a estrutura derrubada e ausência do busto. Imediatamente, o guarda comunicou o ocorrido ao responsável pelo parque, que acionou a polícia. As autoridades chegaram prontamente e registraram o Boletim de Ocorrência. Em nota, o IAC expressou a expectativa pela recuperação da peça, destacando sua grande importância para o Instituto.
No dia anterior, 30 de outubro, foi o busto do renomado cientista japonês Hideyo Noguchi que foi furtado da praça do Instituto Cultural Nipo Brasileiro de Campinas. Neste caso, o busto foi recuperado pela polícia no mesmo dia.
Outro busto que permanece desaparecido é o de Álvaro Ribeiro, localizado no Largo do Pará, e até o momento, não há informações adicionais sobre seu paradeiro.
No Largo das Andorinhas, os números que assinalavam a data de fundação do município, 1774, foram subtraídos. Moacir da Cunha Penteado, de 75 anos, era diretor da empresa Lix da Cunha na época em que o monumento centenário foi construído. Ele lamenta ver o abandono do Largo das Andorinhas, onde também existe um prédio que precisou ser repintado três vezes devido a pichações. O local enfrenta não apenas furtos, mas também é alvo frequente de pichadores que deixam suas marcas, nomes e símbolos de gangues.
"A situação está grave lá porque não há policiamento e não há uma repressão", critica. "Fico impressionado porque isso acontece a 100 metros da mesa do prefeito." Ele cita que a prefeitura trabalha em um plano de revitalização, o que considera positivo, mas que não tem olhado pra esses crimes que ocorrem constantemente. Para se prevenir, Penteado está instalando câmeras para tentar identificar os autores e levar a ocorrência à polícia.
Outro comerciante do espaço, que pediu para não ser identificado, disse que já foi sugerido o pagamento de segurança particular para ficar no largo, a fim de coibir esses crimes.
A reportagem percorreu outras praças e encontrou os mesmos problemas. Bem na região central há uma sensação coletiva de abandono, com containers pichados ao mesmo tempo que monumentos centenários.
"É vergonhoso", lamentou o comerciante Luis Carlos Guidoti. Ele tem um container onde vende lanches no Largo do Carmo. Sua esposa já chegou a lavar o container na tentativa de retirar as pichações, mas elas retornam na semana seguinte, afirma.
Em nota, a Guarda Municipal disse que tem o Grupo Antivandalismo, criado para coibir e buscar autores de vandalismo, inclusive pichações. O trabalho envolve os guardas municipais das equipes do operacional, na rua, atentos a este tipo de situação; das equipes de monitoramento na Central Integrada de Monitoramento de Campinas e da inteligência que buscam os suspeitos de praticar o ato.
Desde o dia 23 de outubro, diz a nota, a GM intensificou o patrulhamento na região Central - onde estão grande parte dos monumentos - com rondas a pé com 66 novos guardas municipais. Ela reforçou que pessoas que flagrarem esse tipo de ato podem denunciar pelo telefone 153 da Guarda Municipal.
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