Local onde a professora foi atacada no bairro; à direita, as marcas no pescoço dela, onde a corrente foi arrancada (Kamá Ribeiro)
A Guarda Municipal de Campinas (GM) desencadeou a operação “Meu Bairro Seguro”, no Cambuí, nesta quarta-feira (27), depois de várias denúncias de moradores sobre assaltos realizados na região. A operação contou com reforço no patrulhamento e a abordagem de veículos. Dois boletins de ocorrência referente aos crimes também foram registrados no 13º Distrito Policial (DP).
A professora Gleisse Jaqueline Sampaio Bisini, de 49 anos, foi alvo dos assaltantes no fim da tarde da última segunda-feira. A vítima contou que, por volta das 17h30, seguia pela Rua Guilherme da Silva, entre a Coronel Quirino e a Maria Monteiro, quando um rapaz de bicicleta veio na direção contrária.
Gleisse confessou que estava distraída e não percebeu quando ele se aproximou e colocou as mãos em seu pescoço. “Só vi que estava vindo uma pessoa de bicicleta, mas, como aqui no bairro sempre há adolescentes andando de bicicleta, não desconfiei. De repente, ele virou a bicicleta para o meu lado e pulou com as mãos no meu pescoço e eu me defendi, tanto que cortei a minha mão.”
O rapaz estava sozinho e a professora somente conseguiu gravar o número 10 que aparecia na parte de trás da camiseta branca que ele usava. “Gritei muito, quando coloquei a mão no pescoço vi que estava saindo sangue. E mesmo gritando ele saiu pedalando normalmente, sem olhar para trás. Saiu normalmente, como se fosse uma pessoa do bem. Foi a primeira vez que passei por uma coisa dessas.”
Como ela se protegeu da ação, o rapaz conseguiu levar apenas os pingentes da corrente que usava. No entanto, mais do que o valor em dinheiro, ela perdeu algo de valor afetivo.
“Era uma correntinha bem fininha, que tinha uma medalhinha e uma pequena cruz. Foi trazida de Roma, abençoada em uma missa de campo, pelo papa. Então, eu até me emociono de falar, porque foi um grande susto, porque não sabia se aquilo que tinha na mão poderia ser uma faca… e a hora que você vê o sangue escorrendo pela sua mão, é assustador.”
Após o ataque, a professora pediu ajuda a Ricardo Amaro, funcionário do Clube Campineiro de Regatas e Natação, que a orientou em procurar a polícia.
Na terça-feira, ela também passou pelo exame de corpo de delito devido aos ferimentos no pescoço.
O segurança autônomo Dimas Barbosa, de 57 anos, que vigiava os carros naquele trecho, disse que no momento do assalto estava do outro lado da rua e apenas ouviu os gritos da vítima. Ele, que trabalha na rua há oito meses em horários entre 9h e 21h, disse que nesse período não havia flagrado qualquer situação semelhante.
Lideranças pedem proteção
O caso de Gleisse está registrado no 13º DP, para onde um outro caso, com o mesmo modus operandi foi notificado. Imagens de câmeras de monitoramento da região não chegaram a flagrar o assalto da professora, mas capturaram movimentações suspeitas de indivíduos em bicicletas na mesma área.
As imagens estão sendo compartilhadas em grupos de WhatsApp. A polícia, no entanto, pede cautela, e orienta para que as informações referentes aos assaltos sejam reportadas à própria delegacia, a fim de que as investigações possam ser conduzidas e sejam tomadas medidas efetivas contra os suspeitos.
Além disso, a orientação é a de que a atenção de comerciantes e moradores deve ser redobrada.
Anteontem, (26), a vice-presidente do Clube Campineiro de Regatas e Natação, Lea Rodrigues, que teve uma funcionária assaltada, reuniu-se com a Guarda Municipal para solicitar maior proteção ao bairro.
No encontro, ela ainda foi orientada a instalar mais câmeras no espaço e ampliar a iluminação. “Nossa preocupação são com as crianças”, menciona Lea. Diariamente, o Clube Regatas chega a receber quase mil pessoas, sendo que quase metade delas são crianças.
A região ainda tem a presença de outros clubes e escolas, o que gera uma grande movimentação durante o dia. “Estamos orientando nossos professores para que peçam aos alunos mais cuidado. A atenção na via é muito importante. Além disso, deixar os celulares guardados é imprescindível para evitar um problema maior”, frisou.
Operação
O Conselho de Segurança (Conseg) do Cambuí também acompanha a situação. De acordo com o presidente do conselho, Eduardo Cruz, a entidade tem intermediado o diálogo entre a população e poder público na busca de ações efetivas de combate. “Não é apenas um caso de polícia. Ela se origina de problemas econômicos, sociais, é uma questão, muitas vezes, de saúde pública, porque muitos furtos são devido ao vício, então são diversas questões que devem ser discutidas.”
Em resposta às denúncias, a GM realizou, durante a tarde desta quarta-feira (27) a operação “Meu Bairro Seguro”, com o estreitamento da via na Norte Sul para averiguação de motos e veículos. No total, foram checados 125 veículos e 132 pessoas.
Também houve reforço do patrulhamento realizado por viaturas e motocicletas.
A operação “Meu Bairro Seguro” ocorre rotineiramente em diversos bairros da cidade. A GM reforça que, em caso de assaltos ou de informações referentes a pessoas suspeitas, a população acione as forças policiais por meio dos números 190 e 153.
Com base nas denúncias, a GM elabora ações mais efetivas em pontos críticos e realiza reforço no patrulhamento para garantia de segurança.