TRANSTORNOS

Apagão no país afeta trânsito e serviços de saúde na RMC

Queda na energia atingiu Campinas, Hortolândia, Santa Bárbara e Americana

Luis Eduardo de Sousa com Agência Brasil
16/08/2023 às 08:55.
Atualizado em 16/08/2023 às 08:55

O Centro de Saúde do bairro São Domingos, na região sul de Campinas, ficou sem energia elétrica durante parte da manhã de ontem devido ao apagão nacional; fornecimento de energia foi restabelecido às 9h (Kamá Ribeiro)

Um apagão de abrangência nacional teve impacto direto em cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC), na manhã de terça-feira (15), resultando na interrupção temporária de serviços públicos essenciais, incluindo saúde, educação e trânsito. Campinas, Hortolândia, Santa Bárbara d'Oeste e Americana foram pelo menos quatro cidades afetadas por essa ocorrência. O apagão, cujo início foi registrado às 8h31 conforme relato do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), teve suas primeiras consequências observadas por volta das 8h40 na cidade de Campinas. As áreas mais afetadas dentro da cidade incluíram as regiões do Campo Belo, assim como diversos bairros do distrito do Ouro Verde.

A Administração Municipal informou que a falta de energia também se fez sentir nos principais eixos viários da localidade, incluindo as avenidas Amoreiras, Piracicaba, Camucim e John Boyd Dunlop. Com a ausência de sinalização semafórica ao longo dessas vias, a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) mobilizou agentes de mobilidade urbana para auxiliar na direção do trânsito. A normalização dos semáforos ocorreu por volta das 10h, entretanto, constatouse que dois semáforos sofreram danos durante o período de falta de energia.

Os efeitos do apagão também repercutiram no setor de saúde da cidade. Centros de Saúde (CS's) enfrentaram uma queda de energia que perdurou por cerca de 30 minutos, ocasionando atrasos nos atendimentos agendados. No CS do Santo Antônio, localizado na região dos DICs, a situação se tornou ainda mais crítica, obrigando o deslocamento das vacinas armazenadas para outra unidade de saúde devido à falta de refrigeração adequada.

Diversos Centros de Saúde na região sul foram diretamente impactados, incluindo São Domingos, Campo Belo, Fernanda, Santos Dumont, Nova América, San Diego e Oziel. A normalização do fornecimento de energia só ocorreu em torno das 9h, mas o CS São Domingos ainda permanecia enfrentando instabilidade na rede elétrica, conforme declarado pela Secretaria de Saúde em um comunicado oficial.

A falta de energia também gerou atrasos no atendimento de unidades como Vila União, Santa Lúcia, DIC I e Capivari. Além disso, o Hospital Ouro Verde enfrentou atrasos nos atendimentos ambulatoriais devido à interrupção do fornecimento elétrico, que deixou os computadores inoperantes.

Lícia Perin, moradora do bairro Campo Belo e atenta aos acontecimentos, relatou que a região experimentou um incomum silêncio durante o apagão. Segundo ela, por volta das 8h40, toda a área ficou imersa em um cenário de quietude. "Estava ocupada preparando meus filhos para a escola, quando tudo apagou. O silêncio tomou conta do bairro. No entanto, a energia retornou rapidamente, após apenas 10 minutos", detalhou.

Os transtornos causados pelo apagão não se limitaram a Campinas, estendendo-se a outras cidades da região. Em Hortolândia, moradores de cinco bairros distintos relataram a ocorrência de quedas de energia. Jardim Rosolem, Jardim Novo Ângulo, Jardim São Miguel, Jardim Santa Esmeralda e Jardim Campos Verdes foram diretamente afetados pelo incidente.

Em Americana, registros semelhantes de falta de energia emergiram de uma série de bairros. As áreas atingidas incluíram Jaguari, Santa Catarina, Bela Vista, Jardim Paulistano, Jardim Pau Brasil, Jardim Colina, Nossa Senhora do Carmo, São Manuel, Nova Carioba, Recanto Vista Alegre e Chácara Machadinho.

Santa Bárbara d'Oeste também sentiu os impactos do apagão, com o Centro Médico de Especialidades, localizado no coração do município, enfrentando interrupção de serviços por aproximadamente 40 minutos. Além disso, os cortes de energia atingiram os bairros Jardim Belo Horizonte e Cruzeiro do Sul.

A assessoria de comunicação de todas as unidades da CPFL emitiu um comunicado oficial em resposta à situação. "A CPFL informa que registrou, na manhã desta terça-feira desligamento no Sistema Interligado Nacional (SIN), que é coordenado pelo Operador Nacional do Sistema, ocasionando interrupção para parte dos clientes das quatro distribuidoras, CPFL Paulista, Piratininga, Santa Cruz e RGE. A CPFL esclarece que todos os clientes foram restabelecidos e aguarda mais informações do ONS referente à causa", diz o texto.

A falta de energia reverberou por cidades em todo o Brasil, atingindo 25 dos 26 estados brasileiros e o Distrito Federal. Segundo o relato do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a causa raiz do incidente foi identificada como uma "separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste, com abertura das interligações entre essas regiões", efetivamente resultando em uma desconexão entre essas áreas. A instituição detalhou que, pelo menos, 16 mil megawatts de energia foram interrompidos como resultado direto dessa situação. Além disso, os impactos deliberados nas regiões Sul e Sudeste tiveram o propósito de conter a propagação do incidente. Estima-se que aproximadamente 26 milhões de pessoas tenham sido afetadas pelos cortes.

Tanto a CPFL quanto o Ministério de Minas e Energia não disponibilizaram à imprensa um levantamento completo das cidades que sofreram alguma forma de interrupção. Além das cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC), o apagão se fez sentir no Vale do Paraíba e na capital, onde uma porção das linhas de metrô ficaram paralisadas.

No decorrer da tarde, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, convocou uma entrevista coletiva para esclarecer os detalhes do incidente. Segundo o ministro, o evento é extremamente raro e teve início devido a uma sobrecarga nas redes elétricas do Ceará, o que, por sua vez, resultou em um colapso sistêmico nas regiões Norte e Nordeste. Como medida de contenção, o ONS implementou um processo de modulação da carga elétrica enviada para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, visando proteger a integridade do sistema. Esse redirecionamento resultou em uma redução da disponibilidade de energia nessas regiões.

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