Aumento número de contaminações compromete a reabertura (Wagner Souza/AAN)
O Departamento Regional de Saúde (DRS) de Campinas, composto por 42 cidades paulistas, ultrapassou ontem a marca dos 100 mil casos de Covid-19, segundo dados divulgados pelo Observatório PUC-Campinas. Ao todo, já são 101.006 pessoas infectadas. Os números também mostram que 3.168 mortes em decorrência da doença foram contabilizadas na região desde o início da pandemia. Dentre as 16 regionais do Estado, a de Campinas é a que apresenta a quarta maior taxa de letalidade (3,14%), atrás somente dos departamentos da Grande São Paulo (4,57%), da Baixada Santista (3,54%) e de Ribeirão Preto (3,31%). O levantamento da PUC aponta ainda que a pandemia avançou na região de Campinas nas últimas duas semanas e que os casos e mortes voltaram a exibir variações positivas após consecutivas desacelerações. Em termos de novos casos, a regional apresentou crescimento de 5,4% após contabilizar 4,07 mil infecções entre os dias 13 e 19 de setembro. A Região Metropolitana de Campinas (RMC), com 2,8 mil contaminações, obteve variação positiva de 3,37% no período. Os dados atualizados podem ser consultados no site: www.observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19/. De acordo com o infectologista da PUC-Campinas, André Giglio Bueno, o novo aumento de casos e mortes acende um sinal de alerta à população, que nas últimas semanas, sobretudo no feriado de 7 de setembro, demonstrou relaxamento nas medidas de proteção contra a pandemia. “Na medida em que a flexibilização aumenta, a responsabilidade individual para seguir todas as recomendações também cresce. Se a adesão às práticas de prevenção diminui, a probabilidade de alta nos casos fica mais evidente”, explicou. Segundo ele, nas últimas duas semanas, a falta de cuidado com as medidas básicas de proteção foi escancarada com as imagens de bares e praias lotadas. “Além das aglomerações em áreas públicas, tem sido observado também um aumento das reuniões familiares e de amigos. Essa situação, embora superficial para apontar tendências, nos coloca num patamar de preocupação superior ao das últimas semanas”, disse Bueno. O professor e economista Paulo Oliveira, que conduz os estudos relativos à Covid-19 no Observatório PUC-Campinas, avalia que o novo aumento das contaminações compromete a sustentabilidade das reaberturas, que só se sustentam com a eficiência dos protocolos para a contenção da crise sanitária. “Além disso, a recuperação econômica, infelizmente, vai depender de fatores além da permissão para o funcionamento das atividades”, afirmou. Ainda segundo o docente, a recuperação é dependente da capacidade de consumo das famílias, atualmente afetada pelo desemprego e diminuição de renda, da política de gastos públicos e da retomada da economia internacional. “E como complicador, há o aumento da preocupação com um possível movimento inflacionário, que pode impactar diretamente o bolso da população. Tal condição reforça também a necessidade da criação de políticas de mitigação do crescimento dos custos dos insumos, como a valorização do real em relação ao dólar”, finalizou. Observatório PUC-Campinas O Observatório PUC-Campinas foi lançado no dia 12 de junho de 2018, com o propósito de atender três atividades da universidade: a pesquisa, por meio da coleta e sistematização de dados socioeconômicos, especialmente da Região Metropolitana de Campinas; o ensino, impactado pelos resultados obtidos, que são transformados em conteúdo disciplinar; e a extensão, que divide o conhecimento com a comunidade. A plataforma, de modo simplificado, se destina à divulgação de estudos temáticos regionais e promove a discussão sobre o desenvolvimento econômico e social na região.