A Fifa anunciou ontem, com entusiasmo, que vai utilizar o sistema de árbitro de vídeo (VAR) na Copa do Mundo da Rússia. "Vamos ter em 2018 o primeiro Mundial com VAR. Isso foi aprovado, decidido e estamos certamente muito felizes com a decisão", anunciou Gianni Infantino logo após uma reunião da entidade em Bogotá, ontem. O presidente da Fifa tem motivos para ficar eufórico. A tecnologia do VAR dará uma enorme contribuição para que a Copa seja mais justa. Não significa, de modo algum, que será uma competição livre de erros de arbitragem. Mas, com certeza, o VAR será uma ferramenta poderosa, capaz de corrigir erros grotescos como já vimos em outros Mundiais e também de esclarecer lances duvidosos, daqueles que são bem difíceis para qualquer árbitro, por mais experiente que seja. O público, atletas e treinadores precisam ter consciência dessa diferença. O VAR não é perfeito ou infalível, mas é muito melhor do que o sistema utilizado até então. O erro de Jorge Larrionda no confronto entre Alemanha e Inglaterra na Copa de 2010 é um exemplo exagerado, mas mostra como o VAR será capaz de evitar falhas desastrosas como a do árbitro uruguaio. A Alemanha vencia por 2 a 0 e a Inglaterra diminuiu aos 36’ do 1º tempo. Dois minutos depois, Lampard marcou um golaço com um chute que encobriu Neuer, bateu no travessão e caiu dentro do gol. Muito dentro. Mas Larrionda achou que a bola não entrou. Um erro ruim não apenas para os ingleses, mas para a própria imagem da Copa. As vantagens do VAR vão bem além disso. Erros notórios como esse que marcou o Mundial da África do Sul são raros, mas os equívocos em lances difíceis são frequentes. É nesse aspecto que o VAR será extremamente útil. Críticos costumam dizer que a utilização do árbitro de vídeo interrompe demais a partida e estraga o clímax toda vez que um gol é analisado e o estádio inteiro fica em silêncio, sem saber se o gol já comemorado será validado. São coisas chatas, não se discute. Mas é um pequeno preço a pagar perto dos benefícios gerados pelo VAR. É chato ter que esperar para saber se foi gol, mas isso não é nada perto do prejuízo irreparável que um erro do árbitro de carne e osso pode causar. Atletas sonham durante quatro anos com a próxima Copa. Treinadores trabalham intensamente, torcedores atravessam o mundo para apoiar suas seleções. Difícil mesmo é aceitar que a decisão de uma pessoa acabe com o trabalho de centenas de profissionais e com o sonho de milhões de torcedores. Seja bem-vinda, tecnologia. A Copa do Mundo ficará ainda melhor com você.