O ex-presidente dos EUA Donald Trump usou um argumento incomum para convencer os eleitores a apoiá-lo nas prévias do Partido Republicano, que começaram nesta segunda-feira, 15: o voto de seus fiéis seguidores o ajudaria a voltar à Casa Branca e se vingar de seus inimigos.
"Essas prévias são a chance de obter uma vitória definitiva sobre todos os mentirosos, trapaceiros, bandidos, pervertidos, vigaristas, anormais e cretinos", disse Trump em comício na cidade de Indianola, em Iowa. "O pântano de Washington fez tudo o que estava ao seu alcance para suprimir a voz de vocês. Mas é hora de vocês falarem o que pensam e votarem."
Em uma tentativa de manter o engajamento dos eleitores, afetados pela onda de frio que levou a temperatura a -30ºC, Trump disse aos seus apoiadores para não deixarem de votar. "Se você está muito doente, você diz: 'Querida, eu preciso fazer isso'. Mesmo que você vote e depois morra, terá valido a pena."
Trump está obtendo sucesso ao conseguir o apoio de republicanos importantes. O governador de Dakota do Norte, Doug Burgum, que concorreu à indicação republicana, mas não conseguiu emplacar, e o senador da Flórida, Marco Rubio, o apoiaram no domingo. Ao escolher Trump, Rubio passou por cima do governador de seu Estado, Ron DeSantis, e de Nikki Haley, ex-governadora da Carolina do Sul, que havia apoiado Rubio em um momento crucial da sua fracassada campanha presidencial de 2016.
Onda de frio
Na disputa de Iowa, a mobilização dos eleitores se tornou mais difícil em razão da onda de frio e das nevascas que atingem boa parte dos EUA. As baixas temperaturas mataram pelo menos quatro pessoas e deixaram milhares de casas sem eletricidade.
Um jogo dos playoffs da liga de futebol americano (NFL), entre Pittsburgh Steelers e Buffalo Bills, que aconteceria no Estado de Nova York, teve de ser adiado. No fim de semana, em Montana, perto da fronteira com o Canadá, a temperatura chegou a -51ºC.
O ex-presidente americano começa a temporada de primárias como favorito para obter a indicação do partido para concorrer em novembro, provavelmente contra o presidente Joe Biden, que tenta a reeleição. Após Iowa, as próximas primárias serão em New Hampshire, no dia 23.
O processo para escolher os candidatos de ambos os partidos termina em junho. As convenções estão marcadas para julho (Partido Republicano) e agosto (Partido Democrata). No caso dos democratas, Biden é considerado ainda mais favorito, porque seus rivais são dois desconhecidos: o deputado Dean Phillips e a ativista Marianne Williamson.
Trump, no entanto, ainda terá pela frente uma série de obstáculos legais. O ex-presidente é acusado de interferência eleitoral no Estado da Geórgia, de tentar subverter a eleição de 2020, incitando a invasão do Congresso, e de negligência na posse de documentos ultrassecretos em sua mansão na Flórida, após deixar a Casa Branca.
Além de processos criminais, ele e seus dois filhos mais velhos estão sendo julgados em Nova York, acusados de fraude corporativa. Se condenados, podem ter de pagar até US$ 370 milhões em multas (cerca de R$ 1,8 bilhão), o que pode arruiná-lo financeiramente. Ainda na esfera judicial, no ano passado, o ex-presidente foi condenado por agressão sexual e difamação da jornalista E. Jean Carroll.
Novo caso
Em maio de 2023, a Justiça deu a Carroll ganho de causa. Trump foi obrigado a pagar US$ 5 milhões em indenizações. O ex-presidente, no entanto, continuou falando sobre o caso, insultando a jornalista. Por isso, na quinta-feira, 18, ele começará a se defender na Justiça de um segundo caso de difamação. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.