Acusado de estupro, ameaça, lesão corporal e cárcere privado pelo Ministério Público de São Paulo, o empresário Thiago Brennand pediu a revogação das cinco ordens de prisão contra ele decretadas como condição para que volte ao Brasil na sexta-feira, 7. Ele está em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes, desde setembro do ano passado. Chegou a ser detido no exterior, mas foi liberado após pagar fiança.
A solicitação foi feita pelo seu atual advogado, Eduardo Cesar Leite, nos cinco processos em que há ordem de prisão do empresário. A defesa argumenta que "a mídia brasileira pautou supostos fatos, impondo julgamento antecipado do acusado pelo simples fato de sua viagem aos Emirados Árabes".
A manifestação não diz que o empresário irá se entregar à Justiça, mas que tem "interesse em retornar ao Brasil, na próxima quinta-feira (06 de abril de 2023), chegando no dia 07 de abril", quando se entregaria à Polícia Federal. Além da revogação das ordens de prisão, Brennand também pede que seu nome seja retirado da "Difusão Vermelha", lista dos procurados pela Interpol.
O estopim para as várias denúncias que pairam sobre o empresário foi o caso envolvendo a modelo Helena Gomes, em agosto do ano passado. Brennand foi flagrado por câmeras de segurança agredindo-a dentro de uma academia em São Paulo. A juíza da 6ª Vara Criminal paulistana, Erika Mascarenhas, responsável por este processo, determinou que o acusado entregasse seu passaporte à Justiça. Como ele viajou para os Emirados Árabes, a magistrada decretou a sua prisão preventiva.
Outras mulheres vieram a público incriminar o empresário. Uma delas é a estudante e modelo Stephanie Cohen, que afirma ter sido estuprada. A segunda ordem de prisão de Brennand foi proferida no processo criminal em que ela é vítima.
As outras duas ordens de prisão vêm de um processo em que o empresário é acusado de corrupção de menores, tendo como vítima seu filho, e de uma outra ação, em Porto Feliz, na qual uma mulher afirma que ele a forçou a tatuar à força as iniciais "T. V." (sendo o "V" de "Vieira", um dos sobrenomes do empresário).
Além dos casos de violência de gênero, Brennand a responde a duas ações criminais por causa de episódios que protagonizou dentro do condomínio em que residia, em Porto Feliz. Ele teria agredido um garçom do restaurante Fasano e o caseiro do empreendimento.
Há uma 5ª ordem de prisão, cujo processo também é segredo de Justiça. O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo confirmou que, em sua jurisdição, o empresário responde a oito processos criminais.
Há cerca de duas semanas, no dia 17 de março, a Polícia apreendeu, em um clube de tiro em Atibaia, mais de 70 armas de fogo que seriam de Brennand. Ele teve seu CAC suspenso e não pode possuir armamentos registrados em seu nome.
Desde que saiu do Brasil, o empresário veio a público através de vídeos publicados no YouTube expor a sua versão sobre os acontecimentos. Nos dias 11 e 25 de outubro do ano passado, Brennand afirmou, em meio a elogios a Jair Bolsonaro (PL), que é politicamente perseguido e que irá comprovar sua inocência. Ele direcionou impropérios ao procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Sarrubo, e à ex-promotora de Justiça Gabriela Manssur, que também acionou o empresário na Justiça.
COM A PALAVRA, A DEFESA DO ADVOGADO THIAGO BRENNAND
A reportagem entrou em contato com o advogado Eduardo Cesar Leite, que representa Thiago Brennand nos processos, através do e-mail fornecido nos autos dos processos. Não houve retorno até a publicação da reportagem. O espaço está aberto para manifestação.