Arthur Elias, técnico da equipe feminina de futebol do Corinthians, afirmou, nesta segunda-feira, que o manifesto "Respeita as Minas não é uma frase qualquer", divulgado no domingo, não foi direcionado para criticar a contratação de Cuca para o time masculino.
"Acho que é importante colocar, explicar melhor para o nosso torcedor, para a sociedade, algo que ficou muito mal entendido. O grupo de atletas quis fazer um posicionamento sobre o tema, elas falam de maneira geral, se orgulham do que é vestir esta camisa do Corinthians, não foi nenhum tipo de manifesto, protesto, as meninas não personalizaram em nenhuma pessoa, não é na figura do Cuca, na figura do nosso presidente, só que há uma interpretação e foi muito mal interpretado tanto pela imprensa quanto pelos nossos torcedores, acho que isso tem que ser corrigido", disse o treinador, antes do jogo contra o Internacional, pelo Campeonato Brasileiro Feminino.
Arthur Elias afirmou que o clube considera Cuca inocente no caso de estupro ocorrido em 1987, na Suíça, e ratificou a conversa entre o time feminino e o presidente Duílio Monteiro Alves. "Acho que a injustiça vem porque o clube contratou o Cuca, que é um treinador supervitorioso, experiente, um dos melhores que a gente tem no País. O Cuca se diz inocente, o clube investigou isso, teve esse cuidado, o Duilio conversou com as jogadores, conversou comigo também, houve um bate-papo muito importante nesse aspecto. Ficou claro que o clube não tem dúvida de que ele é inocente, o Cuca se diz inocente, algo que aconteceu muito tempo atrás."
CONDENAÇÃO POR ESTUPRO
Em sua coletiva de apresentação, na última sexta-feira, Cuca se declarou inocente e afirmou que não teve participação no caso de estupro que ocorreu em 1987. Então jogador do Grêmio, ele foi detido em 1987 com os também atletas Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoldi, sob a acusação de "manter atos sexuais" com uma menina de 13 anos em um hotel em Berna, na Suíça.
Dois anos mais tarde, Cuca acabou condenado a 15 meses de prisão e ao pagamento de US$ 8 mil. Julgado à revelia e condenado, ele não cumpriu pena porque o caso prescreveu. Em depoimentos à época, a vítima narrou ter sido segurada à força pelos quatro jogadores do Grêmio. O processo está sob sigilo protegido pela lei de proteção de dados da Suíça.
Antes de contratar Cuca, Duílio Monteiro Alves, presidente do Corinthians, disse que pediu a opinião de várias pessoas dentro do clube, incluindo mulheres, como a diretora Cris Gambaré, do futebol feminino. Ela não compartilhou a nota publicada pelas atletas. O mandatário alvinegro também afirmou ter consultado os departamentos jurídico, de marketing e compliance da instituição e crê na inocência do treinador.
O técnico afirmou ser "totalmente inocente", disse ter "vaga lembrança" do episódio, revelou arrependimento por ter falado pouco sobre o assunto e prometeu "passar por cima" dos protestos contra a sua contratação. "Sou totalmente inocente, não fiz nada. As pessoas falam que houve um estupro. Eu não fiz nada", defendeu-se Cuca.