O atual secretário de educação do Paraná, Renato Feder, foi escolhido para o mesmo cargo em São Paulo pelo governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicamos). Segundo fontes ouvidas pelo Estadão, o convite já foi feito e aceito pelo empresário paulistano, que começou sua carreira na área no terceiro setor. Feder, de 45 anos, foi cotado duas vezes para ser ministro da Educação de Jair Bolsonaro (PL), chegou a ser convidado pelo presidente para a pasta, mas depois desconvidado por pressões de evangélicos e alas ligadas ao escritor Olavo de Carvalho.
Segundo apurou o Estadão, Feder já avisou o governador Ratinho Junior (PSD) que aceitaria o convite de Tarcísio e procura colaboradores para sua nova equipe em São Paulo. Ratinho, e o governador eleito de São Paulo devem fazer o anúncio conjunto na semana que vem.
Procurado, Feder não respondeu à reportagem. A assessoria do governador eleito disse que ele só vai se pronunciar oficialmente semana que vem sobre o secretariado.
Feder era um empresário bem-sucedido na área de tecnologia quando resolveu trabalhar com educação. Em 2017, ele abordou em um evento o então secretário de Educação de São Paulo, José Renato Nalini, na gestão de Geraldo Alckmin, e pediu um emprego na secretaria. Sua explicação foi a de que havia ganhado muito dinheiro e estava disposto agora a trabalhar pelo ensino público.
Nalini deu a ele um cargo de assistente, com salário de R$ 8 mil, na secretaria. A intenção era a de que Feder aproximasse a rede estadual de empresários e ONGs que pudessem ajudar em projetos. Mas ele acabou deixando a secretaria em alguns meses.
O sonho do empresário sempre foi o de se tornar secretário da educação em São Paulo. Seus contatos com empresários e terceiro setor fizeram com que ele fosse indicado a Ratinho Junior (PSD) para o cargo no Paraná em 2019, onde ele está até hoje.
Durante a pandemia, o Estado se destacou por ter criado rapidamente um sistema de educação a distância bem estruturado com aulas online. E, nos últimos anos, o Paraná também melhorou seus resultados de aprendizagem, em especial do ensino médio, com políticas focadas em mudanças na gestão e avaliações.
Uma das mudanças feitas por Feder foi de que um profissional da rede só pode se candidatar para ser diretor de escola se for aprovado em um curso de gestão da secretaria da educação. Cada escola é acompanhada por um tutor que assiste às aulas e auxilia toda a equipe. "Se a escola não performa, tem frequência baixa, não usa educatron (plataforma tecnológica do governo), a gente troca o tutor", disse Feder ao Estadão sobre o modelo, em agosto.
O desempenho das escolas em avaliações e a frequência dos alunos também podem garantir bônus de 14º e 15º salários ao diretor. Por outro lado, Feder não acredita em bônus para professores cujos alunos se saem bem em avaliações. O modelo, adotado em São Paulo e já testado em outros países, não mostra evidências de melhora na aprendizagem.