Um dos suspeitos de atacar uma base da Polícia Militar a tiros no começo desta semana foi preso por volta das 16h da tarde desta sexta-feira, 18, no Guarujá, na Baixada Santista. O homem, de 25 anos, foi encontrado escondido em uma casa no bairro Cachoeira, segundo informações preliminares. A reportagem ainda não conseguiu contato com a defesa do suspeito.
Como mostrou o Estadão, dois ataques a tiros no começo desta semana a agentes da PM no Guarujá fizeram o comando da corporação colocar as tropas em alerta para o risco de uma nova onda de violência na região. Ao menos 280 policiais foram deslocados para lá, em operação denominada Impacto. Outros batalhões ficaram de sobreaviso, caso haja necessidade de mais reforço.
A base da PM, localizada no bairro Vila Zilda, foi atacada na última segunda-feira, 14, por ao menos dois homens - a moto em que estavam já foi localizada, mas os suspeitos seguiam foragidos. No mesmo dia, policiais de moto foram alvos de disparos na Avenida Prefeito Raphael Vitiello, no mesmo bairro do primeiro atentado. Não houve feridos, mas os episódios ligaram o alerta da PM.
O homem preso nesta sexta-feira é o primeiro suspeito de atacar os policiais no começo da semana a ser encontrado. Conforme informações preliminares, os PMs localizaram o suspeito após uma denúncia e um "minucioso trabalho de inteligência". As motivações dos disparos são apuradas pela Polícia Civil.
De acordo com policiais ouvidos pela reportagem, o suspeito, que estaria na garupa da moto durante o ataque à base, já havia sido preso anteriormente por roubo e furto. Ele foi detido em cumprimento ao mandado de prisão por tentativa de homicídio e conduzido à Delegacia de Polícia Sede de Guarujá. O homem que estaria conduzindo a moto durante o ataque segue foragido.
A Vila Zilda, onde os ataques ocorreram, é a mesma em que o soldado Patrick Reis, da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), foi assassinado em julho de 2023. A morte desencadeou a Operação Escudo, uma forte reação da PM que resultou em 28 suspeitos mortos só na primeira fase.
Em 2024, com novas mortes de PMs na região, o governo estadual determinou outras ações na Baixada. Entre 3 de fevereiro e 1º de abril, 56 pessoas foram mortas em ações policiais no âmbito da Operação Verão. O Ministério Público investiga relatos de supostos abusos nessas ações, o que é negado pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Fontes internas da Inteligência da PM ouvidas pela reportagem afirmam que, até agora, não há indícios de interligação entre os dois casos recentes no Guarujá. Mas eles apontam que as medidas foram adotadas como forma de precaução pelo comandante-geral da PM, o coronel Cássio Araújo de Freitas.
Nos últimos anos, a Baixada Santista se tornou um epicentro da atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC), em especial pela proximidade com o Porto de Santos, principal porta de exportação da cocaína que sai do Brasil com destino a países da Europa, como Bélgica e Espanha.
Autoridades investigam supostos 'salves' da facção
Nesta semana, um possível "salve" (orientação da alta cúpula a faccionados) foi encontrado na Penitenciária de Parelheiros, zona sul paulistana. O bilhete, escrito a mão, listava insatisfações sobre as condições das prisões e orientava que líderes do PCC em presídios paulistas indicassem nome e endereço de dois policiais penais de cada unidade, possivelmente para retaliação. A veracidade do salve ainda não foi atestada pelas autoridades.
Em paralelo, uma denúncia anônima, recebida por telefone, apontou que o PCC teria difundido um "salve" demonstrando revolta pela morte de um faccionado com possível atuação no Guarujá e encorajando, por conta disso, ataques contra agentes de segurança do Estado.
O incêndio de um caminhão da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) na Avenida Doutor Gastão Vidigal, na Vila Leopoldina, na última semana aumentou os temores quanto a possíveis atentados. Conforme a Secretaria da Segurança Pública, o caso ocorreu quando o veículo estava sendo conduzido por um agente que retornava de uma audiência com detentos a bordo.
Procurada pela reportagem, a SAP negou "qualquer ataque a seus agentes". A pasta afirma que o veículo sofreu pane elétrica na noite da sexta, 11, durante o temporal. Depois, pegou fogo. "Não houve feridos, pois o caminhão havia sido esvaziado antes do fato", acrescenta a secretaria, em nota.
Integrantes da PM e do Ministério Público do Estado (MP-SP) também minimizaram um possível ataque coordenado. "Não há indícios de correlação dos ataques na Baixada com o suposto salve, cujo conteúdo não foi analisado e confirmado pela Inteligência da SAP e tampouco aqui pelo Gaeco (Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado)", disse o promotor Lincoln Gakiya.