Economia

Supermercados puxaram alta nas vendas do varejo em 2023, diz IBGE

Estadão Conteúdo
07/02/2024 às 15:08.
Atualizado em 07/02/2024 às 15:16

O bom desempenho das vendas de supermercados impulsionou o crescimento do comércio varejista brasileiro em 2023, apontou Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O volume vendido pelo comércio varejista cresceu 1,7% em 2023. Cinco das oito atividades pesquisadas registraram expansão: Móveis e Eletrodomésticos (1,0%), Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,7%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, e de perfumaria (4,7%), Combustíveis e lubrificantes (3,9%) e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (2,0%).

Na direção oposta, as perdas ocorreram em Tecidos, vestuário e calçados (-4,6%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-4,5%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui as lojas de departamento (-10,9%).

"A gente vê que a principal influência nesse ano de 2023 foi de supermercados. Mas também houve contribuição positiva de combustíveis e lubrificantes e de artigos farmacêuticos", apontou Santos.

O setor de supermercados contribuiu com 1,7 ponto porcentual para a taxa de crescimento do varejo no ano. Combustíveis tiveram impacto positivo de 0,4 ponto porcentual, e artigos farmacêuticos contribuíram com 0,4 ponto porcentual. Na direção oposta, a atividade de outros artigos de uso pessoal e doméstico impactou negativamente em -0,8 ponto porcentual.

Segundo Santos, o desempenho do setor de Outros artigos de uso pessoal e doméstico foi afetado no ano passado por problemas contábeis em grandes marcas e pelo fechamento de lojas de redes varejistas.

"Parte dessa receita (dessas empresas do setor) foi esvaziada por conta dessas questões", afirmou ele.

No comércio varejista ampliado - que agora inclui as atividades de veículos, material de construção e atacado alimentício - houve alta de 2,4% em 2023. O segmento de Veículos, motos, partes e peças registrou alta de 8,1%, atacado alimentício cresceu 1,0%, enquanto Material de construção caiu 1,9%.

Santos explicou que a série histórica ainda curta do setor de atacado alimentício inviabiliza a divulgação da contribuição específica deste segmento para o resultado global varejo ampliado em 2023. No entanto, os avanços nas vendas de veículos e do atacado alimentício ajudaram a turbinar a alta maior no varejo ampliado do que no varejo restrito em 2023. Veículos tiveram contribuição maior do que atacado alimentício.

"Parte desse crescimento vem refletindo o fato de o crédito para aquisição de veículos ter aumentado", justificou Santos.

A queda da taxa básica de juros, a Selic, também ajudou a aumentar a concessão de crédito para aquisição de veículos. Além disso, houve contribuição para o resultado de 2023 do programa de governo que concedeu desconto no imposto de automóveis populares.

"(O programa do governo) Teve influência sim, a influência foi mais localizada no primeiro semestre, mas teve influência ao longo do ano todo para esse acumulado do ano", confirmou o pesquisador do IBGE.

Quanto às demais influências positivas, a forte contribuição do segmento de supermercados revela um consumo mais concentrado em itens básicos, apesar do avanço no crédito, no número de pessoas ocupadas no mercado de trabalho e na massa de renda em circulação na economia.

"Esse crédito que está crescente, essa massa que está crescente, não está parando no consumo no varejo. Onde ela parou mais foi em hipermercados e supermercados. Parte desse crédito está sendo usado para pagamento de dívidas e redução de inadimplência", avaliou Santos.

O gerente do IBGE lembrou ainda que o comércio varejista como um todo apresentou, em 2023, "poucas variações" no volume vendido, oscilações "muito baixas". "As variações (nas vendas) se concentraram mais em hiper e supermercados", finalizou.

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