O senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) usou suas redes sociais neste domingo, 12, para questionar a ausência, segundo ele, de "impessoalidade" na indicação de Cristiano Zanin à vaga no Superior Tribunal Federal (STF). Zanin é cotado para assumir o espaço do ministro Ricardo Lewandowski na Corte. Advogado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele defendeu o petista durante a Operação Lava Jato, investigação em que Moro foi o juiz responsável por condenar Lula.
"Um bom resumo do Governo Lula até aqui: ataque à lei das estatais para loteamento político, esposas de ministros nos Tribunais de Contas e o desejo de ter o advogado e amigo pessoal no STF. Onde está a impessoalidade? Como fica a independência das instituições? Estaremos de olho", disse em uma rede social.
O STF considerou as ações de Moro, no âmbito da Lava Jato, parciais. Em março de 2021, por maioria, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal declarou a parcialidade de Moro ao condenar Lula na ação do triplex do Guarujá (SP). "República e impessoalidade não combinam com nenhum tipo de favorecimento pessoal", disse o ministro Edson Fachin ao relembrar que o caso poderia colocar em xeque outros processos da operação.
Enquanto Zanin permanece como cotado para o STF, Lula lida com o embate ético de sugerir à Corte o nome de um aliado próximo. O petista, durante a campanha eleitoral, afirmou mais de uma vez que nunca "indicou um amigo" para o STF durante seus dois primeiros mandatos, fazendo uma crítica à escolha do ex-presidente Jair Bolsonaro, que colocou no STF o ex-ministro da Justiça André Mendonça.
Além do embate ético, o presidente ainda lida com apelos, sobretudo de movimentos sociais, para que uma mulher assuma uma cadeira na Corte. Lula, entretanto, não pretende levar em consideração a questão de gênero na escolha do indicado. Como mostrou o Estadão, assessores palacianos e um ministro do governo afirmaram que o petista tem dito que o gênero do candidato não será determinante para a escolha.