O líder da oposição no Senado Federal, Rogério Marinho (PL-RN), afirmou nesta segunda-feira, 5, que o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) deveria se afastar da Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência do Congresso (CCAI). Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Marinho disse que o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL) deveria "pensar e ponderar" sobre a "exposição" provocada pela cadeira na comissão.
"Eu acho que ele deveria se afastar da CCAI", disse o senador. "Ele me procurou com essa preocupação. Eu disse para ele pensar, porque ele ficaria em uma exposição muito grande. Mas eu não aconselhei, pedi para ele pensar e ponderar", completou.
A Comissão de Atividades de Inteligência atua para fiscalizar os órgãos de inteligência e tem prerrogativa para acessar documentos sigilosos. Ramagem é investigado pela Polícia Federal (PF) por suspeitas de que um núcleo "paralelo" de informações tenha se instalado na agência.
A polícia investiga se a Abin era usada para monitorar inimigos políticos do ex-presidente Bolsonaro. Em 25 de janeiro, os endereços de Ramagem foram alvos de busca e apreensão.
Ramagem nega uso de programas 'espiões'
O uso indevido de programas "espiões" pela Abin é investigado desde outubro do ano passado, quando foi deflagrada pela PF a Operação Última Milha. O nome dessa operação satiriza uma das peças-chaves da investigação, o software FirstMile. Os investigadores já sabem que o programa foi utilizado 60 mil vezes pela Abin entre 2019 e 2023, assim como foi apurado que mais da metade desses acessos ocorreu em 2020, ano de eleições municipais.
Ramagem nega as suspeitas e afirmou no sábado, 3, que nunca ordenou o monitoramento de autoridades com o FirstMile, nem tentou encobrir o uso da ferramenta apagando os históricos de acesso ao programa.
Conselho de Ética
Uma comissão mista no Congresso mescla em sua composição parlamentares das duas Casas. A Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência do Congresso tem seis integrantes do Senado e cinco da Câmara. Além do colegiado, Ramagem integra o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados (CEDP), no qual se tornou alvo de um pedido de cassação nesta segunda-feira, em requerimento assinado por 17 deputados do PSOL e da Rede.