O presidente russo, Vladimir Putin, participará de sua primeira cúpula multilateral desde a rebelião armada do Grupo Wagner, há duas semanas. Em uma rara demonstração de apoio internacional, Putin se reunirá virtualmente nesta terça-feira, 4, com os líderes da Organização de Cooperação de Xangai (SCO, na sigla em inglês), bloco de segurança regional fundado em 2001 para se contrapor ao avanço da diplomacia ocidental na Ásia.
Além de Putin, participarão do encontro o presidente da China, Xi Jinping, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. A SCO reúne Rússia e países da Ásia Central. O encontro é particularmente importante para Putin, que está isolado pelas sanções ocidentais e enfrenta um momento ruim no campo de batalha na Ucrânia.
Até agora, o grupo se concentrou em aprofundar a segurança regional e a cooperação econômica, combater o terrorismo e o tráfico de drogas, enfrentar as mudanças climáticas e a crise no Afeganistão depois que o Taleban assumiu o poder, em 2021.
No mês passado, em um encontro de chanceleres da SCO na Índia, a guerra da Rússia na Ucrânia foi um tema evitado a todo custo. Agora, no entanto, segundo diplomatas, as consequências do conflito para os países em desenvolvimento, principalmente ligadas à segurança alimentar e ao preço dos combustíveis, são uma preocupação para o grupo.
O fórum é mais importante do que nunca para a Rússia, ansiosa para mostrar que o Ocidente fracassou em isolá-la. A SCO inclui os quatro países da Ásia Central: Casaquistão, Quirguistão, Tajiquistão e Usbequistão, além de Paquistão, que se tornou membro em 2017, e Irã, que deve ser aceito formalmente hoje no bloco.
Diplomacia
"Esta reunião da SCO é realmente uma das poucas oportunidades globais que Putin terá para projetar força e credibilidade", disse Michael Kugelman, diretor do Instituto do Sul da Ásia do Wilson Center.
Nenhum dos países-membros da SCO condenou a Rússia em resoluções da ONU, preferindo sempre a abstenção. A China escolheu um enviado para mediar o conflito entre Rússia e Ucrânia, e a Índia pediu repetidamente uma resolução pacífica para a guerra.
Para Putin, do ponto de vista pessoal, a cúpula da SCO representa uma oportunidade de mostrar que está no controle da Rússia, após uma insurreição armada de curta duração do chefe mercenário Evgeny Prigozhin.
"O objetivo de Putin é assegurar a seus aliados que ele ainda está no comando e não deixar dúvidas de que os desafios ao seu governo foram esmagados", afirmou Tanvi Madan, pesquisador da Brookings Institution.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.