O diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Mahatma Ramos dos Santos, afirmou em nota que a Petrobras cedeu a pressões do mercado para distribuir R$ 94,3 bilhões em dividendos no exercício de 2023. De acordo com Santos, esse é o terceiro maior volume de dividendos da história da companhia, e só fica atrás dos mega dividendos distribuídos pela estatal durante o governo Bolsonaro, no biênio 2021 e 2022, quando a média anual de dividendos pagos foi de R$ 155,7 bilhões, praticamente todo o lucro da companhia, inflado pela venda de ativos na gestão anterior.
"A decisão da Petrobras e de seu acionista controlador, a União, de aprovarem a distribuição de 50% dos dividendos extraordinários de 2023 não está alinhada com os interesses de longo prazo da companhia e da sociedade brasileira, tais como novos investimentos em transição energética, abastecimento e segurança nacional", disse o diretor após a Assembleia Geral Ordinária (AGO), que decidiu pelo pagamento dos dividendos extraordinários na quinta-feira, 25.
FUP
Também a Federação Única dos Petroleiros (FUP) lamentou que tenha prevalecido a política de distribuição de mega dividendos da Petrobras, com pagamento de ganhos extraordinários, implementada pelo governo passado. "Na visão da FUP, a Petrobras precisa rever as regras que o mercado financeiro impôs à empresa e que acarretam um desequilíbrio de poder na condução da companhia e nas necessidades de investimentos", afirmou em nota.
Na quinta-feira, os acionistas da Petrobras, liderados pela União, aprovaram a distribuição de metade dos dividendos extras referentes a 2023, que estavam retidos, no valor de R$ 21,9 bilhões, que se somam aos R$ 72,4 bilhões de dividendos ordinários referentes ao exercício.
O pagamento do valor restante será avaliado até o final do ano, o que pode elevar a distribuição de proventos referentes a 2023 para R$ 116,2 bilhões.