A alta de 0,5% no volume vendido pelo comércio varejista em setembro ante agosto mais do que recupera a perda de 0,2% vista no mês anterior. Com o movimento, o varejo se estabiliza, mas em trajetória de alta, afirmou Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar das oscilações recentes na série com ajuste sazonal, em relação ao mês imediatamente anterior, o varejo mostrou um único mês com recuo significativo em 2024, que foi o mês de junho (-0,9%). Nos demais meses houve expansão ou estabilidade no volume vendido: janeiro (3,6%), fevereiro (0,7%), março (0,2%), abril (0,8%), maio (1,0%), junho (-0,9%), julho (0,6%), agosto (-0,2%) e setembro (0,5%).
"A tendência é de estabilidade, mas com ângulo positivo", resumiu Santos. "A base (de comparação) alta é evidente, a gente está circundando o nível recorde desde maio", completou.
O pesquisador lembra que fatores conjunturais continuam contribuindo favoravelmente para o desempenho do varejo, como a expansão do emprego, elevação da renda e maiores concessões de crédito.
"Esses fatores estão de alguma maneira impulsionando o varejo, fazendo com que o varejo esteja funcionando próximo ao patamar recorde visto no passado", disse ele.
Após a alta de 0,5% no volume vendido em setembro ante o mês imediatamente anterior, o varejo voltou a operar no patamar recorde que já tinha alcançado em maio de 2024. Já no varejo ampliado - que inclui as atividades de veículos, material de construção e atacado alimentício -, o crescimento de 1,8% em setembro ante agosto fez o nível de vendas atingir novo patamar recorde na série histórica, superando assim o ápice anterior, registrado em agosto de 2012.
Quanto às atividades varejistas, Santos lembra que a expansão do crédito ajudou a aumentar as vendas de veículos, enquanto a valorização do dólar influenciou negativamente a compra de equipamentos de informática. "A questão do dólar tem influência na compra desses equipamentos, que muitas das vezes são importados", explicou.
No mês de setembro, o destaque positivo foi o setor de outros artigos de uso pessoal e doméstico, em trajetória de recuperação após um período negativo em 2023, "com fechamento de lojas físicas, ocorrida por conta da crise contábil de grandes empresas do setor".
Santos lembra, porém, que os dois setores que vêm sustentando o desempenho recorde do varejo são os ramos de farmacêuticos e de supermercados. As vendas das duas atividades alcançaram em setembro patamares recordes na série histórica da pesquisa. A atividade de supermercados responde por mais da metade de todo o varejo, com peso de 55,6% na pesquisa, enquanto a de farmacêuticos responde por um peso de 11,0%.