Reunidos neste terça, 13, em Paris, dezenas de países e organizações internacionais prometeram enviar à Ucrânia US$ 1,1 bilhão (R$ 5,8 bilhões) tanto em dinheiro quanto em produtos como lâmpadas e geradores de energia para que o país se prepare para resistir ao inverno que se aproxima no Hemisfério Norte. A Rússia tem destruído a infraestrutura crítica de energia, deixando milhões de ucranianos no escuro e sem aquecimento, enquanto já enfrentam as baixas temperaturas.
O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, participou da reunião por vídeo e fez um apelo por mais ajuda dizendo que "geradores são tão necessários quanto armamentos". Segundo ele, cerca de 12 milhões de ucranianos - aproximadamente um quarto da população do país antes da invasão - estão vivendo com quedas de energia decorrentes dos bombardeios russos.
Os doadores prometeram enviar desde lâmpadas, geradores e transformadores de energia até assistência com alimentos, água, saúde, transporte e reconstrução. O Ministério das Relações Exteriores da França disse que a ajuda financeira e em espécie deve chegar à Ucrânia durante o inverno, o que é um diferencial de pacotes anteriores criticados por demorarem para chegar. A ajuda inclui US$ 131 milhões (R$ 695 milhões) em assistência da França, que foi a anfitriã do encontro em Paris.
Apoio
Representantes de 24 organizações internacionais e 46 países se reuniram com o objetivo de fornecer ajuda que possa ser mobilizada imediatamente, entre agora e os meses de inverno (de dezembro a março), segundo a ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna. A maioria dos países participantes era do Ocidente, mas a reunião também incluiu nações asiáticas, em um encontro que o presidente francês, Emmanuel Macron, disse ser a prova de que a Ucrânia não está sozinha.
A conferência foi a mais recente de uma série de reuniões internacionais focadas na reconstrução atual e futura da Ucrânia. Na segunda-feira, os líderes do G-7 se reuniram virtualmente para acertar um novo sistema de canalização de fundos para Kiev, e os ministros das Relações Exteriores da União Europeia se reuniram em Bruxelas, prometendo outros US$ 2 bilhões (R$ 10,6 bilhões) para apoio militar. Semanas antes, os EUA prometeram US$ 53 milhões (R$ 280 milhões) para reconstruir a rede elétrica da Ucrânia em uma reunião da Otan em Bucareste.
Desde outubro, depois de sofrer vários reveses no campo de batalha, a Rússia tem bombardeado repetidamente a rede elétrica ucraniana e outras infraestruturas críticas. Ondas sucessivas de mísseis de cruzeiro e drones explosivos destruíram cerca de metade da infraestrutura de energia do país, segundo Kiev.
Geradores
Os ataques se tornam particularmente preocupantes conforme as temperaturas caem, em uma estratégia russa que visa jogar mais refugiados ucranianos para a Europa, acusa Kiev. Zelenski disse que reverter os extensos danos à infraestrutura energética de seu país custaria cerca de US$ 840 milhões (R$ 4,45 bilhões) e previu que a Rússia provavelmente intensificará seus ataques nas próximas semanas.
"Precisamos de transformadores, de equipamentos para restaurar as redes de alta tensão, turbinas de gás. Nosso sistema de energia precisa de uma ajuda de emergência do sistema energético europeu, da importação de energia elétrica de países da União Europeia para a Ucrânia, ao menos até o fim da temporada de calefação", disse Zelenski.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou financiamento para a compra de 30 milhões de lâmpadas que economizam energia que a Ucrânia solicitou para reduzir a pressão em sua rede elétrica.
Em declarações à agência France Presse, o ministro ucraniano da Energia, Guerman Halushchenko, reforçou que suas prioridades são equipamentos de alta tensão, como transformadores, pois, segundo ele, estão entre os alvos mais visados pelos russos em seus ataques.
"Globalmente, precisamos de tudo", disse Yevhen Kaplin, que dirige o Proliska, um grupo humanitário ucraniano que fornece fogões, cobertores e outros tipos de ajuda para as regiões da linha de frente e longe dos campos de batalha.
"Com os ataques de mísseis contra a infraestrutura, não podemos dizer se haverá gás amanhã, nem prever se devemos comprar fogões a gás ou não", disse ele. "Todos os dias o cenário muda." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.