O ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira disse que espera assinar o acordo de livre comércio do Mercosul com a União Europeia "muito em breve". O fim da negociação que se arrasta há duas décadas era esperado para esta semana, durante a Cúpula do Rio de Janeiro, mas a troca de governo na Argentina, marcada para domingo, 10, travou a conclusão.
Em encontro de ministros do bloco sul-americano, o chanceler destacou que o acordo tem "dimensão estratégica inequívoca" para o Mercosul. Nas palavras do ministro, o acordo será um ponto de inflexão na dinâmica econômica das duas regiões.
Por isso, disse Vieira, os dois lados devem ter o tempo necessário de preparação para a abertura comercial. "Especialmente na etapa negociadora mais recente, tivemos o cuidado de ampliar as salvaguardas para a implementação dos compromissos assumidos no acordo", afirmou o ministro.
As negociações se intensificaram nas últimas semanas, em um esforço conjunto para que a conclusão fosse anunciada nesta quinta-feira, 7. Esse cronograma, no entanto, já foi descartado dentro do governo.
Com a conclusão pendente, o governo tem destacado o progresso das discussões com a UE, o acordo com Singapura e expansão do Mercosul com a entrada da Bolívia como resultados obtidos nos seis meses em que o Brasil ocupou a presidência rotativa do bloco dos sul-americanos.
Na mesma linha do vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler afirmou que o acordo com Singapura é "crucial" porque representa uma abertura para o mercado asiático. "O acordo com Singapura abre importantes oportunidades comerciais para nossos produtos", destacou Mauro Vieira.
Tensão Venezuela - Guiana
Antes de chegar à Cúpula, o ministro Mauro Vieira disse à Agência Reuters disse que não vê risco de conflito na disputa entre Venezuela e Guiana pela região do Essequibo. A crise escalou depois que o ditador venezuelano Nicolás Madurou determinou a criação do Estado da Guiana Essequiba e nomeou o general general Alexis Rodríguez Cabello como autoridade da área de 160 mil quilômetros que hoje corresponde a 75% do país vizinho.
A ordem de Maduro segue um plebiscito realizado neste domingo, 3, apesar do protesto da Guiana, e prevê ainda que estatal PDVSA deve distribuir licenças para exploração de petróleo na região do Essequibo.