Economia

Mansueto: Erros nas projeções de PIB decorrem de surpresas que modelos não captam

Estadão Conteúdo
07/02/2024 às 18:34.
Atualizado em 07/02/2024 às 18:41

O economista-chefe do Banco BTG Pactual, Mansueto Almeida, disse que há elemento surpresa na economia que tem levado os economistas a errarem as projeções de crescimento nos últimos três anos e que os modelos econométricos não têm conseguido captar. Uma linha dos analistas defende que decorre da abertura da economia e outra diz que vem dos estímulos fiscais.

Segundo Mansueto, tem um pouco deste crescimento recente que os economistas tentam explicar "ex post", mas para ele isso não está muito claro, da mesma forma que não era muito claro quando o País saiu da crise em 2015 e 2026 e teve uma queda de juro muito grande.

"Em maio de 2016 a Selic era de 14,25% ao ano e a gente terminou 2018, no governo Temer, com ela em 6,5%. Mas ali a economia crescendo muito pouco. Nos anos 2017, 2018 e 2019, já no começo do governo Bolsonaro, a economia rodava em torno de uma média de 1,4% e a gente não sabia o porquê. Entrou a pandemia e a começamos a errar as projeções", disse Mansueto ao participar do segundo dia do "CEO Conference 2024", evento anual do Banco BTG Pactual.

Alguns economistas, segundo ele, dizem que é muito fácil explicar as surpresas de crescimento de quase 3% em 2023 porque teria sido decorrente da agricultura e da expansão fiscal.

"Isso não é verdade porque no início do ano passado a gente colocava no modelo econométrico uma expansão fiscal de R$ 170 bilhões - que não era segredo, era a PEC da Transição - a super safra de grãos e tivemos um crescimento de 0,9%. Então eu duvido que é fácil explicar o crescimento do ano passado porque ninguém conseguia explicar o primeiro semestre", contestou Mansueto, reforçando que há um elemento de surpresa na economia que os modelos não estão conseguindo captar.

Ele diz estar vendo os jornais dizerem que de 1,5% a 1,7% será um crescimento muito ruim para este ano. "Também não concordo porque um crescimento de 1,5%, 1,7% significa que no segundo semestre do ano a economia vai estar com um ritmo de crescimento de em torno de 2,5% e em um cenário de queda de juro, com um crescimento mais disseminado e com recuperação de investimento."

Por isso, de acordo com Mansueto, é preciso ter um pouco mais de cuidado porque está mais difícil entender a economia depois da pandemia.

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